(ABr) - O escritor e jornalista Zuenir
Ventura disse que já procurou entender, mas não chegou a uma conclusão sobre o
crescimento do interesse dos jovens pela leitura. Ao visitar estande da
Submarino, loja virtual de venda de livros, na 16ª Bienal do Livro, no
Riocentro, ele acrescentou que a explicação pode estar na evolução da
literatura de entretenimento, por meio da qual os adolescentes começam a se
interessar pela literatura.
"As escolas, no meu tempo, não
entendiam assim e transformavam a leitura em um dever. Aí ficava uma coisa
chata. Quando se revela para a criança e o jovem que a leitura é um prazer, um
gozo, uma coisa gostosa de fazer, eles não têm como resistir. É botar na cabeça
dos professores e dos pais que a leitura tem que ser um prazer e não um
dever", comentou à Agência Brasil.
O escritor não concorda com opiniões de
que o uso da internet provocará o fim dos livros. "Reclamava-se tanto que
os jovens não leem e aí se descobre que os jovens estão lendo. Achava-se que a
internet ia acabar com a leitura, ao contrário, acho que nunca se leu tanto e
se escreveu tanto quanto agora", analisou.
Zuenir disse que o temor com a internet
é uma visão "apocalíptica" que não tem o menor sentido. "Eu tiro
um pouco pela minha casa. A minha neta de 4 anos gosta muito de ler, gosta de
tecnologia, de iPed e me ensina. Não há incompatibilidade entre a tecnologia e
a leitura. Acho que são complementares. Na verdade, essa história de que vai
acabar o livro ou o jornal, as pessoas que dizem isso, acabaram antes. Acho
que, na verdade, há uma convivência e não um antagonismo. Há uma convergência e
acredito na leitura", explicou.
O autor elogiou o fato de escolas
levarem os alunos para visitar a Bienal. Para ele, o hábito da leitura deve
começar nas crianças."Isso também é uma iniciativa da maior
importância". O escritor destacou o trabalho do amigo Ziraldo. "Ele
tem uma responsabilidade incrível nisso, porque prepara leitores. As crianças
começam a ler por meio do Ziraldo e depois vão embora, porque quando se
descobre o prazer da leitura não se abandona mais", defendeu.
A escritora Thalita Rebouças, autora de
15 livros e que faz sucesso entre os adolescentes, explicou que eles estão
lendo cada vez mais e a situação agora se inverteu, porque quem não lê é que
não está na moda. "Quando eu comecei há 13 anos quem lia tinha vergonha de
admitir. Hoje, graças a Deus, quem tem vergonha de admitir é o pessoal que não
gosta de ler. O mico é não gostar de ler", disse em entrevista à Agência
Brasil.
Thalita lembrou que para um autor é
muito importante saber que o livro dele vai fazer parte da vida do adolescente.
"É muito gratificante saber que você escreve na solidão do seu escritório
e de repente aquilo sai da sua cabeça,
vai para o seu computador e atinge muita gente. Mexe com muita gente, com as
emoções de tanta gente. O adolescente passa por uma fase complicada com
espinhas, questões, amores platônicos. Então, saber que os meus livros fazem
companhia a eles é maravilhoso".
A autora destacou que como escreve
sobre o cotidiano, sempre quer que os adolescentes se identifiquem com o que
vão ler. "A minha preocupação é não passar lição de moral. É fazer com que
eles pensem e a partir do que leem, tirem suas próprias conclusões. E tudo com
muito humor. É o que eu gosto de fazer. Fazer rir", acrescentou.
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