sexta-feira, 18 de junho de 2010

"O mundo é tão bonito e eu tenho tanta pena de morrer..." (José Saramago)

O escritor José Saramago, primeiro Prêmio Nobel português, morreu aos 87 anos nesta sexta-feira em sua casa na ilha canária de Lanzarote, informou a editora que publica seus livros na Espanha, a Alfaguara.
Cético e pessimista contumaz, Saramago combinou o realismo mágico com a áspera crítica política, levantando sua voz por inúmeras vezes contra as injustiças, o conservadorismo, a Igreja e os grandes poderes econômicos, que ele via como grandes doenças de seu tempo.
"Estamos afundados na merda do mundo e não se pode ser otimista. O otimista ou é estúpido ou insensível ou milionário", disse o escritor em dezembro de 2008, durante apresentação em Madri de "As Pequenas Memórias", obra em que recorda sua infância entre os 5 e 14 anos.
A Fundação Saramago disse que o escritor havia morrido de uma falência múltipla de órgãos depois de uma prolongada doença.
Entre as obras do autor português, que começou a carreira como poeta, estão "O Ano da Morte de Ricardo Reis", "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" e "Ensaio sobre a Cegueira".
O autor, cuja saúde frágil provocava temores sobre sua vida há alguns anos, publicou no final de 2009 seu último romance "Caim", um olhar irônico sobre o Velho Testamento, muito criticado pela Igreja Católica.
No lançamento da obra, disse que a bíblia era um "manual de mal moral" e um "catálogo do pior da natureza humana".
Saramago, nascido em Azinhaga, na região central de Portugal, cresceu numa família de camponeses e se autoexilou em 1992, depois que o governo português excluiu sua obra "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" de uma lista de recomendações para um prêmio literário.
Desde então, fixou residência em Lanzarote, nas Ilhas Canárias (Espanha), onde morava com a tradutora e jornalista Pilar del Río.

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