Curitiba é a capital com maior
incidência do uso de produtos derivados do tabaco – sem considerar o cigarro –
entre adolescentes. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE),
divulgada no ano passado pelo IBGE, 14,4% dos estudantes de Curitiba afirmaram
ter usado algum produto derivado do tabaco, especialmente o narguilé, nos 30
dias anteriores à pesquisa. O índice é três vezes maior que a média nacional,
que foi de 4,8%. O assunto é um dos temas da campanha do Ministério da Saúde
para o Dia Nacional de Combate ao Fumo, que acontece na próxima quinta-feira,
29 de agosto, e em Curitiba terá ações de conscientização na Boca Maldita.
O narguilé apareceu em destaque na
pesquisa: foi citado por 93% dos adolescentes, que listaram ainda produtos como
cigarrilha, charuto, cachimbo e outros. De origem oriental, o narguilé é um
grande cachimbo composto de um fornilho, onde o fumo é queimado, um recipiente
com água perfumada e um tubo, por onde a fumaça é aspirada por várias pessoas
que compartilham uma sessão.
A médica Cláudia Weingaertner Palm,
coordenadora do Programa de Controle do Tabagismo da Secretaria Municipal da
Saúde, diz que o uso do narguilé em Curitiba vem crescendo nos últimos anos,
principalmente entre os adolescentes, que ignoram os riscos à saúde ocasionados
por esse tipo de produto. Segundo ela, uma sessão de narguilé equivale ao
consumo de cem cigarros. Isso porque expõe o fumante à inalação de fumaça, sem
nenhum tipo de filtro, por um período muito superior ao do consumo de um
cigarro.
“Ao contrário do que a maioria das
pessoas imagina, assim como os outros produtos derivados do tabaco, o narguilé
contém nicotina e as mesmas substâncias tóxicas do cigarro convencional. E a
fumaça do narguilé tem quantidades superiores de nicotina, monóxido de carbono,
metais pesados e substâncias cancerígenas do que as contidas na fumaça do
cigarro”, explica.
Claudia diz que o aspecto visual, os
aditivos aromáticos e ainda o papel de socialização são fatores que contribuem
para popularizar o uso do narguilé entre os adolescentes e jovens. “Mas, assim
como acontece com o cigarro, o narguilé e outros produtos provenientes do
tabaco não podem ser vendidos para menores de idade”, enfatiza.
A PeNSE foi realizada entre abril e
setembro de 2012 pelo IBGE, com o apoio dos Ministérios da Saúde e da Educação.
Em Curitiba, a pesquisa foi realizada com 2.153 alunos de 43 escolas públicas e
particulares.
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