O
Museu Paranaense (Mupa) promove de 25 a 29 de maio o I Simpósio Virtual “Arte
indígena em comunicação: diálogos entre saberes tradicionais, estética e
sustentabilidade”. O evento, que será transmitido na conta @museuparanaense no
Instagram, tem a colaboração de diferentes comunidades indígenas, pesquisadores
e instituições. Todos os dias será publicada a biografia do convidado e, em
seguida, exibida a palestra e outros vídeos, além de uma transmissão ao vivo.
Em
tempos de muitas reflexões decorrentes da pandemia em um mundo globalizado, o
simpósio busca valorizar o sentido de comunidade, formada tanto pelos
pesquisadores quanto por indígenas, em atividades que rompem as fronteiras do
museu, chegando também nas aldeias.
O
evento tem o objetivo de criar um espaço de diálogos entre as memórias, o
cotidiano nas aldeias, as coleções de arte indígena e as instituições culturais
da América do Sul. São contribuições importantes que vão entrelaçar narrativas
sobre saberes tradicionais, tanto de povos amazônicos como do Sul do Brasil e
Nordeste da Argentina, com estudos acadêmicos apresentados por pesquisadores
experientes.
A
diretora do Museu Paranaense, Gabriela Bettega, explica que a arte indígena
será analisada sob várias perspectivas, como patrimônio, diversidade, cinema,
memórias, produção cultural, e acervos em instituições públicas e privadas.
“No simpósio virtual será destacada a
importância dos saberes tradicionais em relação à sustentabilidade e à
construção das identidades. Serão abordados também os diálogos e articulações
da arte indígena com a cosmologia, as narrativas míticas, os saberes
tradicionais, os artefatos e os agentes mediadores. A ideia é promover a
aproximação entre várias temáticas que vêm sendo estudadas no Museu Paranaense
desde as suas origens, em 1876”.
PROGRAMAÇÃO – Na segunda-feira (25), às 18 horas,
tem palestra com a professora da Universidad Nacional Mayor de San Marcos,
Luisa Elvira Belaunde, sobre a trajetória de mulheres indígenas em Cantagallo,
no Peru, na busca de sustentabilidade e no reconhecimento da arte
Shipibo-Konibo, e suas relações sociocosmológicas, especialmente a da artista
Olinda Silvano.
No
dia 26 (terça) a programação começa às 13 horas, com um mergulho na cultura
Mbyá-Guarani do litoral paranaense. A cacica Mbyá-Guarani Juliana Kerexu Mirim
Mariano, liderança indígena feminina no Sul do Brasil, mostra a diversidade e a
importância das artes no perpetuar da memória ancestral e na construção da identidade
ameríndia. Danças e músicas que se conectam com o sagrado e com a natureza
socialmente transformada.
Ainda
na terça, às 18 horas, o professor da Universidade de São Paulo (USP) Pedro de
Niemeyer Cesarino faz uma análise contextualizada das artes de povos
ameríndios, especialmente da Bacia Amazônica e outras regiões das terras baixas
da América do Sul, destacando os processos na produção de artefatos e
construções. Ele discute as relações entre pessoas e objetos, mitos e ritos,
percorrendo múltiplas trajetórias convergentes à impermanência material nas
artes.
Na
quarta-feira (27), às 18 horas, haverá uma live com os diretores do filme “Bicicletas
de Nhanderú”, os indígenas Mbyá-Guarani Patrícia Ferreira e Ariel Ortega, e a
arqueóloga do Museu Paranaense, Claudia Inês Parellada. O link do filme foi
disponibilizado pelo Instagram do Mupa no domingo, 24 de maio, para quem quiser
assistir antes do bate-papo.
Na
quinta-feira (28) tem programação dupla: às 13 horas será exibido vídeo
produzido pelo professor Florêncio Rekayg Fernandes, que apresenta aspectos culturais
Kaingang na Terra Indígena Rio das Cobras, Sudoeste do Paraná, incluindo a
herança de saberes e fazeres, como o trançado, importantes na sustentabilidade
e na afirmação da identidade étnica.
O
vídeo mostra a elaboração de cestos em taquara, da forma tradicional e
raramente observada, com os motivos decorativos, alternando fibras mais claras
com as enegrecidas por carvão, fixados com cera de abelha jataí.
No
mesmo dia, às 18 horas, a arqueóloga responsável pelo Departamento de
Arqueologia do Museu Paranaense, Claudia Inês Parellada, fala sobre a busca de
novos horizontes no estudo das artes indígenas no Paraná, entrelaçando com
dados arqueológicos e históricos, discutindo materialidade e imaterialidade,
diversidade e herança cultural. A pesquisadora destaca as coleções
arqueológicas e etnográficas do Mupa, possibilitando diferentes conexões e
rupturas em análises sobre representações simbólicas, mitos e cultura material
no transcorrer do tempo.
Encerrando
o simpósio, na sexta (29), às 18 horas, a pesquisadora do Museu Paraense Emílio
Goeldi, Lúcia Hussak Van Velthem, apresenta um histórico das principais
pesquisas já desenvolvidas sobre artes indígenas no Brasil, com a análise de
diferentes conceitos que buscam englobar e destacar a diversidade cultural. Com
muitos exemplos, aponta articulações entre mitologia e arte, e elenca
referências fundamentais para reflexões sobre essa temática.
CONTINUIDADE – Além do simpósio virtual, o Museu
Paranaense vai promover também um encontro presencial, previsto para o segundo
semestre de 2020, dando continuidade ao projeto, com mais convidados de
comunidades indígenas e científicas.
PROGRAMAÇÃO
25
de maio (segunda), às 18h
Palestra
“Uma biografia urbana do Kene Shipibo-Konibo”, com a professora doutora Luisa
Elvira Belaunde (Universidad Nacional Mayor de San Marcos, Lima, Peru).
26
de maio (terça), às 13h
Vídeo
“Arte Mbyá-Guarani da Tekoa Takuaty, Ilha da Cotinga, litoral do Paraná”, de
Juliana Kerexu Mirim Mariano (Cacica Mbyá-Guarani do Tekoa Takuaty, Paraná).
26
de maio (terça), às 18h
Palestra
“A política da impermanência nas artes ameríndias”, com o professor doutor
Pedro de Niemeyer Cesarino (Universidade de São Paulo).
27
de maio (quarta), às 18h
Live
com os diretores do filme “Bicicletas de Nhanderú”, os indígenas Mbyá-Guarani
Patrícia Ferreira e Ariel Ortega, e a arqueóloga Dra. Claudia Inês Parellada
(Departamento de Arqueologia do Museu Paranaense).
Dia
28 de maio de 2020 (quinta), às 13h
Vídeo
“Memória e arte Kaingang em Rio das Cobras, Paraná” do professor Kaingang
Florêncio Rekayg Fernandes (doutorando em Antropologia na Universidade Federal
do Paraná).
28
de maio (quinta), às 18h
Palestra
“Entrelaçando arqueologias e artes indígenas no Paraná, Sul do Brasil”, com a
doutora Claudia Inês Parellada (Departamento de Arqueologia do Museu
Paranaense).
29
de maio (sexta), às 18h
Palestra
“Artes dos povos indígenas no Brasil”, com a professora doutora Lúcia Hussak
Van Velthem (Museu Paraense Emílio Goeldi).
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