A
partir de fevereiro, cegos e pessoas com visão reduzida poderão utilizar a mais
moderna tecnologia de visão artificial do mundo para acesso a livros e artigos
na Biblioteca Pública do Paraná, em Curitiba. A instituição recebe quatro
aparelhos OrCam MyEye – um dispositivo acoplado a um óculos que fotografa os
textos, escaneia e os transforma em áudio.
A
entrega aconteceu nesta quinta-feira (6), numa parceria entre a Secretaria de
Justiça, Família e Trabalho e Secretaria da Comunicação Social e da Cultura,
que firmaram o termo conjunto de cessão de uso.
O
Paraná é um dos primeiros estados brasileiros a proporcionar esta solução
inovadora, que permite a leitura e a identificação de pessoas pelos rostos,
dentre outras funcionalidades.
Os
aparelhos foram adquiridos pelo Departamento de Política da Pessoa com
Deficiência e da Assessoria de Gestão Inteligente e Inovação, vinculado à
Secretaria da Justiça, Família e Trabalho. A equipe da secretaria já realizou
os testes e treinamentos com os funcionários da BBP.
“O atendimento e a política para a pessoa com
deficiência é uma prioridade em nossa gestão, e quando conhecemos essa
tecnologia fizemos todos os esforços para adquirir alguns equipamentos e
iniciar um projeto-piloto”, explica o secretário Ney Leprevost.
“É uma política pública inovadora que
oferecerá opções reais e eficientes para que as pessoas com deficiência visual
possam usufruir de todo o acervo da Biblioteca Pública. Mas, mais do que isso,
oferecerá uma oportunidade inédita na vida dessas pessoas. É emocionante ver a
reação de uma pessoa cega ao poder folhear um livro e pela primeira vez saber o
que está escrito nele”, completa.
Para
o secretário da Comunicação Social e da Cultura, Hudson José, a oferta da
tecnologia vai incrementar o atendimento e atrair mais pessoas para a
Biblioteca. “É um estímulo para que
pessoas com necessidades especiais possam acessar um vasto acervo literário”,
destaca ele.
O
secretário ainda complementou que a aquisição destes equipamentos segue a
diretriz do Governo do Estado, voltada à aplicação da tecnologia para facilitar
e gerar inclusão de toda a população. "Oferecer
acesso à cultura é parte deste processo de adaptação e inclusão do ser humano,
e este programa é um passo fundamental para garantir a igualdade e romper
barreiras", complementou.
“Mais que um leitor de textos, o OrCam MyEye
possibilita autonomia ao usuário. A Biblioteca sempre visa a integração de seus
usuários e, com esse dispositivo, contaremos com uma importante ferramenta para
a inclusão”, comemora Ilana Lerner, diretora da Biblioteca Pública do
Paraná. No total, cinco OrCam MyEye foram adquiridos por determinação do
governador Carlos Massa Ratinho Junior, que conheceu a tecnologia no ano
passado, durante exposição de inovações realizadas no Palácio Iguaçu.
INFORMAR E ESTUDAR – A jornalista Gisele Zolnier (37)
perdeu a visão ainda aos 11 anos de idade, por causa de um acidente doméstico.
Desde então, precisou se adaptar à leitura em braille para se informar e
estudar, por exemplo, além de audiobooks. Ela testou a tecnologia do OrCam
MyEye durante o evento na BPP, e elogiou a possibilidade de ler uma variedade
maior de conteúdos.
"O método braille é muito útil para
alfabetização e rotulagem, mas o óculos permite a leitura de coisas mais
complicadas, como jornais, documentos ou dinheiro. É um equipamento de
utilização simples, fácil para nos adaptarmos com a voz e com as
funcionalidades", destacou Gisele.
AVANÇADA - Já o presidente do Instituto
Paranaense de Cegos (IPC), Ênio Rodrigues da Rosa, conheceu uma das primeiras
versões do equipamento e destacou que a que chega à Biblioteca Pública é bem
mais avançada. "Testamos esta nova
versão no Instituto, e ela está muito mais versátil e simples de usar",
afirmou Ênio.
Ele
ainda enfatizou o valor inclusivo deste tipo de iniciativa. "É um equipamento que amplia o acesso e a
inclusão de pessoas cegas, com baixa visão ou outras que tenham dificuldade
para leitura, e nós esperamos que o Governo do Estado possa ampliar este
programa cada vez mais".
A
representante comercial da empresa que produz os óculos, Tatiana Rigler, afirma
que o equipamento é bastante completo. "Ele permite a leitura em português, inglês e espanhol, tem
funcionalidade de identificação de produtos comuns do dia a dia, das pessoas
pelo rótulo ou embalagem, faz a leitura de cédulas de dinheiro, documentos e
até mesmo a identificação facial de pessoas", disse Tatiana.
PLACAS E RUAS - Dentre outras funcionalidades, os
óculos ainda possibilitam a leitura de placas com nome de ruas e identificação
de cores. Segundo o secretário Ney Leprevost, cada unidade foi adquirida por
aproximadamente US$ 5 mil.
As
cinco primeiras servirão para avaliar as possibilidades de ampliação da
parceria. Quatro unidades estão sendo cedidas à BBP, que utilizará dois em suas
instalações e repassará dois a bibliotecas do Interior do Estado, a serem
selecionadas. A outra será destinada para uso em eventos da Secretaria da
Justiça, como o Paraná Cidadão e a Feira da Cidadania.
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