quarta-feira, 26 de abril de 2023

Remontagem de peça de Guarnieri discute questões raciais em apresentações no Guairinha

A partir desta quarta-feira (26), Curitiba terá em sua programação uma das obras mais importantes da dramaturgia brasileira: “Um grito (preto) parado no ar”, que remonta o texto clássico de Gianfranco Guarnieri, encenado na capital paranaense em 1973. Mesmo depois de cinquenta anos, é uma peça forte e atual, com destaque para a discussão racial.

Marco do teatro nacional, a peça de Guarnieri foi um importante instrumento de luta contra a ditadura militar, que governou o Brasil entre 1964 e 1985, e, apesar do seu tom contestatório, não foi vetada pela censura, em parte pela linguagem que o autor construiu.

A obra conta a história de uma trupe teatral às raias de estrear sua peça mas que se vê impedida por inúmeros entraves burocráticos, físicos e emocionais. Flutuando em uma névoa de incerteza, o grupo precisa se defrontar com a realidade e também os seus próprios fantasmas. O texto de Guarnieri esmiúça as muitas interpretações do que é ser artista e das relações entre arte e realidade.

MONTAGEM ATUAL – A montagem, que tem produção da Prosa Nova EduCultTech e direção de Loara Gonçalves, terá o mesmo espírito combativo que marcou o espetáculo desde a sua estreia, cinco décadas atrás, atualizando a temática paro as demandas sociais atuais, como a precarização do trabalho em certas categorias, e também para a discussão racial.

Ao colocar o adjetivo “preto” no título, evidencia-se a preocupação e a necessidade de dar visibilidade e protagonismo a uma parcela da população que é marginalizada, destituída dos seus direitos. Segundo Loara Gonçalves, diretora do espetáculo, “o teatro é um espaço de manifestação, de busca pelo grito, onde os silenciados podem contar as suas histórias”.

Vivemos em um sistema que massacra, que está tolhendo sonhos. Quando a gente fala de ‘um grito preto’, está falando das mazelas e das denúncias que são fundamentais. A gente ainda vive em uma sociedade racista, que nos boicota a ponto de recebermos menos. A população carcerária é, em sua maioria, preta. A gente percebe que nossos lugares são sempre impostos, por isso, as nossas urgências são outras”, frisa a diretora.

“Um grito (preto) parado no ar” tem direção de Loara Gonçalves e o elenco é composto por Maicon José Gonçalves de Morais; Monica Margarido; Vanessa Marques; Murilo Ique; Cleo Cavalcantty e Taciane Vieira.

As apresentações acontecem dias 26, 27 e 28, às 21h; dias 29 e 30, às 18h e 21h.

Apoio: Centro Cultural Teatro Guaíra. Incentivo: Ebanx e Serra Verde Express. Projeto realizado com recursos do Programa de Apoio de Incentivo à Cultura - Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba. Página do espetáculo com mais informações: prosanova.com.br/umgritoparadonoar

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