A
Prefeitura de Curitiba se prepara para um novo patamar no planejamento da
cidade, marcado pela inovação. Está em andamento um amplo mapeamento
aeroespacial obtido com os mais avançados recursos tecnológicos para garantir
dados precisos sobre a cidade.
O
levantamento inclui aproximadamente 160 elementos - ruas, calçadas, ciclovias,
rampas, pontos de iluminação, edificações, passarelas, pontes, escadarias,
pontos de ônibus, torres, rios, vegetação, parques, praças, campos de futebol,
piscinas, tudo o que existe em Curitiba.
A
Solução de Gestão Territorial devolve a cidade à vanguarda da cartografia
digital. Com o novo sistema será possível saber desde o relevo, hidrografia,
sistema viário até os detalhes das construções em solo curitibano.
Sob
a coordenação da Superintendência de Tecnologia da Informação da Secretaria de
Administração e de Gestão de Pessoal e do Instituto de Pesquisa e Planejamento
Urbano de Curitiba (Ippuc), o projeto prevê o levantamento de imagens em três
dimensões de toda a cidade feito a partir de uma aeronave (aerofotogrametria),
numa área de 435 km².
Mais
do que imagens da fachada, como estamos acostumados quando usamos o Google
Maps, por exemplo, com o levantamento tridimensional a Prefeitura conseguirá
avançar na qualidade e na precisão das informações.
“Poucas cidades no mundo têm esse tipo de
informação de uma área tão grande e com tamanha qualidade”, declara o
coordenador de Pesquisa do Ippuc, Oscar Schmeiske.
A
captação de imagens foi feita numa área ainda maior, de 550 km². Os novos
recursos garantirão uma interpretação real de toda a cidade.
RECURSOS PARA A
MODERNIZAÇÃO - O
investimento de R$ 25,9 milhões para contratar o consórcio Curitibatech,
formado por quatro empresas especializadas (Esteio, Engefoto e Senografia, de
Curitiba, e Hiparc, de Vitória, Espírito Santo), integra o Programa de
Modernização da Administração Tributária e da Gestão dos Setores Sociais
Básicos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Comparando
as imagens dos sistemas existentes com os novos produtos contratados pela
Prefeitura de Curitiba, a diferença é notória. “O levantamento permite
identificar mais elementos do que os dados que vínhamos usando”, explica
Schmeiske.
Segundo
ele, que é um especialista em geoprocessamento, a Prefeitura tem há décadas
muitos dados espaciais. “Alguns com
características diferentes daquelas que passamos a ter agora. Com atualização
permanente, o sistema vai suprir as diferentes necessidades da Prefeitura hoje
e também no futuro”, completa o coordenador de Pesquisa.
DECOLAGENS PARA AS FOTOS - No último semestre de 2019, os
moradores de Curitiba podem ter observado a presença de aeronaves (bimotores)
de pequeno porte sobre a cidade, a altura de cerca de 770 metros. Vencidas as
dificuldades do clima da cidade e as normas da aviação, foram dezenas de
decolagens para as fotos em 102 faixas de voo. Cada faixa pode ter um voo ou
mais.
Também
houve 55 faixas de voo destinadas a outra tecnologia, a modelagem a laser, que
resulta em imagens precisas relativas ao tipo de superfície. “É como se jogássemos um lençol sobre a
cidade para podermos identificar uma edificação ou a área verde de uma região”,
exemplifica Oscar. Esta é a primeira vez que Curitiba faz o levantamento a
laser, abrangendo toda a cidade.
Equipados
com modernos recursos e controlados por especialistas, os voos permitiram o
levantamento preciso e totalmente rastreável.
TECNOLOGIA + EXPERIÊNCIA - Além da tecnologia embarcada nas
aeronaves, os equipamentos do consórcio disponíveis para o trabalho são
extremamente avançados e a equipe envolvida, formada por geógrafos, engenheiros
cartógrafos, engenheiros civis, programadores, analistas de sistemas e
engenheiros da computação, tem longa experiência cartográfica.
As
informações levantadas passam ainda pelo controle de qualidade, feito por
profissionais com grande conhecimento e, quando necessário, são feitas visitas
de campo para tirar as dúvidas e tornar os dados ainda melhores.
“Conhecer a cidade de maneira adequada
permite desenvolver políticas públicas compatíveis com a realidade. Os dados
que Curitiba já tinha serão incorporados e nenhuma informação cartográfica e
geográfica será perdida, pois o sistema é bastante robusto”, declara o
geógrafo Alex Adriano Sikora, gerente do projeto Curitibatech, e um dos
responsáveis pela rígida gestão do sistema.
A
opção por aviões do serviço aéreo especializado em vez de drones (veículo não
tripulado controlado de forma remota) proporcionou qualidade e agilidade ao
mapeamento ostensivo, com sobrevoos em áreas maiores do que o que é possível
com drones e garantiu o cumprimento do cronograma para o trabalho.
EXATIDÃO CARTOGRÁFICA - O levantamento segue parâmetros
definidos pela Concar (Comissão Nacional de Cartografia), que fixa diretrizes e
bases da cartografia brasileira. O sistema desenvolvido para Curitiba atende o
PEC (Padrão de Exatidão Cartográfica), utilizado em todo país, e as regras de
um instrumento chamado INDE (Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais), que
se orienta por meio de parâmetros válidos internacionalmente.
As
imagens de alta resolução geradas com o levantamento extrapolam o impacto de
uma imagem bonita e de qualidade da cidade.
Com
ortofotos, que permitem definir uma área, a posição de um muro, a largura de
uma rua, a distância exata entre dois pontos, será possível ter o desenho da
cidade em três dimensões de forma bastante precisa.
SIMULAÇÕES - Além do resultado cartográfico, que
é transformar a cidade toda em desenho ou numa imensa maquete eletrônica, será
possível fazer cálculos, testar possibilidades, verificar como o solo está
sendo utilizado.
Com
tanta informação, também será possível fazer simulações, comparar duas
realidades diferentes, um momento antes e depois, saber o fluxo do vento, a
insolação nos imóveis, estudar o uso de energia solar, eólica, ampliando os
exercícios possíveis. “É o futuro no
presente”, diz Schmeiske.
O
novo cadastro de informações poderá ser utilizado por diferentes áreas que
precisem dos dados. Dentre elas, o Ippuc, as secretarias da Saúde, de Finanças,
do Urbanismo. A população também terá acesso ao banco de dados.
Na
avaliação de Schmeiske, outro importante passo que Curitiba dará está
relacionado ao sistema que será totalmente integrado. “A informação espacial, do geoprocessamento, poderá ‘conversar’ com a
informação documental, aquela registrada pela Secretaria do Urbanismo, por
exemplo. Esta é uma possibilidade nova que dá consistência ainda maior à
informação”, comenta.
Schmeiske
ressalta que o sistema reduzirá drasticamente o risco de erro no preenchimento
dos dados, menos pessoas precisarão se envolver com etapas como a de elaboração
de desenhos ou a conferência do trabalho, excluindo a possibilidade de erro.
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