Sons que ficam gravados nas nossas
lembranças, evocando momentos importantes, mas que às vezes não reproduzem
completamente uma música, inspiraram o concerto Contrastes na Memória, que a
Orquestra de Câmara de Curitiba apresenta neste fim de semana, sob o comando do
trombonista e maestro alemão Stefan Geiger, especialmente convidado para a
ocasião.
As apresentações acontecem às 20h de
sexta-feira (13), na Congregação Evangélica Luterana São João, e às 18h30 de
sábado (14), na Capela Santa Maria Espaço Cultural. O espetáculo, que faz parte
da temporada 2013 de concertos patrocinada pelo Ministério da Cultura e pela
Volvo, reúne composições do estoniano Arvo Pärt (1935), do russo Dmitri
Schostakovich (1906 - 1975), do norte-americano Samuel Barber (1910 - 1981) e
do italiano Nino Rota (1911 - 1979). As obras integram trilhas sonoras de
filmes famosos, instigando o ouvinte com músicas que vão da chamada “música
nova”, passando por extremo lirismo e também por peças de grande tensão, que
descrevem guerras e conflitos.
Completa a programação a palestra do
compositor e arranjador paranaense Marco Aurélio Koentopp, que acontece às
17h45 de sábado (14), antecedendo a apresentação na Capela Santa Maria. Mestre
em Música pela Universidade Federal do Paraná, Koentopp atualmente é professor
da Escola de Música e Belas Artes do Paraná, além de coordenador do Curso
Superior de Composição e Regência daquela instituição. A iniciativa de
acrescentar às performances da Camerata Antiqua de Curitiba e seus grupos -
Orquestra de Câmara e Coro da Camerata – comentários de especialistas tem por
objetivo permitir uma melhor apreciação do programa, revelando ao público
detalhes da produção de grandes compositores.
O regente – Com formação musical
iniciada em seu país natal e aperfeiçoada na França e nos Estados Unidos,
Stefan Geiger venceu vários concursos internacionais de trombone, instrumento
do qual é professor na Universidade de Música e Teatro de Hamburgo (Alemanha),
além de ser trombone solo da Orquestra Sinfônica de Hamburgo.
A predileção de Geiger pela chamada
“música nova” resultou em gravações dos chamados “clássicos modernos”, com
obras de Unsuk Chin, Georg Katzer, Poul Rouders e Per Norgard, sendo que seus
compromissos já o levaram até a China, com elogiadas performances. Entre as
orquestras que regeu figuram a Filarmônica de Bremen e a do Festival
Schleswig-Holstein, ambas da Alemanha.
Programa – O repertório preparado por
Stefan Geiger promete despertar a emoção da plateia, levando ao público
composições do estoniano Pärt, do russo Schostakovich, do norte-americano
Barber e do italiano Rota, permitindo a apreciação da totalidade de obras das
quais muitos só guardam pequenos trechos.
“Cantus
in Memoriam Benjamin Britten”, escrito em 1977 pelo estoniano Arvo Pärt para
orquestra de cordas e sinos, abre o concerto, mostrando o estilo minimalista do
compositor que criou a técnica "tintinnabuli" (termo derivado do
latim tintinnabulum, que significa sino). A Orquestra de Câmara utilizará
percussão com vários sinos nessa obra que é uma homenagem ao compositor inglês
Benjamin Britten, revelando a ligação de Pärt com a música antiga e o apelo do
tintinnabulum, tendo um único motivo melódico dominante, começando e terminando
com silêncio e repetições hipnóticas. Devido à sensação evocativa e
cinematográfica, a composição tem sido amplamente utilizada como trilha sonora
de filmes e documentários.
“Sinfonia
de Câmara Opus 110 A ”,
de Dmitri Schostakovich, um dos mais célebres compositores do século 20, dá
sequência ao programa, com movimentos variados, que iniciam com um sombrio tema
de quatro notas, passando par um palpitante folclore judeu, depois uma valsa
satírica como uma obra cigana, até culminar com o que tem sido descrito como um
zumbido de aviões e o forte barulho de tiros, terminando como um suspiro.
De Samuel Barber foi escolhido seu
trabalho mais conhecido, “Adágio Para Cordas Opus 11” , que integrou a trilha do
filme “Platoon” (1986), de Oliver Stone, sobre a guerra do Vietnam.
Anteriormente, a obra já havia sido usada no filme “O Homem Elefante” (1980),
de David Lynch, e, mais recentemente, em “O Óleo de Lorenzo” (1992), de George
Miller, e “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” (2001), de Jean-Pierre Jeunet.
“Concerto
per Archi” (Concerto para cordas), de Giovanni Rota Rinaldi, mais conhecido
como Nino Rota, célebre por suas composições executadas no cinema, encerra o
espetáculo, destacando-se pela originalidade, que leva o ouvinte a pensar que a
música foi escrita como um comentário a pinturas e cenas. Composta em 1964, a obra tem uma
linguagem do século 19, embora Rota conhecesse bem o vanguardismo.
A apresentação da Orquestra de Câmara
de Curitiba da sexta-feira (13), acontece às 20h na Congregação Evangélica
Luterana São João (rua Raggi Izar, 528, Vila Hauer), com entrada franca; a de sábado
(14), acontece às 18h30, na Capela Santa Maria – Espaço Cultural (rua
Conselheiro Laurindo, 273, Centro). Para esta, os ingressos custam R$ 30,00 e
R$ 15,00 (meia-entrada).
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