Os jogos eletrônicos fazem parte da vida da
maioria dos brasileiros, realidade comprovada pela 6ª edição da Pesquisa Game
Brasil (PGS): 66,3% dos brasileiros fazem uso desses jogos. Seja no celular,
videogames ou computadores, jovens e adultos têm buscado cada vez mais os games
como forma de entretenimento. Assim como aumenta a procura e o consumo, cresce
também o mercado de jogos eletrônicos nas cinco regiões do país, conforme o 2º
Censo da Indústria Brasileira de Jogos Digitais. De 2013 a 2018, o número de
estúdios de desenvolvimento de games passou de 142 para 375. No Paraná são 30
estúdios de criação de games (formalizados e não formalizados).
Com foco nesse cenário, o Governo do Paraná,
por meio da Superintendência da Cultura, decidiu fomentar esse mercado, destinando
uma categoria específica ao desenvolvimento de games no Edital de Produção e
Desenvolvimento de Obras Audiovisuais, com inscrições abertas até 29 de julho
de 2019. São R$ 10 milhões para a produção de curtas e longas-metragens,
telefilmes, desenvolvimento de projetos, além dos jogos eletrônicos.
“Incluímos a tipologia de jogos eletrônicos
de forma experimental, como um projeto piloto, e estamos confiantes em receber
muitos projetos nessa categoria. Para esse primeiro edital que contempla os
jogos, teremos dois projetos selecionados e um aporte no valor de R$ 250 mil.
Era um desejo da própria Ancine em investir nessa tipologia”, comenta a
coordenadora de Ação Cultural e Economia Criativa (CACEC) da Superintendência
da Cultura, responsável pelo edital, Mariana Bernal.
A categoria de jogos eletrônicos tem por
finalidade a produção de um jogo eletrônico para exploração comercial em
consoles (videogames), computadores ou dispositivos móveis (celulares e
tablets). Uma das exigências do edital é que o conteúdo audiovisual interativo
deve ser inédito e, de preferência, abordar a temática paranaense, seja no
argumento, enredo, trama, ideia preponderante ou contexto relacionado a
diferentes aspectos da história, da cultura e da vida. O prazo de conclusão é
de 24 meses a partir do recebimento dos recursos.
MERCADO DE JOGOS - A professora do curso de Design da
Universidade Positivo Michele Aguiar desenvolveu sua pesquisa de mestrado e
doutorado na área de jogos educacionais e conhece a realidade do mercado. “Em 2016 fiz um levantamento que identificava
uma involução. Na mesma medida que abriam várias empresas, fechavam outras
tantas. E a maioria desses estúdios vive à base de editais. Se tem baixa oferta
de edital não tem como sobreviver”. Por esse motivo, ressalta Michele, “todo edital de incentivo é válido”. A
professora foi uma das profissionais que auxiliou a equipe da CAC na elaboração
dos critérios para a tipologia de jogos digitais dentro do edital.
Proprietário da desenvolvedora de jogos digitais
Oction, sediada em Curitiba, Alessandro Barleze trabalha há 13 anos com
desenvolvimento de jogos no Brasil e no exterior e defende mais investimento na
área para tornar sustentáveis as empresas que abrem no país. “É comum as empresas não atingirem faturamento
acima de R$ 200 mil. Muitas não alcançam nem R$ 20 mil por ano. São
profissionais muito técnicos que se unem e criam uma empresa, mas que não têm
experiência de mercado”, relata, e defende: “é muito importante ter mecanismos de fomento como editais de produção
voltados ao setor”.
Segundo Barleze, a projeção de faturamento do
mercado de jogos de entretenimento no Brasil é de U$ 4,3 bilhões (cerca de R$
17 bilhões) para 2019. Apesar disso, o profissional que atua na área ganha, no
país, em média R$ 3 mil por mês. Nos Estados Unidos, por exemplo, o
profissional recebe entre US$ 8 mil a US$ 15 mil (cerca de R$ 32 mil a R$ 60
mil).
No 2º Censo da Indústria Brasileira de Jogos
Digitais, de 2018, o Paraná aparece como o 4º estado que mais sedia empresas
desenvolvedoras de jogos digitais, com 30 no total, sendo 22 formalizadas e
oito não formalizadas. O mesmo documento traz um diretório dessas empresas por
estado. Das 11 citadas no Paraná, cinco delas são de Curitiba, mas as outras
seis estão espalhadas pelo interior, em Londrina (2), Cianorte (1), Cornélio
Procópio (1), Francisco Beltrão (1) e Mamborê (1). Em comparação com o 1º Censo
da Indústria Brasileira de Jogos Digitais, realizado em 2014, o Paraná teve um
crescimento de mais de 200% entre as empresas formalizadas.
INSCRIÇÕES - Podem concorrer pessoas jurídicas com fins
lucrativos, classificadas na Ancine como agentes econômicos independentes,
devidamente registradas no Estado do Paraná há pelo menos 12 meses, a contar da
data de lançamento do edital (10/06).
Todo o processo de inscrição, habilitação,
mérito e acompanhamento é feito de forma online pelo sistema SisProfice. O
edital completo e as inscrições estão disponíveis no site www.cultura.pr.gov.br.
REALIZAÇÃO - O edital é uma realização da Secretaria de
Estado da Comunicação Social e da Cultura (SECC), por meio da Superintendência
da Cultura, em parceria com a Agência Nacional de Cinema (ANCINE). O recurso é
parte do orçamento da pasta com complementação da Ancine, por meio do Fundo
Setorial do Audiovisual (FSA) – Programa de Apoio ao Desenvolvimento do
Audiovisual Brasileiro (PRODAV).
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