terça-feira, 9 de julho de 2019

Museu da Imagem e do Som inaugura o Aurora - cineclube de cinema paranaense


Os cinéfilos de Curitiba vão ganhar nesta quinta-feira (11) um presente e tanto. Às 19 horas, no Museu da Imagem e do Som do Paraná (MIS-PR), acontecerá a sessão inaugural do Aurora - cineclube de cinema paranaense, cujo primeiro ciclo será dedicado ao cineasta Fernando Severo (foto), que em 2019 completa 40 anos de carreira.
O Aurora promoverá sessões quinzenais, sempre às quintas-feiras, das 19 às 22 horas, no miniauditório do MIS. A programação, a exemplo do ciclo dedicado a Severo, será composta por quatro sessões, que incluirão filmes do(a) artista escolhido(a), obras de diversos autores, propostas pela curadoria, e um filme selecinado pelo próprio cineasta - todos sempre pensados na relação que mantêm entre si.
A diretora do Museu e também uma das curadoras do cineclube, Cristiane Senn, diz que o Aurora nasce com a missão de promover, difundir e incentivar o debate em torno da produção audiovisual de curta e longa-metragem realizada no Estado, fomentando um espaço de pensamento de cinema a partir de realizadores e profissionais do audiovisual paranaense, desde os pioneiros até os contemporâneos.
Os outros curadores são os cineastas Thomas van Osten e William Biaglioli, para quem o cinema paranaense é riquíssimo, com uma produção muito relevante, mas ainda pouco conhecida do grande público.
Principal expoente da geração do Super-8, Severo começou a rodar filmes entre o fim da década de 1970 e o começo dos anos 1980, no Paraná. Este primeiro conjunto de títulos em Super-8, entre eles o filme de estreia de Severo, “Hu” (1979), será apresentado em sua bitola original, assim como seus primeiros trabalhos em vídeo, na primeira sessão do ciclo.
A segunda sessão acontecerá, excepcionalmente, na Cinemateca de Curitiba em parceria com o MIS, composta por filmes em 35mm do diretor Fernando Severo, nascido em Caçador, Santa Catarina, mas criado no Paraná. Rodados entre o começo dos anos 2000 e 2010, os filmes, como “Os Desertos Dias” e “Visionários”, representam o ponto de maturidade da carreira do diretor. Será uma oportunidade rara para ver estas obras projetadas em seu formato original, em película 35mm.
Na terceira sessão do ciclo, será exibido um dos mais premiados e celebrados filmes da carreira do diretor: “O Mundo Perdido de Kozák” (1988), que retrata a obra do documentarista Vladmir Kozák, premiado como melhor filme no XXI Festival de Cinema de Brasília e vencedor de outros 16 prêmios nacionais. A sessão também exibirá outros filmes que investigam uma poética cinematográfica do retrato, como "O Poeta do Castelo", de Joaquim Pedro de Andrade, e "Retrato de Maria Callas", de Werner Schroeter.
A sessão surpresa do Cineclube Aurora é um convite ao acaso para o espectador. Tão acostumado com a profusão de informações e estímulos, este é o momento que você deixa o conforto de lado e simplesmente se entrega para uma experiência de descoberta. Um mergulho no desconhecido. A primeira sessão carta branca do Cineclube Aurora apresentará um filme programado e comentado por Severo, que só será revelado na hora de sua apresentação.

FERNANDO SEVERO - Natural de Caçador (SC) e criado em Clevelândia (PR), Severo, que já foi diretor do MIS-PR, realizou a maior parte dos seus filmes no Paraná, desde 1979 até os dias de hoje. Trabalhou com diversas bitolas, tendo sido um dos mais importantes realizadores de cinema Super-8 do Estado, reconhecido no Brasil e internacionalmente.
De sua obra em Super-8, destaca-se “Aluminosa Espera do Apocalipse” (1979), exibido este ano no Festival de Cinema de Ouro Preto, promovido em conjunto com Ruy Vezzaro e Peter Lorenzo, filme feito pela ótica da loucura de um homem que constrói uma cidade destinada a repovoar o mundo depois do apocalipse; ou “Hu” (1979), também Super-8, considerado o primeiro filme experimental feito no Paraná.
Em 16mm, Severo fez “O Mundo Perdido de Kozak”, sobre a vida e a obra de Vladimir Kozák, tcheco naturalizado brasileiro que morou em Curitiba por mais de 40 anos, filmando aspectos urbanos e rurais do Brasil, notadamente indígenas no interior do Estado.
Em 35mm, Severo fez curtas-metragens de grande qualidade que foram pouco vistos pelo público local: por exemplo, “Século XX: Primeiros Tempos” (1993), curta-metragem para a série Panorama Histórico Brasileiro, produzida pelo Itaú Cultural; ou “Visionários” (2002), documentário poético com trilha sonora de Harry Crowl, que retoma o tema de “Aluminosa” e registra os últimos vestígios de dois santuários construídos no Norte do Paraná por pequenos agricultores, nos anos 1960 e 1970, inspirados por visões místicas; ou ainda “Os Desertos Dias” (1991), ficção sobre um militante político latino-americano que se refugia no litoral do Paraná, onde vive na constante expectativa de ser descoberto e eliminado.
O filme tem roteiro escrito a seis mãos, com José Rubens Siqueira e Valêncio Xavier, multiartista radicado no Paraná que, além de Diretor do MIS-PR, também foi criador da Cinemateca de Curitiba.
Com multiplicidade e inventividade ímpares, dialogando fortemente com o curta-metragem brasileiro e novos cinemas do mundo todo, como a Nouvelle Vague e o Cinema Novo Alemão, Severo participou de uma época profícua de crítica e de produção de cinema no Paraná, e ajudou a pavimentar o cenário de produção audiovisual local, seja no documentário, na ficção, no cinema experimental, em Super-8, 16mm, 35mm, vídeo, Umatic e digital.

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