O
Museu Oscar Niemeyer (MON) apresenta a partir desta sexta-feira (4) a premiada
exposição “Yutaka Toyota – O Ritmo do Espaço”. Escultor, pintor, desenhista,
gravador e cenógrafo, o artista é também um dos pioneiros do movimento cinético
internacional e da arte interativa.
A
exposição traz 86 obras, uma instalada na área externa do MON. Embora seja
retrospectiva do artista, que completará 90 anos em 2021 e continua em pleno
vigor criativo, a mostra não é estruturada de forma rigidamente cronológica.
Contempla trabalhos produzidos a partir dos anos 1960 em diversos suportes e
recebeu, em 2018, o prêmio de Melhor Retrospectiva do Ano pela Associação
Paulista dos Críticos de Arte (APCA).
“O espetacular cinetismo proposto pelo
artista nos encanta e nos conecta com suas obras”, diz a
diretora-presidente do MON, Juliana Vosnika. “Premiado internacionalmente, com obras em importantes coleções de
vários museus no mundo e mais de 100 monumentos instalados em locais públicos,
Toyota usa o movimento de estruturas como linguagem artística numa produção
espetacular e exemplo de vivacidade”, completa.
A
curadoria de Denise Mattar evidencia a coerência interna da obra de Toyota, sua
originalidade e pioneirismo, fazendo conviver trabalhos de diversas épocas ao
lado de seu trabalho atual, que continua surpreendentemente intenso.
Privilegiando a produção escultórica de Toyota, enfatiza o percurso e as
principais questões que permeiam a obra do artista, apontando o processo que o
levou da pintura ao objeto e do plano à superfície reflexiva – instaurada como
quarta dimensão.
“Ele faz parte de um grupo que na década de
1960 decretou o fim da pintura de cavalete e da escultura figurativa,
convidando o público a participar de novas experiências estéticas, interativas
e sensoriais”, explica Denise.
“Sua obra convoca dualidades:
positivo-negativo, visível-invisível, sólido-evanescente, volume-leveza. As
múltiplas possibilidades do reflexo são a matéria-prima da qual Toyota se
utiliza para ‘compreender o significado do espaço’, e nessa opção podemos
apontar um expressivo parentesco da obra de Toyota com a de Anish Kapoor, não
por acaso, também um oriental-ocidental”, compara a curadora.
O
artista trabalha há mais de 60 anos e nesse período criou milhares de obras
entre desenhos, gravuras, pinturas, instalações, painéis escultóricos e
esculturas de todos os tamanhos, desde pequenos múltiplos a imensos monumentos,
mas sempre foi fiel às mesmas indagações que o fizeram mergulhar no universo
das artes, ainda no Japão.
“Aos 15 anos recebi, em Yamagata, o primeiro
prêmio de pintura no Salão de Jovens Artistas. Na ocasião, o crítico japonês
Atsuo Imaizumi me disse: mantenha sempre as mesmas ideias e perguntas
interiores, assim encontrará sua verdadeira arte e produzirá obras
verdadeiramente suas, obras originais. E foi o que fiz”, diz Yutaka Toyota.
“O que me interessa verdadeiramente é a
conexão entre o homem e o universo. A cultura ocidental responde a essa questão
através da física quântica e a oriental, através da espiritualidade. Aceito os
dois significados e ambos estão no meu trabalho”, destaca o artista.
Sobre
a obra de Toyota, Oscar Niemeyer escreveu: “o
que me agrada na escultura de Toyota é a simplicidade natural e não
premeditada. A ideia de utilizar o aço e a cor com seus reflexos imprevisíveis.
São objetos que se adaptam a qualquer ambiente e, numa escala maior, à própria
arquitetura. Parece que a pureza do aço o atrai e desse material talvez
decorram as formas diferentes, construtivas ou geométricas, que imagina.
Vejo-as, às vezes, numa escala maior, como grandes sinais metálicos cheios de
brilho e de luz e as sinto tão belas que as gostaria de ver incorporadas à
nossa arquitetura”. Agora, o desejo do criador do Museu Oscar Niemeyer será
atendido.
YUTAKA TOYOTA - Nascido no Japão em 1931, Toyota
chegou ao Brasil no final da década de 1950 e naturalizou-se brasileiro em
1971. Começou sua carreira no País como pintor, logo recebendo alguns dos mais
importantes prêmios do circuito de arte brasileiro, como o do Salão Esso, em
1965, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, que o levou à Itália. Lá
permaneceu por três anos, período em que participou de emblemáticas exposições
ao lado de Lucio Fontana, Bruno Munari, Vasarely e Le Parc. Suas obras
tornaram-se tridimensionais e adquiriram características óticas, cinéticas e
imersivas – partido adotado até hoje.
No
retorno ao Brasil, o artista se apresentou na X Bienal de São Paulo e seus
trabalhos despertaram a atenção do público e da crítica. Toyota apresentava a
escultura de uma forma totalmente inovadora, algo que não era conhecido aqui, e
recebeu todos os mais importantes prêmios da época. Numa evolução natural,
passou a criar obras em grandes dimensões, para espaços públicos, sempre
convocando a participação do espectador.
Aos
89 anos, Toyota continua em atividade, sendo um dos raros escultores
brasileiros a dominar a relação escala-espaço, habilidade essencial para a
criação de obras ao ar livre. Não por acaso, ao longo dos anos, ele semeou mais
de 100 obras públicas entre o Brasil e o Japão, feito inédito entre os nossos
escultores.
Mais informações: http://www.museuoscarniemeyer.org.br
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