A
partir desta quarta-feira (26), Curitiba terá em sua programação uma das obras
mais importantes da dramaturgia brasileira: “Um grito (preto) parado no ar”,
que remonta o texto clássico de Gianfranco Guarnieri, encenado na capital
paranaense em 1973. Mesmo depois de cinquenta anos, é uma peça forte e atual,
com destaque para a discussão racial.
Marco
do teatro nacional, a peça de Guarnieri foi um importante instrumento de luta
contra a ditadura militar, que governou o Brasil entre 1964 e 1985, e, apesar
do seu tom contestatório, não foi vetada pela censura, em parte pela linguagem
que o autor construiu.
A
obra conta a história de uma trupe teatral às raias de estrear sua peça mas que
se vê impedida por inúmeros entraves burocráticos, físicos e emocionais.
Flutuando em uma névoa de incerteza, o grupo precisa se defrontar com a
realidade e também os seus próprios fantasmas. O texto de Guarnieri esmiúça as
muitas interpretações do que é ser artista e das relações entre arte e
realidade.
MONTAGEM ATUAL – A montagem, que tem produção da
Prosa Nova EduCultTech e direção de Loara Gonçalves, terá o mesmo espírito
combativo que marcou o espetáculo desde a sua estreia, cinco décadas atrás,
atualizando a temática paro as demandas sociais atuais, como a precarização do
trabalho em certas categorias, e também para a discussão racial.
Ao
colocar o adjetivo “preto” no título, evidencia-se a preocupação e a
necessidade de dar visibilidade e protagonismo a uma parcela da população que é
marginalizada, destituída dos seus direitos. Segundo Loara Gonçalves, diretora
do espetáculo, “o teatro é um espaço de
manifestação, de busca pelo grito, onde os silenciados podem contar as suas
histórias”.
“Vivemos em um sistema que massacra, que está
tolhendo sonhos. Quando a gente fala de ‘um grito preto’, está falando das
mazelas e das denúncias que são fundamentais. A gente ainda vive em uma
sociedade racista, que nos boicota a ponto de recebermos menos. A população
carcerária é, em sua maioria, preta. A gente percebe que nossos lugares são
sempre impostos, por isso, as nossas urgências são outras”, frisa a
diretora.
“Um
grito (preto) parado no ar” tem direção de Loara Gonçalves e o elenco é
composto por Maicon José Gonçalves de Morais; Monica Margarido; Vanessa Marques;
Murilo Ique; Cleo Cavalcantty e Taciane Vieira.
As
apresentações acontecem dias 26, 27 e 28, às 21h; dias 29 e 30, às 18h e 21h.
Apoio: Centro Cultural
Teatro Guaíra. Incentivo: Ebanx e Serra Verde Express. Projeto realizado com
recursos do Programa de Apoio de Incentivo à Cultura - Fundação Cultural de
Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba. Página do espetáculo com mais
informações: prosanova.com.br/umgritoparadonoar
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