Alguém já viu a cara da morte? Ela parece com
quem? Ou com o quê? Tem cor, cheiro? É possível imaginar a morte de inúmeras
maneiras. Mas de sua aparência real ninguém jamais deu testemunho. Porque a
morte não tem face, não tem uma imagem que a represente. É concebida apenas
como uma entidade incorpórea. Sendo assim, por que tanto receio de falar dela e
até de pensar na sua existência? Bem, talvez seja exatamente por isso que a
morte pareça tão assustadora, pois não tendo aparência real, cada qual inventa
uma para si. Mas que ela existe, sim, ela existe, e não há como fugir ou se
esconder, pois é o destino inevitável de cada ser vivente. E chega na hora
exata.
A morte é um tema que gera silêncio,
desconforto. Um assunto que ninguém faz questão de abordar. Mas ela está aí,
lado a lado com a existência. Ângelus Mortem não entende essa aversão por uma
coisa tão natural e inevitável. Para lidar com isso, ele faz analise. É nas
sessões com seu terapeuta que desabafa sua frustração pela forma como é
tratado. Ângelus pontua que se deve levar a morte na brincadeira. Afinal, todo
mundo nasce pra morrer, sendo assim, encarar a morte como se encara a vida,
deveria ser natural. “Vamos abraçar a morte sem preconceito”, diz Ângelus,
“você não precisa me amar, apenas me aceite como sou, afinal, quer você queira
quer não, estou caminhando ao seu lado todo o tempo, e quando chega a hora, a
hora chega”.
Escrito por Marize Zakrzewski, o objetivo do
espetáculo é apresentar a morte como um evento natural, tão natural quanto a
vida. O assunto é tratado com o devido respeito, de forma leve e bem humorada.
Aqui a morte dá testemunho de si mesma. E ela tem rosto, tem personalidade. É
uma apreciadora das artes em geral, especialmente a dança, que pratica com
talento e competência. É elegante e educada no trato com as pessoas, acompanha
suas histórias, e às vezes até se emociona. Claro que a expectativa não é que
todos morram de amores pela morte, mas que simpatizem com ela, e, ao menos, lhe
deem uma chance de provar que sua existência não é assim tão... fatal.
Sinopse - “A Morte é um Show” é um espetáculo
de humor que brinca com a morte. É concebido como um programa de auditório
televisionado que se passa no “Além”, a região dos mortos. ou seja, todos que
fazem parte do programa, inclusive a plateia, são ex-vivos. O programa é
apresentado ao vivo por Angelus Mortem, o Anjo da Morte, uma espécie de Showman/Woman,
que se apresenta em três versões: feminino, masculino e transexual, e têm
atrações artísticas diversas, como música, dança, convidados, entrevistas, etc.
Mas, como a vida, ou melhor, a morte, tem seus altos e baixos, não poderia
faltar o conflito, que é gerado por fatores como: uma drástica queda no ibope,
um atentado ao vivo contra a Morte e culmina quando Angelus Mortem é acometido
(a) de uma crise existencial aliada ao complexo de rejeição e decide paralisar
suas atividades como o Anjo da Morte.
O texto de Marize Zakrzewski teve direção de
Ronald Pinheiro e um elenco formado por Brígida Menegatti, Inês Drumond,
Fernandah Rocha, Dai Nogoceke, Tâmara Cordeiro, Ronnald Pinheiro, Gil
Rodrigues, Valmir Azevedo, Juliano Angeli e Paulo Farias.
Indicada para maiores de 16 anos, a peça “Angelus
Morten” tem ingressos custando R$ 40,00 e R$ 20,00 (meia) As encenações acontecem até dia 16/9, de quinta a sábado, às 21h; domingo, às 19h. Mais informações:
3315-0808 ou www.diskingressos.com.br.
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