Livremente inspirado na vida do lendário
trompetista norte-americano Chet Henry Baker Jr. (1929-1988), o espetáculo “Chet
Baker, Apenas Um Sopro”, protagonizado pelo músico e ator Paulo Miklos, faz
minitemporada no Guairinha de 12 a 14 de julho. Com direção de José Roberto
Jardim e dramaturgia de Sérgio Roveri, a peça ainda traz no elenco Anna Toledo,
Jonathas Joba, Piero Damiani e Ladislau Kardos.
O ponto de partida para a trama é um episódio
real ocorrido na vida do músico. No fim da década de 60, ele foi violentamente
espancado em uma rua de São Francisco. A agressão, que teria sido motivada por
dívidas com traficantes, produziu no trompetista um efeito devastador: ele teve
os lábios rachados e perdeu alguns dentes superiores, sendo obrigado a
interromper a carreira até se recuperar dos ferimentos.
A peça sobre Chet Baker mostra a primeira
sessão de gravação do músico após o acidente. Ele está inseguro e arredio – e
seus quatro companheiros de estúdio (um contrabaixista, um baterista, um
pianista e uma cantora) parecem estar ainda mais. Todos foram reunidos por um
produtor que, por ser amigo e admirador de Chet, acredita que ele está pronto
para voltar à ativa.
“Um
espetáculo que contém muita música e drama, exatamente como a vida do nosso
retratado: Chet Baker. Um artista brilhante, um talento natural, aprisionado
pela droga e pela autocomplacência. Chet é um dos meus ídolos, muitos deles
morreram ainda mais jovens. Respiraram música acima da vida. ‘Chet Baker,
Apenas um Sopro’, é um grande presente que eu recebi”, comenta o músico e
ator Paulo Miklos.
A peça, que transcorre ao longo de uma tarde e
o início de noite, mostra a convivência complicada, dolorida e ao mesmo tempo
solidária entre os músicos.
A ENCENAÇÃO - A peça se passa dentro de um estúdio de
gravação, o cenário é assinado pelo Grupo Academia de Palhaços, figurinos
exclusivos, especialmente criados para o espetáculo, pelo estilista João
Pimenta, iluminação de Aline Santini e direção musical de Piero Damiani.
“Estou
buscando mais do que um espetáculo, uma experimentação músico-narrativa. Tanto
que o espaço em cena é o estúdio de música que funciona de forma real, com seus
instrumentos e aparelhos sendo usados e acionados pelos próprios atores, tudo
sem a utilização de trilha gravada. O que ouvimos, sendo da voz ou dos
instrumentos deles, vem sempre da área de atuação. Tudo é ao vivo. Mesmo
princípio busquei para a nossa iluminação, as luzes não estão nas varas ou
refletores do teatro, elas são integradas ao cenário-estúdio. Por esse motivo,
embarquei em outra zona de risco como diretor, trazendo à cena apenas atores
que tivessem ligação direta com o universo da música”, explica o diretor
José Roberto Jardim.
SOBRE CHET BAKER - Ícone do jazz mundial, cool, cult, símbolo
sexual – rótulos são insuficientes para definir Chet Baker. Filho único, mimado
pela mãe e brutalizado por um pai alcoólatra, o músico alcançou a fama muito
cedo. Em 1952, aos 21 anos, era convidado a tocar com o mestre Charlie Parker.
No ano seguinte, seria eleito o melhor trompetista de jazz em atividade.
Autodidata, Chet começou a tocar aos 13 anos,
em Los Angeles, quando ganhou um trompete de presente do pai. Ao longo da
carreira, dividiu o palco e os estúdios de gravação com gigantes do porte de
Charlie Parker, Stan Getz e Gerry Mulligan
Casado três vezes, teve 4 filhos e muitas
amantes, mas suas verdadeiras paixões eram a música e a heroína. O vício fez
com que Chet vivesse mais de 30 anos em função da droga, desde o auge da
carreira, quando sua beleza romântica fascinava multidões, até os últimos dias
de vida, quando caiu do segundo andar de um hotel em Amsterdam, em 13 de maio
de 1988.
O homem que, ao surgir no jazz dos anos 50,
encarnou o ideal de sua geração: o jovem de romântica beleza que, com seu
trompete e sua voz, transmitia um inconformismo e confronto em surdina com os
valores vigentes – um ameaçador “não estar nem aí” que era o epítome do que
significava ser cool.
Em toda parte, inclusive no Brasil, outros
jovens foram afetados pela música de Chet Baker. E não apenas por ela. Suas
fotos em preto e branco na capa dos LPs influenciaram o jeito de vestir, de
olhar e de se expressar, ao mesmo tempo em que inspiravam desejos proibidos em
mulheres e homens.
À sua maneira, Chet Baker era Rimbaud, James
Dean e Elvis Presley, todos ao mesmo tempo. O homem que imortalizou a música
“My Funny Valentine”, era uma espécie de anjo e demônio; gravou mais de 150
discos.
Indicado para maiores de 14 anos, “Chet Baker, Apenas um Sopro” tem
encenações na sexta-feira e sábado, às 21h e domingo, às 19h. Os ingressos custam R$ 80,00 e R$ 40,00 (meia).
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