O
economista britânico Benny Dembitzer, Prêmio Nobel da Paz em 1985, vem ao
Brasil para uma série de palestras nas instituições da Ânima Educação – uma das
maiores organizações privadas de ensino superior do país.
Especialista
em economia de países em desenvolvimento, o professor do University College
London (UCL) estará no UniCuritiba no dia 1º de setembro, às 19h, para discutir
os reflexos da globalização, efeitos do capitalismo, vulnerabilidade social e
as ameaças que colocam em risco o futuro da humanidade.
Benny
Dembitzer era diretor europeu da Médicos Internacionais para a Prevenção da
Guerra Nuclear (IPPNW) quando ganhou, junto com a equipe, o Prêmio Nobel da Paz
em 1985. Dirigiu o Fundo de Pesquisa e Investimento para o Desenvolvimento da
África na década de 1970; foi conselheiro sobre o desenvolvimento industrial da
Conferência de Coordenação de Desenvolvimento da África Austral (SADCC) e, ao
longo dos anos, trabalhou em 35 países na África e na Ásia.
Em
sua agenda pelas instituições da Ânima, o economista deve promover importantes
reflexões sobre os rumos da humanidade e a saturação dos sistemas econômicos,
assim como aborda em seu mais recente livro “The Famine next door: Africa is
burning and the West is watching” (A Fome ao lado: a África está queimando e o
Ocidente está assistindo).
Na
obra, Dembitzer destaca o quanto as sociedades são centralizadas. “Nossas sociedades são altamente urbanas,
metropolitanas e centralizadas. Não entendemos mais as sociedades que estão em
diferentes níveis de desenvolvimento nem os países pobres que não têm
estruturas para enfrentar seus desafios. Precisamos ajudar por meio de
parcerias reais em todos os níveis”.
GRAVES AMEAÇAS AO
PLANETA - “Bem-vindo ao mundo real, o mundo em que
todos vivemos, o mundo que minha geração destruiu”, diz o vencedor do
Prêmio Nobel. “Eu pensei que teria algo para passar para meu neto, mas ele não
terá nada para contemplar, nem rios para nadar, nem florestas para desfrutar,
nem elefantes para admirar na natureza”.
Os
motivos, aponta o palestrante, estão na confluência de graves ameaças: “Inflação de alimentos. Inflação energética.
Inflação do custo de vida. Colapso do ambiente físico. As florestas estão
pegando fogo, a água está desaparecendo de nossos rios e lagos. Temos um
mecanismo de crescimento descontrolado que não podemos parar”.
GLOBALIZAÇÃO - Aos convidados e estudantes do UniCuritiba,
o professor Dembitzer falará sobre a globalização e o que chama de capitalismo
sem controle. “Vimos a globalização como
o início de uma nova Era, um conjunto de princípios que se espalhariam e
melhorariam o mundo, mas não podemos romantizá-la. Vivemos em um mundo onde
temos a ilusão de ter escolhas, mas não temos. As escolhas estão sendo feitas
por aqueles que têm poder, seja o da idade, da força pessoal, das armas, da
força bruta e, às vezes, do capital”.
Segundo
Dembitzer, a globalização falhou. “Tirou
empregos de indivíduos comuns em nossas sociedades. Criou cadeias de
abastecimento cada vez mais frágeis nas indústrias e na agricultura. Falhou,
inclusive, em fornecer proteção contra a destruição ambiental. Criou escassez
de alimentos. Impediu que os países pobres tivessem acesso a vacinas porque as
multinacionais controlaram os direitos de propriedade internacional”.
Com
sistemas mundiais altamente complexos, avalia o economista, fica difícil manter
o controle. “Agora que a globalização
atingiu o pico, só podemos esperar que gerenciemos melhor seu declínio do que
gerenciamos sua ascensão”.
SOLUÇÕES
INDIVIDUALIZADAS - Ainda
que as nações vivam um grande número de problemas comuns, a ideia de que
existem soluções globais é equivocada na análise do especialista. “Cada problema deve ser identificado e
tratado separadamente. Se houver um incêndio na Amazônia, você não tem como
pedir ajuda aos bombeiros da França. Não devemos travar batalhas globais, mas
podemos lutar e vencer batalhas locais”.
Além
do localismo cuidadoso que proteja o interesse dos indivíduos, Dembitzer vê o
papel das universidades como determinante na recuperação do planeta e das
dimensões humanas. “A comunidade
acadêmica precisa liderar os elos e construir as pontes, porque só a cooperação
poderá garantir a sobrevivência humana”, finaliza.
O UniCuritiba está
situado na rua Chile, 1678, Rebouças.
Nenhum comentário:
Postar um comentário