Um
dos espaços culturais mais emblemáticos da cidade está completando 40 anos de
existência. É a Casa da Memória, local de maior referência para pesquisas sobre
a cidade e onde estão guardados verdadeiros tesouros da história curitibana.
Inaugurada
em 12 maio de 1981, esta unidade da Fundação Cultural de Curitiba pesquisa,
conserva e disponibiliza para consulta pública cerca de 170 mil documentos que
ajudam principalmente a contar e entender a história da cidade desde sua
fundação, em 1693. A unidade teve como primeiro coordenador o atual prefeito
Rafael Greca.
“Desde
que jovem engenheiro, concursado do Ippuc, chamei os curitibanos para trazer
aqui suas lembranças. Memórias fotográficas, iconografia rara, livros raros,
plantas de edificações desenhadas a nanquim em bico de pena. É o cofre e a
chave mágica da nossa identidade. Alegria de tê-la criado”, disse o prefeito.
TESOUROS - A Casa da Memória é um centro de
documentação e pesquisa que tem como atribuições a pesquisa, preservação e
conservação do acervo documental referente à história de Curitiba e do Paraná.
Além dos documentos históricos, a acervo da Casa, alimentado por pesquisas,
doações da comunidade e aquisições feitas por meio de leis de incentivo à
cultura, é composto por periódicos, livros e materiais iconográficos, como
aquarelas, plantas, mapas, projetos de construção, rótulos, fotografias em
papel, diapositivos e negativos. Esse material é classificado, catalogado,
indexado e informatizado para disponibilização ao público em geral.
Fazem
parte do acervo fotografias de épocas diversas, 1.800 plantas e projetos
arquitetônicos antigos e livros de registros sobre pessoas sepultadas nos
cemitérios do Água Verde e São Francisco de Paula – documentos requisitados
para instruir processos de cidadania estrangeira a partir de informações sobre
a origem dos antepassados.
Lá
estão, ainda, rótulos de embalagens, missais e os chamados Livros da Porta.
Preenchidos de 1885 e 1887, esses livros são cadernos enormes onde eram
anotadas providências requeridas pelos moradores à administração da cidade –
como pedidos de autorização para construir, reformar e vender imóveis – e pagamentos
de tributos feitos ao fisco.
A
grande relíquia da Casa da Memória, porém, é o Tombo da Câmara da Villa de
Curytiba. Restaurado, o manuscrito tem capa de couro e pouco mais de 100
páginas. Lá estão os primeiros atos administrativos referentes a Curitiba,
entre 1668 e 1694. O conteúdo está digitalizado.
Assim
como outras obras raras, o exemplar está guardado em ambientes sujeitos a
controle de temperatura e umidade e isolado dos demais setores da Casa da
Memória. Fazem companhia ao “Tombo”, além dos Livros da Porta, plantas e
projetos arquitetônicos do começo do século passado e mapas da época da
cobiçada possessão espanhola conhecida como Banda Oriental do Uruguai.
Também
fazem parte do acervo peças curiosas – como os cerca de 14 mil cartazes publicitários
e de espetáculos, correspondências trocadas pelo artista visual curitibano Poty
com familiares e o convite para a inauguração da Ponte da Amizade, ligação
entre Brasil Paraguai inaugurada em 1965.
Também
para pesquisas, estão à disposição do público pastas com informações sobre
temas diversos e outras com fotografias CDs, DVDs e fitas cassete, as antigas
fitas magnéticas para gravação de áudio.
PATRIMÔNIO - A origem da Casa da Memória remonta
à criação em 1973 da Casa Romário Martins, que abrigou o primeiro núcleo de
informação e documentação histórica sobre Curitiba. Os projetos desenvolvidos
ao longo de sete anos pela Casa Romário Martins geraram a motivação necessária
para desencadear o processo de proteção e valorização do patrimônio cultural da
cidade, que culminou na inauguração da Casa da Memória.
A
Casa da Memória passou por diversos endereços no Setor Histórico. Inicialmente,
funcionou num sobrado do Largo Coronel Enéas esquina com a Travessa Nestor de
Castro. Em 1985, se instalou no Solar dos Guimarães, na Rua 13 de Maio, onde se
manteve até 1993, quando foi transferida para um imóvel na Rua do Rosário.
Em
1999, ocupou um prédio comercial na Rua São Francisco. Sua sede definitiva foi
inaugurada em 2000. Junto à Casa da Memória funciona também a Diretoria de
Patrimônio Histórico e Cultural da Fundação Cultural de Curitiba.
ACERVO ON-LINE - O acervo da Casa da Memória é muito
procurado por estudantes de ensino médio, de graduação, pós-graduação e
profissionais das áreas de história, arquitetura, ciências sociais, artes
plásticas, design, literatura, jornalismo e propaganda. São vastas as áreas de
interesse do público pesquisador e a procura na Casa da Memória não fica
restrita aos curitibanos. O acervo é utilizado tanto por paranaenses e brasileiros
de outros estados, como também por estrangeiros de vários países.
Pesquisadores
e a população em geral também têm a possibilidade de conhecer o acervo
histórico e artístico do município de Curitiba sem precisar sair de casa. A
Fundação Cultural de Curitiba abriu em março do ano passado a sua plataforma no
sistema Pergamum, permitindo a consulta on-line do acervo artístico dos museus
e do acervo histórico da Casa da Memória.
O
sistema dá acesso às informações técnicas sobre a documentação e imagens da
Biblioteca da Casa da Memória e do Setor de Multimeios, bem como à visualização
das obras existentes no Museu da Gravura, Museu da Fotografia, Museu Municipal
de Arte – MuMA e Museu de Arte Sacra.
A
consulta ao acervo histórico possibilita visualizar imagens com temas como
imigração, famílias pioneiras, vistas da cidade, projetos de construção do
início do século 20, casas comerciais, cinemas, cafés e confeitarias, detalhes
de praças, ruas e construções que permitem uma viagem à cidade de fins do século
19 até meados do século passado.
Também
é possível consultar as referências bibliográficas e documentais existentes na
Casa da Memória e o acervo de obras literárias existentes nos espaços de
leitura.
O
processo de atualização e revisão dos dados do acervo para o sistema Pergamum é
uma atividade permanente, o que permite acrescentar e disponibilizar novas
informações mensalmente aos usuários.
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