O
Museu Paranaense (Mupa) inicia nesta quarta-feira (10) uma série de postagens
em suas redes sociais que relacionam as áreas da arquitetura e do design com os
departamentos científicos do museu: Antropologia, Arqueologia e História.
O
objetivo é compreender de que forma o diálogo entre essas áreas, aparentemente
tão distintas, podem resultar em reflexões sobre a maneira como vivemos,
habitamos e nos relacionamos com o ambiente construído, seja ele representado
por nossa moradia, local de trabalho ou cidade.
A
diretora do Museu Paranaense, Gabriela Bettega, acredita que a arquitetura é
uma manifestação espacial fruto de relações interdisciplinares. “Talvez nenhum espaço seja tão propício para
tais investigações como um museu que possui departamentos em campos como
antropologia, arqueologia e história com seus diversos e heterogêneos acervos
aguardando por narrativas a serem costuradas”, diz a diretora.
Segundo
ela, em análises etnográficas no campo da antropologia, por exemplo, pode-se
observar grupos sociais que, na construção de seu espaço, não fazem distinção,
tal como fazem as sociedades ocidentais, entre urbanismo, arquitetura,
agricultura, mitologia, astronomia e religião, mas exercem sua manifestação
espacial por meio de uma costura entre todos esses campos, em perfeita simbiose
com o meio.
Intitulada
“O campo ampliado da arquitetura no acervo do Mupa”, a iniciativa pretende ser
uma ferramenta capaz de ampliar e estimular novas reflexões e possibilidades
nesse momento em que a resiliência se torna fundamental.
Estarão
presentes questões como “de que maneira os povos originários e sua arquitetura
tradicional podem contribuir para repensarmos a nossa relação com as transformações
e o domínio da paisagem?”, ou “seria possível traçar uma relação direta entre a
geomorfologia, a geologia e a produção de nossa arquitetura? Nossa intervenção
no espaço seria uma nova camada estratigráfica passível de ser submetida a uma
constante análise arqueológica?”
PROGRAMAÇÃO - As postagens seguem até setembro,
com uma publicação a cada 15 dias nas redes sociais do Museu no Facebook e
Instagram.
Entre
os assuntos previstos no campo da História estão o conceito de sujeito família
presente na cultura portuguesa e sua influência na forma do espaço residencial
colonial brasileiro; o projeto do Centro Cívico de Curitiba, marco do urbanismo
modernista no Brasil; e a tradição de desenvolvimento de catálogos de
tipologias e projetos arquitetônicos e sua posterior replicação em contextos
distintos.
No
campo da Arqueologia, serão abordados o caráter projetual e por vezes criativo
do ofício do arqueólogo contemporâneo e sua relação com práticas do passado; a
produção ancestral de artefatos e sua interpretação enquanto elementos
estéticos e ornamentais; a utilização de cerâmicas e azulejos na arquitetura
portuguesa e posteriormente brasileira, com destaque para a influência que
descobertas arqueológicas de edificações romanas tiveram no resgate e popularização
dessa tradição.
E
no campo da Antropologia, estão entre os assuntos o conceito da construção
efêmera na arquitetura tradicional indígena, a ideia de mobilidade e sua
influência no entendimento do território; uma análise sobre as construções
tradicionais dos povos Jê em território paranaense, com destaque para a
arquitetura das casas subterrâneas; e a relação entre os grafismos indígenas e
o desenvolvimento da tipografia na criação e perpetuação de narrativas.
Mais informações: www.museuparanaense.pr.gov.br
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