quinta-feira, 30 de agosto de 2018

“Angelus Mortem - Quando Chega a Hora, a Hora Chega”: teatro e dança no Miniauditório


Alguém já viu a cara da morte? Ela parece com quem? Ou com o quê? Tem cor, cheiro? É possível imaginar a morte de inúmeras maneiras. Mas de sua aparência real ninguém jamais deu testemunho. Porque a morte não tem face, não tem uma imagem que a represente. É concebida apenas como uma entidade incorpórea. Sendo assim, por que tanto receio de falar dela e até de pensar na sua existência? Bem, talvez seja exatamente por isso que a morte pareça tão assustadora, pois não tendo aparência real, cada qual inventa uma para si. Mas que ela existe, sim, ela existe, e não há como fugir ou se esconder, pois é o destino inevitável de cada ser vivente. E chega na hora exata.
A morte é um tema que gera silêncio, desconforto. Um assunto que ninguém faz questão de abordar. Mas ela está aí, lado a lado com a existência. Ângelus Mortem não entende essa aversão por uma coisa tão natural e inevitável. Para lidar com isso, ele faz analise. É nas sessões com seu terapeuta que desabafa sua frustração pela forma como é tratado. Ângelus pontua que se deve levar a morte na brincadeira. Afinal, todo mundo nasce pra morrer, sendo assim, encarar a morte como se encara a vida, deveria ser natural. “Vamos abraçar a morte sem preconceito”, diz Ângelus, “você não precisa me amar, apenas me aceite como sou, afinal, quer você queira quer não, estou caminhando ao seu lado todo o tempo, e quando chega a hora, a hora chega”.
Escrito por Marize Zakrzewski, o objetivo do espetáculo é apresentar a morte como um evento natural, tão natural quanto a vida. O assunto é tratado com o devido respeito, de forma leve e bem humorada. Aqui a morte dá testemunho de si mesma. E ela tem rosto, tem personalidade. É uma apreciadora das artes em geral, especialmente a dança, que pratica com talento e competência. É elegante e educada no trato com as pessoas, acompanha suas histórias, e às vezes até se emociona. Claro que a expectativa não é que todos morram de amores pela morte, mas que simpatizem com ela, e, ao menos, lhe deem uma chance de provar que sua existência não é assim tão... fatal.

Sinopse - “A Morte é um Show” é um espetáculo de humor que brinca com a morte. É concebido como um programa de auditório televisionado que se passa no “Além”, a região dos mortos. ou seja, todos que fazem parte do programa, inclusive a plateia, são ex-vivos. O programa é apresentado ao vivo por Angelus Mortem, o Anjo da Morte, uma espécie de Showman/Woman, que se apresenta em três versões: feminino, masculino e transexual, e têm atrações artísticas diversas, como música, dança, convidados, entrevistas, etc. Mas, como a vida, ou melhor, a morte, tem seus altos e baixos, não poderia faltar o conflito, que é gerado por fatores como: uma drástica queda no ibope, um atentado ao vivo contra a Morte e culmina quando Angelus Mortem é acometido (a) de uma crise existencial aliada ao complexo de rejeição e decide paralisar suas atividades como o Anjo da Morte.
O texto de Marize Zakrzewski teve direção de Ronald Pinheiro e um elenco formado por Brígida Menegatti, Inês Drumond, Fernandah Rocha, Dai Nogoceke, Tâmara Cordeiro, Ronnald Pinheiro, Gil Rodrigues, Valmir Azevedo, Juliano Angeli e Paulo Farias.

Indicada para maiores de 16 anos, a peça “Angelus Morten” tem ingressos custando R$ 40,00 e R$ 20,00 (meia) As encenações acontecem até dia 16/9, de quinta a sábado, às 21h; domingo, às 19h. Mais informações: 3315-0808 ou www.diskingressos.com.br.

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