terça-feira, 22 de março de 2022

Arquivo Público democratiza acesso a documentos históricos

Cidadãos curitibanos e pesquisadores de todo o Brasil podem acessar documentos, fotografias, decretos municipais, mapas e plantas históricos da cidade de Curitiba. Para ter acesso ao acervo histórico da Prefeitura, basta fazer o pedido à equipe do Departamento de Gestão do Arquivo Público Municipal, que armazena os documentos importantes para a memória da cidade. A unidade está ligada à Secretaria de Administração, Gestão de Pessoal e Tecnologia da Informação (Smap).

Na maior parte dos casos, os documentos são separados e enviados em formato digital ao solicitante, sem ser necessário comparecer presencialmente à sede de armazenamento e trabalhos técnicos do Arquivo Público, na CIC. A equipe de cerca de 25 profissionais, além de 12 scanners de alta tecnologia, auxilia na preservação e digitalização dos registros que datam de até dois séculos atrás.

Produzir pesquisas fica mais fácil quando se tem uma instituição com registros organizados, que preserva e difunde esse conhecimento, e que é receptiva com pesquisadores”, relata a professora de arquitetura e urbanismo e pesquisadora da UFPR, Elizabeth Amorim.

Ela utilizou os documentos do Arquivo Público em pesquisas sobre a história da urbanização de Curitiba, e frequentemente recorre ao acervo para novas consultas. A possibilidade de receber alvarás de construção, plantas arquitetônicas e registros de imóveis antigos em formato digital torna a pesquisa mais rápida.

O documento digitalizado permite a reconsulta, então quando preciso das informações para novos trabalhos, já tenho tudo no meu computador. Isso, por si só, já é um facilitador”, avalia.

MEMÓRIA DE CURITIBA - Para facilitar o acesso a registros históricos, a equipe do Arquivo Público passará a contar com um grupo de seis estagiários dos cursos de História e Arquitetura e Urbanismo. A partir dos próximos meses, eles organizarão as informações e farão o atendimento de pedidos da população. A expectativa da Smap é possibilitar ainda mais pesquisas sobre a história do município.

A estagiária de Arquitetura e Urbanismo Nayara Pereira Marques Alves foi contratada em fevereiro, e desde então reuniu documentos de construções históricas de Curitiba cadastradas como Unidades de Interesse de Preservação (UIPs), dentre elas, as igrejas do Rosário e da Ordem, no São Francisco.

Trabalhar com a organização desse material tem sido incrível, porque existe muita informação interessante que ninguém faz ideia de que se tem registro. Estamos ajudando a preservar a memória de Curitiba”, relata Nayara.

VALOR INESTIMÁVEL - Além de democratizar o acesso aos documentos, a digitalização também auxilia na preservação do acervo histórico. Quando o pesquisador não precisa manusear o registro original, o acervo é protegido, porque o simples fato de tocar e folhear documentos mais antigos pode ser suficiente para danificá-los. 

O gerente de Acervo e Pesquisa do Departamento de Arquivo Público, Kelton Sabatke, reforça que a digitalização não substitui os arquivos originais e que os documentos importantes continuam armazenados pelo Arquivo Público.

O valor do documento original, em papel, é inestimável. Por exemplo: a assinatura digitalizada do Barão do Serro Azul não é nada perto da assinatura original, cunhada a caneta por ele mesmo em 1891”, destaca.

Ele explica ainda que o Arquivo Público faz a gestão de arquivo de todas as secretarias municipais e que a estrutura recebe novos conteúdos diariamente.

PRESERVAÇÃO - E para preservar todos esses documentos pelo maior tempo possível, a equipe do Arquivo Público também se encarrega da recuperação de papéis degradados pelos anos e de seu correto armazenamento.

Quando uma nova peça chega ao acervo, ela é direcionada para o setor de conservação, onde profissionais fazem a planificação do material, a reconstrução de folhas rasgadas e desfeitas, e retiram elementos de metal, como grampos e espirais, que enferrujam com o tempo e danificam o papel. As folhas de papel fragmentadas e rasgadas passam pela reconstituição de uma servidora perita, que cola o material para recuperar sua forma original.

Depois de passar pelos setores de conservação e digitalização, o documento é encaminhado ao depósito, onde ficará armazenado pelo tempo que for necessário.

As áreas de armazenamento têm as condições de iluminação, umidade, temperatura e pressão ideais para a preservação do material, que só é manuseado com luvas e equipamentos de proteção. Todo o depósito também passa por dedetizações periódicas, e a limpeza do ambiente é feita com produtos específicos.

ORGANIZAÇÃO E TRANSPARÊNCIA - Além dos registros históricos, as cerca de 80 mil caixas com documentos do Arquivo Municipal também armazenam registros do cotidiano da administração pública, como processos administrativos e requerimentos.

Essas informações precisam ser guardadas de acordo com a tabela de temporalidade, respeitando a legislação arquivística brasileira, estadual e municipal, e podem ser solicitadas por órgãos de fiscalização e controle, a fim de garantir a transparência e a correta gestão administrativa.

Parte dos novos documentos, porém, têm tramitado somente em formato virtual, pelo Sistema Único de Protocolos (SUP), e são armazenados apenas virtualmente. Estes registros ficam disponíveis para serem consultados diretamente pelo solicitante por computador, sem ser necessário acionar o Arquivo Municipal.

De acordo com Kelton, a expectativa é de que nos próximos anos seja inaugurada uma plataforma similar ao SUP, que permitirá a consulta direta pela população de todos os documentos históricos digitalizados.

CONTATO - Para buscar documentos históricos, o cidadão pode entrar em contato com o Departamento de Gestão do Arquivo Público pelo telefone (41) 3350-8992 ou pelo e-mail arquivopublico@curitiba.pr.gov.br.

O departamento funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 18h, e caso seja necessário comparecer presencialmente à sede do Arquivo Público, é preciso solicitar agendamento prévio por e-mail.

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