A
poeta americana Louise Glück, de 77 anos, é a vencedora do Prêmio Nobel de
Literatura de 2020 - anunciou a Academia Sueca nesta quinta-feira (8), um nome
que pegou quase todos os analistas de surpresa e que reconhece uma carreira
iniciada nos anos 1960.
Glück
foi premiada por sua "inconfundível voz poética, que, com uma beleza
austera, torna a existência individual universal", afirmou a instituição.
Louise
Glück é "uma poeta da mudança radical e do renascimento", disse o
presidente do Comitê do Nobel, Anders Olsson.
A
infância e a vida em família da escritora nascida em Nova York, a relação
estreita entre os pais e os irmãos e irmãs são alguns dos temas abordados em
sua obra.
Louise
Glück nasceu em 1943 em Nova York, e atualmente vive em Cambridge,
Massachusetts. Além da literatura, ela é professora na Yale University, em
Connecticut. A escritora estreou na poesia em 1968 com o livro “Firstborn” e
entre outros prêmios importantes também levou o Pulitzer, pelo livro “The Wild
Iris”, em 1993, e o National Book Award (2014). Dois anos depois, ela recebeu a
National Humanities Medal do então presidente dos EUA, Barack Obama.
O
Prêmio Nobel consiste em uma medalha e uma quantia de 10 milhões de coroas
suecas (cerca de 1,1 milhão de dólares).
Os
laureados geralmente recebem seu prêmio do rei Carlos XVI Gustav em uma
cerimônia em Estocolmo em 10 de dezembro, mas devido à pandemia, haverá eventos
televisionados mostrando os vencedores em seus países de origem no momento da
cerimônia de premiação.
Glück,
no entanto, disse estar "muito triste" com o cancelamento da
cerimônia formal (pela primeira vez desde 1944), embora ela prefira ficar longe
dos holofotes.
"A ideia de fazer um discurso não é o meu
objetivo mais feliz, mas teria sido uma aventura muito rara para mim",
disse à TT.
"É
um dia maravilhoso para celebrar a beleza
e o poder da poesia para simplesmente nos lembrar do que é ser humano em tempos
como estes", disse à AFP Clarisse Rosaz Shariyf, diretora de programas
literários da PEN America.
NOBEL FEMININO - Dois anos depois do prêmio para a
polonesa Olga Tokarczuk, Louise Glück é a 16ª mulher premiada com o Nobel de
Literatura, em um ano de forte presença feminina.
Além
de Glück, três foram premiadas nas categorias científicas do Nobel e esta
temporada pode bater o recorde de mulheres laureadas (cinco em 2009). Dois
prêmios ainda serão anunciados: o da Paz, na sexta-feira (9), e o de Economia,
na segunda (12).
Professora
da Yale University, em 1993 recebeu o Prêmio Pulitzer e o cobiçado título de
"Poet Laureate dos Estados Unidos", porém não teve muita projeção
fora dos Estados Unidos.
A
poeta tornou-se a décima segundo americana laureada em literatura, depois de
Ernest Hemingway (1954), John Steinbeck (1962), Toni Morrison (1993) e, mais
recentemente, Bob Dylan (2016).
Após
uma série de escândalos e de polêmicas que abalaram o prêmio literário mais
famoso do mundo nos últimos anos, a escolha de 2020 da Academia Sueca era
especialmente imprevisível, segundo os críticos.
No
ano passado, o prêmio de 2019 foi concedido ao escritor austríaco Peter Handke,
mas suas opiniões favoráveis ao falecido líder sérvio Slobodan Milosevic
provocaram grande polêmica.
O
júri justificou que julgou a obra, não o homem. Em 2016, a Academia também
surpreendeu ao premiar Bob Dylan por uma obra de duvidoso caráter literário
para alguns críticos.
Depois
da polêmica pelo prêmio ao compositor, um escândalo sexual abalou a Academia
Sueca há três anos, o que provocou o adiamento do anúncio do prêmio de 2018
para 2019.
A
Academia Sueca foi criticada pela maneira como administrou as acusações contra
o francês Jean-Claude Arnault, marido de uma acadêmica e personalidade
influente do panorama cultural sueco, condenado por estupro.
Este
ano, os nomes do japonês Haruki Murakami, do franco-tcheco Milan Kundera, do
espanhol Javier Marías, da canadense Margaret Atwood e da francesa Maryse Condé
foram muito especulados.
Mas
a Academia sempre preferiu os candidatos menos conhecidos aos escritores mais
célebres, embora em 120 anos também tenha premiado grandes nomes da literatura.
Os
países ocidentais têm vários prêmios Nobel de Literatura, mas grandes países
como o Brasil nunca receberam o prêmio, enquanto a China conquistou um, com Mo
Yan, em 2012, e a Índia outro, com Rabindranath Tagore em 1913. (AFP)
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