O
Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) produziu um
caderno com propostas para o convívio seguro no espaço público e para a
promoção de ações de fortalecimento econômico da cidade em paralelo à prevenção
e controle do novo coronavírus.
São
intervenções de curto-prazo e de rápida implantação nas áreas da mobilidade e
promoção da economia local em polos comerciais de todas as regionais. As
propostas têm a flexibilização baseada nos decretos e normas vigentes
determinadas pela Saúde Pública.
O
conjunto de estudos faz parte de um trabalho integrado das diretorias de
Planejamento, Projetos e Informações e do corpo funcional do Ippuc, envolve as
demais secretarias municipais e se soma ao Programa de Retomada Econômica
Pós-Pandemia encaminhado à Câmara Municipal pelo prefeito Rafael Greca no
início desta semana.
“Pela via do planejamento, Curitiba busca
conciliar a necessidade de preservar a saúde com a retomada do funcionamento da
cidade dentro das potencialidades possíveis”, afirma a arquiteta Liana
Valicelli, diretora de Informações do Ippuc e coordenadora do trabalho.
USO DAS CALÇADAS - Entre algumas propostas estudadas
estão a da possibilidade de restaurantes e bares ocuparem parte dos passeios e
vagas de estacionamento com a colocação de mesas e cadeiras nas calçadas. Uma
vez permitida pelas autoridades sanitárias com base no quadro de agravamento da
pandemia, a medida seria implantada a partir de demarcações específicas no
piso, definindo a posição das mesas e garantindo distâncias seguras para as
atividades que ocorrem nas áreas externas.
Os
modelos sugeridos são para os polos existentes no Largo da Ordem e o Setor
Histórico e a Rua Prudente de Moraes, podendo ser estendidos, a partir de
avaliações pontuais, a demais áreas da cidade que ofereçam condições e demandas
similares.
Ainda
para o Largo da Ordem, também está em estudo, pelo Ippuc, o projeto do novo
layout da Feira de Artesanato, contemplando maior afastamento entre as barracas
e a organização do sentido do fluxo de usuários, com separação por cones e
comunicação visual.
Devido
ao grande número de barracas da feira, a proposta estipula a divisão do
funcionamento em dois dias diferentes. Projetos de novo layout para outras
feiras, como a Feira Livre de Orgânico do Passeio Público, e as feiras da Praça
29 de Março, das Mercês, do Alto da Glória e as feiras noturnas também estão
contemplados no estudo.
Para
a Rua Izaac Ferreira da Cruz, na região do Sítio Cercado, a proposta estipula
um novo arranjo para a localização dos ambulantes regulamentados que se
encontram na área das calçadas, com relocação das barracas para vagas de
estacionamentos próximos das esquinas. A medida visa aumentar o espaço de
circulação de pedestres nos passeios, proporcionar maior distanciamento físico
e manter os ambulantes próximos à sua localização atual.
Para
a Rua Enette Dubard, polo comercial da região do Tatuquara, o projeto prevê a
ampliação temporária da área do passeio com a ocupação de uma faixa da rua,
garantindo maior mobilidade para os pedestres e maior segurança para o
funcionamento do comércio, respeitando as normas sanitárias. A ação também pode
ser reproduzida em outras ruas comerciais da cidade, respeitando as
características locais de cada implantação.
MOBILIDADE ATIVA - Na área da mobilidade, a
intermodalidade é o ponto-chave das propostas. Neste contexto, estão as ações
de mobilidade ativa já em curso, como a da ciclofaixa e ampliação das calçadas
aos sábados no entorno do Mercado Municipal.
Esta
ação contempla ainda a expansão da malha voltada à ciclomobilidade prevista no
Plano de Estrutura Cicloviária de Curitiba, com a implantação de ciclofaixa na
Padre Anchieta conectada ao sistema de transporte coletivo, às estações do
biarticulado do sistema Expresso e aos terminais de transporte Campina do
Siqueira e Campo Comprido. E também a recuperação da estrutura cicloviária da
João Bettega para a ligação com a Cidade Industrial de Curitiba.
Complementam
as propostas com foco na intermodalidade, as ações sanitárias para aumentar a
segurança dos usuários do sistema de transporte coletivo, entre elas a
implantação de demarcações para distanciamento nas áreas de espera dos abrigos
de ônibus e estações-tubo, para a organização do espaço público, maior proteção
aos pedestres e ampliação do espaço de circulação.
ÁREAS DE CONVIVÊNCIA - O estudo também inclui as áreas de
Habitação de Interesse Social de Curitiba com a proposta de criar condições
para utilização de espaços de uso público como extensão da moradia e áreas de
atividades e convivência sem aglomerações.
Uma
referência do estudo é a Vila Ulisses Guimarães, próxima ao Ribeirão dos Padilhas,
na Regional Pinheirinho, para a qual é proposto um projeto de horta comunitária
que conjuga a segurança alimentar à criação de áreas de lazer. A proposta
contempla ainda áreas com hortas, praça de instruções, canteiros, jardim de
flores e praça de colheita, podendo ser replicada em diversas comunidades de
Curitiba.
As
Ruas Compartilhadas são outro modelo sugerido no estudo do Ippuc. Trata-se da
ampliação temporária da área do passeio com a ocupação de parte da rua,
garantindo maior mobilidade para os pedestres e maior segurança para o convívio
no espaço urbano, respeitando as normas sanitárias.
A
ação tem como exemplo a Travessa Kalil Karam Filho, na região do Tatuquara e
pode ser reproduzida em outras ruas da cidade, respeitando as características
locais de cada implantação.
FASES DO TRABALHO - As propostas apresentadas pelo
Ippuc são organizadas em três fases, sendo a primeira delas a de resposta e
enfrentamento da crise, com período estimado de um a 12 meses; a segunda, a de
gerenciamento da crise, com tempo de três a 18 meses, e a terceira fase a do
estabelecimento do “novo normal”, com período estimado de três a 36 meses.
“Neste contexto cumprimos o propósito de responder, retomar, reimaginar, ressignificar e reestabelecer a dinâmica urbana sob o espírito da empatia e da solidariedade”, reforça Liana Vallicelli.
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