O cinema nacional vai fechar 2013 com
115 filmes lançados. É um número a que não se chega desde a chamada retomada,
há duas décadas - a média em geral fica em 80 títulos anuais. O resultado se
credita não só a blockbusters, como Minha Mãe é Uma Peça (com 4,5 milhões de
espectadores) e Vai Que Dá Certo (2,7 milhões), mas também aos chamados filmes
médios, com público entre 100 mil e 500 mil pessoas, caso de A Busca (351 mil)
e Cine Holliúdy (450 mil).
A porção do mercado alcançada pelas
produções brasileiras está em 18,8%, quando no mesmo período de 2012 era de 8%
(o ano acabou fechando em com 10,6% de market share). A renda superou R$ 240
milhões, ou seja, mais do que dobrou em relação ao ano passado, computada em R$
100 milhões.
"É um ano de consolidação do
cinema brasileiro. Caso não aconteça nada de grave, esse cenário tende a
permanecer e mesmo crescer", analisa Paulo Sérgio Almeida, diretor do
Filme B, portal especializado no mercado de cinema no Brasil, que compilou os
dados.
Dos oito longas nacionais mais vistos
do ano, cinco são comédias - encabeçadas por De Pernas Pro Ar 2, que estreou em
dezembro de 2012 e foi assistida por 4,7 milhões de pessoas.
A forte presença dos novos nomes do
humor, como Paulo Gustavo, Fábio Porchat, Gregório Duvivier e Bruno Mazzeo, nas
telas da TV e do computador e também nos teatros, indicam que ainda há sucessos
por vir.
"Não acho que 2013 seja um ano
atípico. O ingresso da classe C foi determinante. O público está cada vez mais
receptivo ao cinema brasileiro, em especial às comédias. Mas acho que daqui a
pouco isso acaba, porque é algo muito limitado. Cinema é muito mais do que
comédia, no mundo todo a comédia é só mais um gênero", analisa Antonio
Carlos Fontoura.
Diretor de Faroeste Caboclo, Fontoura
furou o bloco do riso e chegou em sexto lugar no ranking, com 1,5 milhão de
ingressos vendidos, atrás de Somos Tão Jovens (1,7 milhão). Ele mesmo trabalha
no momento numa comédia: está começando a captar para Radical Chic, versão
cinematográfica do personagem de Miguel Paiva.
Em atividade há quase 50 anos, o
diretor não tem uma bilheteria tão expressiva desde os anos 60/70, quando
lançou Copacabana Me Engana (1968) e A Rainha Diaba (1974). "Agora o
mercado é muito mais difícil. Eu estreei com 400 cópias junto com o Homem de
Ferro 3, que tinha mil".
Paulo Sérgio Almeida destaca o papel
importante dos filmes médios nesse bom momento. "Foram 15 filmes médios
nesse ano; em 2012, não tivemos isso. Não estamos mais naqueles extremos: ou
blockbuster, ou filme de público muito reduzido. O cinema brasileiro se
aproxima de uma fase de pré-indústria, ou seja, começa a se olhar a longo
prazo. Glauber dizia que filme bom é aquele
que tem data marcada para estrear. Para 2014 já existem 35 filmes com data, o
que significa que há interesse dos distribuidores e exibidores".
Para Roberto Santucci Filho, mirar no
filme médio é estratégico. Diretor de De Pernas pro Ar 2, ele lançou em junho Odeio o Dia dos
Namorados, que levou 460 mil pessoas aos cinemas. "O arrasa-quarteirão nos
dá moral diante dos filmes americanos, mas eu quero fazer o filme médio também.
Esses resultados trazem muito otimismo para continuar fazendo cinema brasileiro
como um todo, e não só comédia", diz Santucci, que em 2012 chegou ao
primeiro lugar nas bilheterias nacionais com Até Que a Sorte Nos Separe, que
fez 3,3 milhões de pagantes. (Estado de S.Paulo)
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