O Museu de Arte Contemporânea do Paraná
(MAC-PR) recebe, a partir desta quinta-feira (18), o projeto "Ero Ere: Negras
Conexões", exposição que reúne trabalhos do coletivo homônimo formado por
artistas visuais negras residentes em Curitiba: Claudia Lara, Eliana Brasil,
Fernanda Castro, Kênia Coqueiro, Lana Furtado, Lourdes Duarte e Walkyria
Novais. A abertura será às 19 horas no MAC no MON - sala 8 (durante a reforma
da sede, o museu está funcionando nas dependências do Museu Oscar Niemeyer).
A mostra é uma celebração ao Dia da Mulher
Negra e Caribenha (comemorado em 25 de julho) e abre a programação do Movimenta
Preta, ação da Secretaria da Comunicação Social e da Cultura e da Secretaria da
Justiça, Família e Trabalho, com shows, homenagem e bate-papos.
Na inauguração de "Ero Ere", haverá
performance da artista Eliana Brasil, às 20h. A entrada na abertura é franca e
a ação tem apoio do Conselho da Promoção de Igualdade Racial (Consepir).
Além da exposição com, em média, 30 trabalhos
(muitos deles de arte têxtil, parte da pesquisa das artistas), vão ocorrer
vários eventos ao longo do período da mostra, como oficinas de criação,
mesa-redonda com as artistas e palestra com a doutora em Psicologia Clínica
Priscila Frehse.
Formado em 2018, o Coletivo Ero Ere (que em
yorubá significa "salve a gameleira", árvore de raízes fortes,
símbolo religioso de matriz afro-brasileira) surgiu a partir de uma pesquisa de
Eliana (que está terminando sua graduação em Artes Visuais na UFPR) sobre a
presença de artistas negras contemporâneas em Curitiba. "Fui buscar referências, exposições e não
encontrei. Foi quando conheci a Claudia Lara, que já tem um trabalho
reconhecido e premiado, mas não tinha nenhum lugar mencionando isso. Então
revolvemos criar o coletivo a partir dessa invisibilidade, para promover o
nosso trabalho e uma discussão da importância da presença dessa produção",
frisa a artista.
Em sua performance, chamada de "Carne
Nobre", Eliana fará uma releitura da música "A Carne", da
cantora Elza Soares. "É
ressignificar o que diz essa letra, trazer esse corpo negro para uma reflexão
sobre a representação dessa população que veio ao Brasil a força, foi
escravizada e aqui perderam sua identidade, viraram uma massa única, sem
memória", explica.
CURADORIA - Essa é a segunda mostra do Coletivo Ero Ere -
a primeira foi realizada no ano passado, em Novembro, Mês da Consciência Negra,
em espaços como Museu Paranaense e Secretaria de Educação. Porém, a mostra no
MAC-PR é a primeira do grupo com um curador; foram as artistas que chamaram o
pesquisador e professor Emanuel Monteiro para seleção dos trabalhos (ele estuda
a produção de artistas negros no sul do país). "É uma exposição coletiva
com diferentes pesquisas de artistas, pesquisas não lineares", diz
Monteiro, que destaca ainda a força da arte têxtil na produção do coletivo.
Eliana, por exemplo, vai apresentar o trabalho "Ciclo contínuo", em
crochê, mas trabalha também com pintura tradicional. Fotografias, esculturas,
estandartes e livros de artista também farão parte da mostra.
Para a diretora do MAC-PR, Ana Rocha, "Ero
Ere: negras conexões" dá continuidade a um processo de autocrítica que vem
ocorrendo na programação do museu em 2019. "Queremos olhar para a constituição do nosso acervo e para as histórias
que podemos contar a partir dessas obras. Além disso, destacar a produção de
artistas e curadoras mulheres, valorizar a cultura africana e, principalmente,
as mulheres negras".
PROGRAMAÇÃO
24/07: Oficina de criação com Lourdes Duarte;
realização de trabalhos com crochê, costura e bordado. Das 14h às 17 horas.
Vagas: 20 (por ordem de chegada). Local: Sala 8. Idade mínima: 12 anos
(acompanhado de responsável).
26/07: Conversas com artistas. Mesa-redonda com
as artistas Claudia Lara, Eliana Brasil, Fernanda Castro, Kênia Coqueiro, Lana
Furtado, Lourdes Duarte e Walkyria Novais, com o curador Emanuel Monteiro e com
Juliana Chagas da Silva Mittelbach, da Secretaria Geral do Conselho Estadual de
Promoção e Igualdade Racial (CONSEPIR). Das
15 às 17 horas. Local: Mini-auditório do MON.
31/07: Oficina de Bonecas Abayomis com Kênia
Coqueiro; confecção de bonecas Abayomis para promover reflexão e
conscientização em adultos e, por meio da ludicidade, educar crianças para
relações étnico-raciais positivas. Das 14h às 17 horas. Vagas: 20 (por ordem de
chegada). Local: Sala 8. Idade mínima: 7 anos (acompanhado de responsável).
07/08: Oficina "Entre agulhas, pontos e
afetos: o crochê como objeto de memória", com Eliana Brasil (do Coletivo
Ero Ere). A artista apresentará técnicas básicas do crochê como alternativa de
troca de saberes, memórias e afetos. Das
14h às 17h. Vagas: 20 ( por ordem de chegada). Local: Sala 8.
10/08: Palestra "Nós entre mulheres:
bordas e bordados", com Priscila Frehse, Psicanalista, Doutora em
Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo e Mestre em Letras pela
Universidade Federal do Paraná (UFPR). Priscila fará uma conexão entre a
psicanálise e a criação das artistas.
Das 15h às 17 horas. Vagas: 30 pessoas (por ordem de chegada). Local:
Sala 8.
A exposição fica em cartaz até 11 de agosto e pode ser visitada de
terça-feira a domingo, das 10h às 18 horas. Os ingressos custam R$ 20,00 e R$
10,00 (meia-entrada). Às quartas-feiras a entrada é gratuita.
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