terça-feira, 22 de setembro de 2020

Plataforma “Transversalidade da Memória” estreia com trabalho de Caco Ciocler

O Itaú Cultural lançou nesta segunda-feira (21), “Transversalidade da Memória”, plataforma que busca reunir profissionais e pesquisadores do campo da memória, para trocas de experiências e informações na área. Neste dia – e até às 9h do dia 23 (quarta-feira) –, o público terá disponível no site da instituição (www.itaucultural.org.br) o documentário “Esse Viver Ninguém me Tira”, sobre Aracy Moebius de Carvalho, esposa do escritor Guimarães Rosa, dirigido por Caco Ciocler. Às 17h, o ator e diretor participa do debate de lançamento da plataforma, que reúne também Vilma Santos e José Eduardo Ferreira Santos, fundadores do Acervo da Laje, e Ricardo Brazileiro, pesquisador de tecnologias. A mediação é de Tatiana Prado, gerente de Memória e Pesquisa do Itaú Cultural.

A partir do dia 21, o “Transversalidade da Memória” estará aberto à participação do público. Os interessados poderão inscrever-se para acompanhar a plataforma, que também contará com conteúdos e atividades.

O debate de lançamento reúne profissionais que trabalham ou desenvolvem projetos com base a memória. É o caso de Vilma Santos e José Eduardo Ferreira Santos, do Acervo da Laje, espaço cultural da periferia de Salvador, na Bahia, que funciona como biblioteca e museu, recolhendo artefatos, documentos e livros que contam a história da região em que atua. Comunitário, o espaço elabora práticas de entendimento do que é importante ser guardado pela comunidade e do que significa criar um ambiente institucionalizado para resguardar a cultura de todos.

Já Ricardo Brazileiro, que é mestre em ciência da computação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), trata da relação dos saberes tradicionais com a tecnologia. A partir de então, questiona de que forma os arquivos devem ser guardados, como é possível comunicar dados, com qual infraestrutura e com quais softwares.

O ator e diretor Caco Ciocler, por sua vez, vem trabalhando com a memória em projetos tanto no cinema quanto na literatura. Ele é autor do livro “Zeide: a Travessia de um Judeu entre Nações e Gerações”, e dirigiu o documentário “Esse Viver Ninguém me Tira”, sobre a trajetória de Aracy Moebius de Carvalho (1908-2011), esposa do escritor Guimarães Rosa.

 

MEMÓRIA NA TELA - Disponível para ser assistido pelo público de 21 a 23 e de setembro (segunda-feira a quarta-feira), marcando o lançamento de “Transversalidade da Memória”, o filme “Esse Viver Ninguém me Tira” é a estreia de Ciocler na direção. A produção reúne entrevistas com Eduardo Tess, filho de Aracy com Johannes Edward Ludwig Tess, o político Plínio de Arruda Sampaio (1930-2014), amigo de Eduardo, e a jornalista Eliane Brum.

Nascida no Paraná e criada em São Paulo, Aracy Moebius foi morar na Alemanha em 1934, quando separou-se do seu primeiro marido, aos 26 anos. No país, trabalhou no setor de passaportes do consulado brasileiro em Hamburgo, onde, contradizendo as indicações do Itamaraty para impedir a ida de judeus ao Brasil, concedeu vistos a dezenas deles, livrando-os da perseguição do nazismo instaurado por Adolf Hitler entre 1934 e 1945. Por isso, ela passou a ser chamada de O Anjo de Hamburgo.

Foi em 1938 que Aracy conheceu Guimarães Rosa, o recém-chegado cônsul-adjunto. Casaram-se em 1942, no México, e ficaram juntos até a morte do escritor, em 1967.

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