Até
o dia 19 de setembro, está em cartaz gratuitamente no YouTube, a peça “Ata-me
as Mãos ao Pés da Cela – Um Experimento na Pandemia”, da Cia Banquete Cultural,
criada especialmente para o formato teatro-web. As apresentações acontecem aos
sábados - dias 12 e 19 -, às 21h, no canal
da companhia. A classificação
indicativa é 14 anos.
O
mito de Medeia, de origem grega, mostra a história de uma mulher que afronta
leis divinas e humanas para se vingar de um marido infiel, chegando, inclusive,
a matar seus próprios filhos. Na peça “Ata-me as Mãos ao Pés da Cela – Um
Experimento na Pandemia”, o mito é trazido para a atualidade, em um momento de
pandemia. A história mostra um tempo futuro, onde Medeia adverte sobre sua real
identidade e justifica suas ações do passado, e um tempo presente há uma pandemia
lá fora. Medeia realiza uma vídeo-chamada para delegada. Entre delírios e
lembranças, está prestes a fazer uma confissão. A delegada, mais preocupada com
o que se passa em sua delegacia, esforça-se para compreender os relatos de
Medeia.
O
texto do espetáculo é livremente inspirado nas “Medeias” de Eurípedes e Heiner
Müller, no romance “As Leis da Gravidade”, de Jean Teulé, e nos poemas,
ensaios, escritos e entrevistas de Adélia Prado e Simone de Beauvoir. Toda a
encenação se passa através de imagens e sons captados pelos notebooks e
celulares das duas protagonistas e do ator do espetáculo. Com autoria e direção
de Jean Mendonça, o espetáculo tem no elenco Beth Grandi, Elton Lellis e Rose
Abdallah, e conta com supervisão de Silvana Stein, trilha sonora de Betto
Marque e Paula Pardón, direção de arte de Alexandra Arakawa e produção
executiva e fotográfica de Marcia Otto.
UM NOVO FAZER TEATRAL - O texto da peça foi finalizado em
março, logo no início da pandemia, quando os artistas brasileiros estavam sem
saber o que fazer, já que todos os teatros foram fechados devido a pandemia da
covid-19. “Todo o processo criativo de
ensaio, produção, gravação e montagem foi realizado com cada um em sua
residência, tudo feito on-line, respeitando os protocolos de segurança
recomendados pela OMS (Organização Mundial da Saúde)”, explica Jean
Mendonça.
De
acordo com o diretor, a ideia foi exatamente fomentar a possibilidade de um
novo fazer teatral, o teatro-web, mas sem a intenção de substituir o teatro
presencial. “Não estávamos interessados
no pioneirismo, embora consideremos esse ato histórico importante, mas sim na
real continuidade das artes cênicas. Por isso fomos na contramão e arriscamos
com uma dramaturgia ambientada neste momento pandêmico”, ressalta.
O
espetáculo foi contemplado e realizado através do edital Cultura Presente nas
Redes, do Governo do Estado do Rio de Janeiro/SECEC-RJ. “Em tempos tão difíceis para a humanidade e para a classe artística, que
foi profundamente afetada, como muitos dizem: a primeira a parar e
provavelmente a última a retornar ao trabalho normal, é um alento ser
contemplado por editais de cultura nas redes e ao mesmo tempo, um estímulo a
continuar pesquisando novas formas do fazer cênico por meio de outras
ferramentas e plataformas digitais”, comenta Jean Mendonça.
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