Uma
série de 80 fotografias de Claudia Andujar sobre o povo indígena yanomami
estará em exposição a partir desta quarta-feira (14), às 19h, no Museu
Municipal de Arte – MuMA. As imagens foram capturadas durante expedições da
fotógrafa, nos anos 1970 e 1980, para retratar o cotidiano, os costumes e as
tradições do povo do extremo Norte da Amazônia.
Para
a exposição especial em homenagem ao Mês do Meio Ambiente e ao povo yanomami, e
que também celebra uma das fotografas mais renomadas da atualidade, as fotos
foram reproduzidas em grande escala. A mostra ficará em cartaz até 1º de
setembro, com entrada gratuita, de terça a sexta-feira, das 10h às 19h.
As
imagens da exposição “Yanomami” pertencem ao acervo do Museu da Fotografia
Cidade de Curitiba. Foram adquiridas pelo município em 1998, quando a fotógrafa
participou da 2ª Bienal Internacional de Fotografia, promovida pela Fundação
Cultural de Curitiba, presidida na época pela primeira-dama Margarita Sansone.
“Minha relação com os yanomami, fio condutor
da minha trajetória de fotógrafa e de vida, é essencialmente afetiva. Esse
sentimento, através dos tempos, me levou a compartilhar meu tempo de fotógrafa
com atividades em defesa dos direitos territoriais e diretos de sobrevivência
dos yanomami. Uma tarefa árdua e que requer muita perseverança”, descreveu
Andujar, no livro editado com apoio da Fundação Cultural de Curitiba em 1998 e
que reúne as imagens da mostra.
Nesta
coleção, a fotógrafa trata de três grandes temas: a vida comunitária, a vida na
floresta e os rituais. Com uma estética apurada, desenvolvida no processo
analógico, em preto e branco, Claudia Andujar convida o público a sentir e
compreender a alma yanomami. “Conhecer e
compreender a alma yanomami também é poder sair em sua defesa contra a
violência, que ainda hoje ameaça a sua sobrevivência”, diz Margarita
Sansone no texto de apresentação da mostra.
CONVIVÊNCIA - Nascida na Suíça e naturalizada
brasileira, Claudia foi repórter fotográfica de publicações brasileiras e
estrangeiras. Foi durante uma reportagem sobre a Amazônia para a revista
Realidade que teve contato com os yanomami pela primeira vez.
De
1972 a 1976 permaneceu longos períodos de convivência com os indígenas, até
que, com outros antropólogos, foi enquadrada na Lei de Segurança Nacional e
forçada a deixar a terra yanomami. Ela retornou em 1978, desta vez para dar
início a uma forte campanha pela demarcação de terras indígenas e registrar os
efeitos da invasão de garimpeiros.
Aos
92 anos, completados nesta segunda-feira (12), Claudia Andujar contabiliza um
acervo de mais de 40 mil imagens feitas ao longo de sua carreira, a partir de
1955.
Contudo,
quando assumiu a coordenação da campanha pela demarcação da terra indígena, seu
ativismo político passou a tomar mais tempo que seu trabalho fotográfico.
Nesses anos mobilizou instituições e ONGs, atuou em programas de saúde e
educação, realizou viagens pelo mundo para angariar recursos para a causa e
denunciar o genocídio contra povos indígenas.
A
demarcação da reserva yanomami aconteceu em 1992, às vésperas da Rio-92,
conferência da ONU sobre o clima realizada naquele ano no Brasil.
O Museu Municipal de
Arte – MuMA – Portão Cultural está situado na Avenida República Argentina,
3.430, Portão.
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