O escritor paranaense Miguel Sanches Neto acaba de lançar pela Ateliê Editorial um novo livro de crônicas, o “Museu da Infância Eterna”, além de uma reedição de “Herdando uma Biblioteca”, publicado em 2003. As obras fazem parte do projeto Crônicas Reunidas II e reúnem textos publicados por mais de duas décadas em veículos de comunicação estaduais e nacionais.
As
crônicas foram selecionadas considerando-se a resistência ao tempo e a possibilidade
de serem lidos fora do contexto que os originou. As narrativas partem da vida
de um homem de origem rural e com família de baixa escolaridade que tem o sonho
de construir uma nova história social, mostrando mudanças de hábitos e
comportamentos relacionais. “As crônicas
trabalham com a identidade brasileira a partir da minha circunstância
paranaense”, revela o autor.
O
novo livro, “Museu da Infância Eterna”, reúne textos sobre a infância de
Sanches Neto. Segundo ele, essa fase lhe dá lições de vida constantemente. “É um período que não passa, uma fase eterna
enquanto memória”, considera. Além de abordar sua própria infância, Miguel
retrata um pouco também da infância de seus filhos, como um contraponto à sua.
Já
a obra “Herdando uma Biblioteca” aborda o “nascimento” de uma biblioteca na
vida de um jovem que começou sua vida num ambiente rural. Essa nova edição tem
textos novos para ampliar o volume e revisão de todas as crônicas. “É um dos títulos que escrevi de que mais
gosto. Num país sem hábitos de leitura, apresenta a visão de como um jovem de
família pobre chega ao livro e faz dele o seu habitat”, expressa.
Por
meio do projeto Crônicas Reunidas, Sanches Neto já lançou outros cinco livros: “Minha
Vida de Velho”, “Cidades Alugadas”, “Vista-se Logo, Querida”, “Uma Outra Pele”
e “Um Menino Toca Flauta no Metro”. Todos os projetos foram realizados através
da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Rouanet) em parceria com a ABC Projetos
Culturais.
CRÔNICAS TARDIAS - O autor se considera um “cronista tardio” pelo fato de só se dedicar às crônicas a partir dos anos 2000, quando já tinha publicado livros de contos, poemas, romances e ensaio. “Nesse período havia um mercado muito movimentado para a crônica, espaço em jornais e surgimento de novas revistas, como a Bravo! e a Entrelivros, o que gerava uma solicitação de textos para os autores brasileiros”, explica. Com o fim desse mercado, ele também diminuiu a escrita, já que a produção de crônicas esteve relacionada à sua profissionalização como autor.
Em
seus 30 anos como escritor, Miguel Sanches Neto já lançou 40 livros e foi
indicado a vários prêmios de literatura, ganhando o Prêmio Nacional Luis
Delfino, o Prêmio Cruz e Sousa e o Binacional de Artes Brasil/Argentina. Já foi
finalista do prêmio Portugal Telecom e do Prêmio São Paulo e considerado pela
revista Veja como o melhor autor da sua geração.
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