No
Espaço Cultural BRDE - Palacete dos Leões, em Curitiba, o público pode conhecer
a importância da erva-mate na história do Paraná. A exposição “Narrativas
Poéticas do Mate” integra as ações do programa Circuito Ampliado – Acervos em
Circulação, uma cooperação institucional entre o espaço e o Museu Paranaense
(Mupa) que tem como objetivo ampliar as percepções sobre o patrimônio ervateiro
a partir da perspectiva histórica, antropológica, artística e cultural.
A
mostra está inserida no contexto de representação simbólica e territorial do
espaço cultural do banco, que é a antiga residência de Maria Clara Abreu de
Leão e Agostinho Ermelino de Leão Jr., empresários da erva-mate e fundadores da
icônica marca de chá Matte Leão. Lá é possível visitar um conjunto de objetos
provenientes de acervos institucionais e coleções particulares, além de obras
que potencializam a visualidade ervateira.
“A exposição integra um programa de
circulação de acervos que estruturamos em conjunto com o Museu Paranaense,
instituição que mantém um expressivo acervo ervateiro e articulou uma equipe
interdisciplinar. O programa viabilizou uma pluralidade de ações, entre elas
uma mostra de câmara que faz uma homenagem aos 160 anos do artista Alfredo
Andersen, além de uma sala botânica, com exsicatas de erva-mate provenientes do
acervo do Museu Botânico de Curitiba”, contextualiza Rafaela Tasca,
coordenadora do Espaço Cultural BRDE- Palacete dos Leões.
De
acordo com Gabriela Bettega, diretora do Museu Paranaense, o programa “Circuito
Ampliado: Acervos em Circulação” tem por objetivo estimular a pesquisa em
acervos e novos recortes curatoriais. “E
mais importante, proporcionar a ampliação de públicos com a circulação de
acervos de Curitiba e, assim, contribuir também para a democratização no acesso
à cultura”, disse.
Ela
afirma, ainda, que o primeiro objeto proposto pelo programa é o fomento a
estudos e pesquisas sobre acervos relacionados à erva-mate por meio de duas
exposições simultâneas – uma no Mupa e esta no Espaço Cultural BRDE-Palacete
dos Leões, ambas colocando em discussão memória, representação, identidade e
representatividade tanto da erva-mate em si quanto da sociedade paranaense em
sua ampla formação.
PLURALIDADE E
ANCESTRALIDADE – A
mostra é dividida em eixos temáticos ambientados ao longo das salas do
palacete. Um deles, intitulado “Trânsitos Culturais”, apresenta rótulos e
medalhas concedidos às comissões paranaenses em feiras internacionais e industriais,
entre elas a Exposição Internacional da Filadélfia de 1876, que contou com a
presença do imperador Dom Pedro II. Londres. Além da Filadélfia (Pensilvânia),
Rio de Janeiro, Turim (Itália) e Bruxelas (Bélgica) foram alguns dos destinos
da erva-mate paranaense.
Nessa
sala também são apresentados rótulos ervateiros provenientes do acervo do Mupa.
“Esses rótulos foram peças que, apesar de
sua existência efêmera, foram fundamentais na construção de um imaginário
ervateiro. O surgimento da indústria litográfica e a utilização dessa nova
técnica, menos artesanal, garantia volume e novos recursos visuais, com formas
e cores modernas”, explicou Cecília Bergamo, pesquisadora da equipe de
curadoria da mostra.
A
sala botânica apresenta duas exsicatas (exemplar vegetal dessecado prensado) de
Ilex paraguariensis coletadas pelo professor Gerdt Hatschbach, provenientes do
acervo do Museu Botânico de Curitiba, além de um exemplar do livro do
naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire traduzido por David Carneiro e uma
obra sonora com memórias ervateiras.
“Essa sala faz uma ponte com a exposição “Eu
Memória, Eu Floresta: História Oculta”, em cartaz no Museu Paranaense, a qual
reverbera a ancestralidade dessa planta nativa e coloca em perspectiva a
ampliação da noção de patrimônio ervateiro”, complementou Rafaela.
ANDERSEN E A ERVA-MATE – Com texto do crítico de arte
espanhol Adolfo Montejo Navas, a exposição apresenta uma mostra de câmara com
paisagens e cenas do gênero realizadas pelo pintor Alfredo Andersen. “A coincidência dos tempos das coisas, 200
anos do conhecimento científico da erva-mate e 160 do nascimento do pintor, são
duas efemérides convergentes em destaque recíproco”, escreveu Navas em seu
texto “Alfredo Andersen e a erva-mate (convergência e vice-versa)”.
“Nós do complexo Alfredo Andersen estamos
muito felizes e empolgados com a parceria com o BRDE, por meio da Sociedade
Amigos de Alfredo Andersen, principalmente pelo fato de essa exposição resgatar
a herança cultural do nosso Estado”, afirmou Luiz Gustavo Vidal, diretor do
Museu Casa Alfredo Andersen.
ARTE CONTEMPORÂNEA – Para compor a programação, a sala
da torre do Palacete recebe o site-specific “Verde é o Verde” da artista Eliane
Prolik, “um verde que se cheira, que se materializa no ar”, como descreve o
curador Adolfo Montejo Navas.
Também
há uma sala dedicada à leitura contemporânea da obra de Andersen com um
conjunto de trabalhos das artistas Eliane Prolik e Larissa Schip com releituras
das obras de Andersen, entre elas “Vista Geral de Curitiba”, de 1904, e “Sapeco
da Erva-Mate” de 1905. O ambiente será um dos palcos para as atividades da
Semana Andersen de 2021.
Os
trabalhos instalados das salas contemporâneas ficarão em cartaz até 26 de
novembro de 2021 e podem ser visitados com agendamento no site www.brde.com.br/palacete.
PROTOCOLO – Em sua reabertura, o Espaço Cultural
BRDE - Palacete dos Leões adotou o agendamento das visitas e a certificação de
boas práticas sanitárias pela Local Confiável. São obrigatórios o uso de
máscara, a medição da temperatura corporal, seguir as regras de distanciamento,
entre outras medidas. Mais informações podem ser encontradas no site www.brde.com.br/palacete e nas redes
sociais @EspacoCulturalBrde.
O Espaço Cultural BRDE -
Palacete dos Leões está situado na Av. João Gualberto, 570, Alto da Glória e
pode ser visitado de terça a sexta-feira, das 14 às 17h, mediante agendamento.
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