Depois do retorno da estátua de
Tiradentes à praça que leva o mesmo nome, no Centro de Curitiba, agora outra
obra de João Turin foi devolvida, devidamente restaurada, ao local de onde foi
retirada. A estátua é a onça batizada de “Luar do Sertão”, que fica na
rotatória no final da Av. Cândido de Abreu, próxima ao Palácio 29 de Março. A
recolocação foi feita na sexta-feira (2) por equipes do Atelier João Turin e da
Fundação Cultural de Curitiba, que estão restaurando uma série de obras do
artista paranaense.
Os trabalhos de restauração e confecção
de moldes foram iniciados no Atelier há cerca de dois anos, depois que os
direitos sobre o acervo do escultor foram comprados pelo colecionador
curitibano Samuel Ferrari Lago. Foi realizado um levantamento do acervo e, após
negociações entre a família Lago, o poder público e descendentes de Turin, o
projeto foi viabilizado.
"É um trabalho longo que exige bom
conhecimento. A onça tinha defeitos da época da sua primeira fundição, e agora
foi totalmente restaurada. O importante é resgatar e mostrar ao mundo a obra de
João Turin", afirmou o escultor Elvo Benito Damo.
O presidente da FCC, Marcos Cordiolli,
voltou a parabenizar a equipe do Atelier. "Reconhecemos o imprescindível
trabalho que estão fazendo pela preservação e difusão da obra de João Turin”,
diz Cordiolli. Sobrinha-neta do artista paranaense, Miriam Bonie Turin
acompanhou a recolocação e disse estar "muito feliz, satisfeita e grata a
todos envolvidos" nos trabalhos de restauração.
O gestor do projeto de restauração das
obras de Turin, Maurício Appel, afirmou que a obra Luar do Sertão tinha mais de
50 pontos que necessitavam de restauro. A cauda da onça, por exemplo, estava
prestes a se romper. "A estátua vinha tomando sol do mesmo lado durante 40
anos, dilatando e contraindo a cada dia". Segundo Appel, o retorno da onça
ao local é simbólico, já que Turin é considerado o mais importante escultor
animalista brasileiro.
É a primeira vez que uma restauração
ponta-a-ponta da obra de um artista é realizada no Brasil. O trabalho chamou a
atenção até do Ministério da Cultura, que está acompanhando o processo, pelo
interesse museológico. A próxima obra a
ser devolvida é a águia que faz companhia a Rui Barbosa na Praça Santos Andrade.
A recolocação deve acontecer em junho.
A obra - Turin teve sua fase de tigres.
Para os trabalhos, se inspirava em gatos e nos felinos do Passeio Público. Já
que os animais dormiam a maior parte do dia, o artista, em idade já avançada,
passou a ir ao parque à noite: comprava carne no açougue Garmatter e negociava
para conseguir iluminação melhor. “Foi um inferno, sem contar com a chuva, a
garoa, a lama, o frio, pois a gente não é mais criança e não aguenta bem”,
declarou na época. Mas o esforço compensou: a onça rendeu muitos prêmios e
homenagens a Turin.
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