A Fundação Cultural de Curitiba promove
nesta quinta-feira (15) mais uma sessão de autógrafos do livro “Os Sais da
Lembrança”, do cineasta carioca Luiz Carlos Lacerda, que dirigiu uma extensa
lista de filmes, entre eles, “Leila Diniz” (1987), um dos mais marcantes de sua
carreira. O encontro acontece a partir da 19h, na Cinemateca de Curitiba.
O cineasta tem percorrido as capitais
para divulgar o livro, o primeiro inteiramente de sua autoria. A obra, com selo
da Giostri Editora, reúne poemas inéditos e outros publicados em coletâneas e
antologias, datados do final da década de 1960 em diante. “Procurei reuni-los
sob o critério de uma certa unidade poética e de estilo, e que retratam fases
distintas da minha vida, quase como um
memorial, motivo pelo qual intitulei o livro como ‘Os Sais da Lembrança’ – o
tempero que alimentou a minha vida nesse meio século de poesia”, diz Luiz
Carlos (ou Bigode, como é mais conhecido no meio artístico).
A relação de Luiz Carlos Lacerda com a
poesia é tão antiga quanto o cinema. Bisneto e neto de poetas, cultivou desde
cedo o gosto pela literatura e foi incentivado pelo poeta Cláudio Murilo Leal,
seu professor, a publicar os seus primeiros poemas. Mais tarde, o poeta Walmir
Ayala também selecionou suas poesias, já marcadas pela sua militância política,
para diversas antologias.
A dedicação ao cinema brasileiro, como
diretor e produtor, afastou-o, em termos, da literatura. A poesia passou a ser
incorporada a essa nova expressão, representada em filmes como “O Sereno
Desespero” (com a poesia de Cecília Meireilles), “Nós Gostávamos Tanto Dele”
(inspirado na poesia de Walmir Ayala), “O Homem e sua Hora” (baseado na obra de
Mário Faustino), “A Morte de Narciso” (poesia de Lezama Lima), “O Enfeitiçado”,
“Mãos Vazias” e “A Mulher de Longe” (obras de Lucio Cardoso).
Muitos dos seus poemas foram escritos
na década de 1970, quando, em meio a outros artistas e intelectuais, participou
do movimento de resistência à ditadura. Foi perseguido, teve que viver na
clandestinidade e sofreu o arbítrio do regime de exceção. Luiz Carlos fez um
retrato daquele período no filme “Casa 9” , produção de 2011, sobre o endereço que
dividiu com o compositor Jards Macalé, nos anos 70. O local ficou conhecido
como uma trincheira da criação durante os anos da ditadura, servindo como ponto
de encontro de personalidades e artistas da época. O filme foi exibido no
último domingo, no lançamento do livro.
Carreira - Cineasta, roteirista e
produtor, Luiz Carlos Lacerda ficou consagrado pelo filme “Leila Diniz”, sobre
um dos maiores ícones femininos do país. Começou sua carreira aos 19 anos, como
assistente de direção de Ruy Santos e depois de Nelson Pereira dos Santos. Na
área da produção, participou de “Chuvas de Verão” (1978), de Carlos Diegues,
“Eu Te Amo” (1981), de Arnaldo Jabor, e “O Homem da Capa Preta” (1986), de
Sérgio Rezende, entre outros. Estreou na direção com uma adaptação do romance
homônimo de Lucio Cardoso, “Mãos Vazias” (1971).
Luiz Carlos também fez filmes
publicitários, produziu seriados e novelas para a Rede Globo. Roteirizou e
dirigiu cerca de 30 curtas-metragens e vídeos, todos sobre temas ou
personalidades da cultura brasileira, como Lúcio Cardoso, Cecília Meirelles,
Antonio Parreiras, Barão de Itararé, entre outros. Entre 1992 e 1993, foi
professor da Escuela Internacional de Cine e TV de San Antonio de Los Baños
(Cuba).
Atualmente, em parceria com o fotógrafo
e câmera Alisson Prodlik, realiza a série “Interior/Dia”, sobre cultura
popular, para o Canal Brasil/Globosat, que será exibida no segundo semestre
deste ano. Também trabalha no roteiro de seu próximo longa, “Introdução à
Música do Sangue”, com argumento do escritor Lucio Cardoso. Luiz Carlos orienta
há 17 anos oficinas de realização nos festivais de cinema de Tiradentes e Ouro
Preto, testemunhando o empenho e a paixão da juventude pelo cinema brasileiro,
o que, segundo ele, lhe dá “imensa satisfação”.
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