segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

“Os Zeróis”, antologia de Ziraldo, é pura diversão

No início da década de 1940, em Caratinga (MG), o menino Ziraldo desenhava os próprios gibis. Muitos deles eram protagonizados pelo super-herói espacial Capitão Tex, saído da fértil imaginação do futuro artista. Mais de vinte anos depois, em plena ditadura militar, o jovem Ziraldo publicaria uma série de cartuns memoráveis - os “Zeróis” -, em que os poderes de Super-Homem, Batman e companhia se mostravam em irônico descompasso com a revolução comportamental dos anos 1960.
Quando ninguém mais esperava por eles, eis que os Zeróis ressurgiram em 2010 como tema de telas de grande formato que - dialogando e parodiando obras de Velázquez, Picasso, Salvador Dalí, Roy Lichtenstein e Andy Warhol, entre outros – revelaram um Ziraldo pintor, com total domínio do desenho e das cores. “Meu Deus, era isto que eu queria fazer...!”, constatou, feliz, o consagrado cartunista. As pinturas fizeram parte da exposição “Zeróis: Ziraldo em tela grande”, que passou pelo Rio de Janeiro e por Brasília.
Toda essa trajetória - das peripécias espaciais do Capitão Tex às incursões do autor no universo do acrílico sobre tela - é resgatada com o lançamento de “Os Zeróis” (Globo Livros, 256 pags), livro ilustrado com reproduções de trabalhos publicados originalmente em Fatos e Fotos, Jornal do Brasil, Pasquim (inclusive a antológica série “Pôster dos Pobres”), além de um capítulo reservado exclusivamente para as onomatopeias com o grafismo e o colorido típicos de Ziraldo.
O texto assinado pela roteirista Maria Gessy, que há anos trabalha com o autor, descreve e reflete o contexto em que as obras foram produzidas. E o próprio Ziraldo assina as legendas que fornecem informações adicionais e comentam o processo criativo de cada cartum, quadrinho, tela ou esboço. Lançado como parte das comemorações pelos 80 anos de um verdadeiro herói da criatividade brasileira, o livro promove o encontro do Ziraldo artista gráfico com o Ziraldo artista plástico.

O autor - Ziraldo Alves Pinto dedica sua vida à literatura e à ilustração para crianças. É artista gráfico, humorista, escritor de livros infantis, ilustrador, cartunista, caricaturista, dramaturgo, jornalista e bacharel em direito. Publicou seus primeiros cartuns na imprensa de seu estado, Minas Gerais, quando ainda nem havia escolas de artes no Brasil. Em 1960 lançou a primeira revista brasileira de comics com a Turma do Pererê. Escreveu e ilustrou seu primeiro livro para crianças, Flicts, em 1969 e, a partir daí, não parou mais de fazer trabalhos para o público infanto-juvenil. Sua maior criação é o Menino Maluquinho, livro que desde 1980 diverte as crianças e já foi adaptado para teatro, cinema e televisão.

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