A
exposição comemorativa “Juarez Machado – Volta ao Mundo em 80 Anos”, que será
inaugurada no Museu Oscar Niemeyer nesta quinta-feira (2), apresenta a obra de
um dos mais representativos e importantes artistas brasileiros. O multiartista
catarinense tem sua história ligada a Curitiba, para onde se mudou no início
dos anos 1960 para estudar na Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap).
Ele completou 80 anos em 2021.
A
exposição reúne 166 obras em diversos suportes: pintura, desenhos, fotos,
escultura e instalação. A coletânea abrange desde o início da carreira do
pintor na capital paranaense até sua fase internacional com a mudança para
Paris, em 1986 - passando pelos períodos no Rio de Janeiro, onde se destacou
também como ilustrador, cenógrafo para televisão e teatro, figurinista,
escultor e cartunista, entre outros ofícios criativos. A curadoria é de Edson
Busch Machado.
“Lúdica e poética como tudo o que Juarez
Machado produz, a mostra percorre com interatividade diferentes décadas,
estilos, localidades, materiais, técnicas, mídias e vertentes artísticas”,
afirma a diretora-presidente do Museu Oscar Niemeyer (MON), Juliana Vosnika. “Artista com obra no acervo, ele escreve
agora o seu nome definitivamente na história do MON, num importante momento em
que completa 20 anos e se consolida entre os principais museus da América
Latina”, comenta.
CURITIBA – A exposição inclui trabalhos que
remetem ao início da carreira de Juarez Machado na Capital. “Seu despertar como artista teve início em
Joinville. Mas foi em Curitiba que ele fundamentou esse trabalho antes de
seguir pelo mundo”, diz Busch, que é também irmão do artista.
A
mostra conta, por exemplo, com desenhos feitos com graxa para sapato na Rua XV
de Novembro, no início dos anos 1960, quando Juarez nem sequer tinha recursos
para comprar tintas. “O público de
Curitiba irá se identificar com o Juarez que viveu em Curitiba de 1961 a 1964,
quando também fez grandes amizades com nomes como Fernando Velloso, João Osorio
Brzezinski, Fernando Calderari e Domício Pedroso”, lembra o curador.
ATELIÊS – O nome da exposição - uma
referência ao clássico de Júlio Verne “A Volta ao Mundo em 80 Dias” - traduz,
em parte, o movimento constante de Juarez Machado, que nasceu em Joinville
(SC), em 1941, e hoje se divide entre seus ateliês nas capitais fluminense e
francesa depois de correr o mundo.
A
mostra inclui obras produzidas em diferentes locais - sobretudo em ateliês em
Paris, mas também em outros temporários para o artista, como Veneza e Saint
Paul de Vence, na França. “Cada ateliê é
representado com cores, códigos e uma linha pictórica diferente, que a
exposição reúne muito didaticamente”, explica Busch.
INFLUÊNCIA – A obra de Juarez Machado tornou-se
patrimônio mundial, colecionando prêmios de arte nacionais e internacionais.
Suas criações, ricas em ousadia, complexidade e humor, influenciaram gerações
de artistas no Brasil e no Exterior.
Entre
os artistas influenciados por Juarez Machado está o diretor francês de cinema
Jean-Pierre Jeunet, que se inspirou no inconfundível universo de cores do
pintor para criar o visual do famoso filme “O Fabuloso Destino de Amélie
Poulain” (2001). O diretor conheceu o artista no início dos anos 2000, comprou
quadros e estudou seu estilo.
“É
possível relacionar a temática, as paletas de cores e diversas nuances do filme
com todas as pinturas da exposição, pois Jeunet se inspirou diretamente nas
obras do artista”, explica Busch. “O
público conseguirá identificar cores como o verde veronese e o vermelho terral
que são vistos em ‘Amélie’”, explica Busch.
No
Brasil, o artista multimídia também deixou sua marca em referências da cultura
popular como o semanário impresso “O Pasquim” e na TV Globo, onde criou quadros
humorísticos e musicais, além de assinar a criação de cenários e figurinos.
Muitos ainda se lembram dos vídeos de mímica que Juarez Machado criou e
estrelou para o programa “Fantástico” nos anos 1970.
A
exposição fará referência a este famoso personagem nacional com a exibição de
alguns desses vídeos em dois monitores. “É
realmente uma figura significativa para muita gente que começou a conhecer
Juarez a partir deste quadro do ‘Fantástico’”, lembra o curador.
ILUSTRAÇÃO – Também tiveram a assinatura de
Juarez Machado capas de livros e discos e projetos de design e arquitetura ao
lado de nomes como Sergio Rodrigues e o próprio Oscar Niemeyer.
Algumas
das mais de 200 capas de discos e livros criadas pelo artista poderão ser
vistas na vitrine de artes gráficas da mostra, que ajudará a compor a
retrospectiva da vida e obra de Juarez, juntamente com um painel de fotografias
e informações biográficas.
ESCULTURA – Entre os destaques da exposição
estão dezenas de esculturas, suporte com o qual Juarez Machado se destacou logo
no início da carreira. Há obras em bronze, metal e gesso, além da conhecida
instalação criada com estátuas de Branca de Neve e os Sete Anões.
Também
estará presente a famosa bicicleta com rodas quadradas que inspirou o logotipo
do Instituto Juarez Machado.
INSTITUTO – Mais recente empreendimento de
Juarez Machado em Joinville, o instituto que leva seu nome foi fundado por ele
em 2014, com a ideia de estimular a arte na cidade catarinense. A instituição,
sediada em uma antiga casa da família construída em meados da década de 1930,
desenvolve pesquisas, resgate e promoção de obras de Juarez e de outros
artistas locais.
O
instituto vem desenvolvendo mostras paralelas a partir da aprofundada pesquisa
sobre a trajetória de Juarez Machado para a exposição que será aberta no Museu
Oscar Niemeyer.
BICICLETA – Segundo o curador da exposição,
Edson Busch Machado, a ideia é que o público percorra a mostra como se
estivesse fazendo um passeio de bicicleta - um dos ícones do universo pictórico
de Juarez. Esse é o tema da projeção de vídeo que encerra a exposição.
“Juarez mescla a bicicleta, um elemento da
infância em sua cidade natal, com a descoberta da figura humana, seja no estudo
da anatomia na Belas Artes ou das belas mulheres que ele tão bem retrata em
suas pinturas. E, a partir desses dois elementos, a curadoria parte para suas
demais obras”, explica. “É uma viagem
de bicicleta que percorre esses 80 anos e relembra todos esses elementos - os
ateliês, as paisagens, as mulheres”, explica Busch.
EDUCATIVO – Ao longo do período expositivo,
estão previstas seis oficinas para escolas públicas de Curitiba. Também haverá
duas visitas mediadas, realizadas pelo curador da exposição para o público
visitante, com tradução em libras, conforme o cronograma a seguir:
Oficinas
com público espontâneo: dias 8 e 22 junho, das 15h às 17h.
Oficinas
com público agendado: dias 6 e 20 de julho: das 15h às 17h.
Oficinas
com escola pública: dias 10 e 24 de agosto, das 15h às 17h.
Visitas
mediadas ao público espontâneo com o curador, Edson Busch Machado: dia 24 de
agosto, às 11h e às 15h.
CATÁLOGO – Em 23 de agosto, às 19h, será
lançado ao público o catálogo da exposição contendo texto curatorial, linha do
tempo do artista e imagens de obras. O lançamento será marcado por uma mesa
redonda no miniauditório do MON com a participação do curador do crítico de
arte Fernando Bini.
A
exposição “Juarez Machado – Volta ao Mundo em 80 Anos” foi concebida pelo
Instituto Juarez Machado e fica em cartaz até 18 de setembro. A mostra é uma
realização da Secretaria Especial da Cultura (Ministério do Turismo) e do MON e
tem patrocínio da Vonder.
O Museu Oscar Niemeyer
está situado na rua Marechal Hermes, Centro Cívico - Curitiba) e está aberto à
visitação de terça a domingo, das 10h às 17h30 (permanência até as 18h). Os
ingressos custam R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada). Toda quarta-feira, entrada
gratuita. Mais informações: (41) 3350-4400 ou www.museuoscarniemeyer.org.br
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