terça-feira, 19 de abril de 2011

Tribunal belga julgará em setembro suposto racismo em “Tintin no Congo”

(BBC Brasil) - Um tribunal da Bélgica marcou para 30 de setembro o início do julgamento da ação que pretende retirar das prateleiras de livros infantis uma das obras do personagem de histórias em quadrinhos Tintin, do cartunista belga Hergé.
A ação diz respeito ao livro “Tintin no Congo” (intitulado “Tintin na África”, no Brasil), publicado originalmente entre 1930 e 1931 na Bélgica. O autor do processo, o cidadão congolês Bienvenu Mbutu Mondondo, alega que o conteúdo do livro mostra uma visão preconceituosa e colonialista dos negros e dos povos africanos.
Tintin no Congo é o segundo livro da série As Aventuras de Tintin. Na obra, o personagem viaja ao território da atual República Democrática do Congo, onde se envolve em aventuras com nativos, animais selvagens e gangues de criminosos.
Na época da publicação do livro, o país era colônia da Bélgica. A independência ocorreu em 1960, quando o novo país adotou o nome de Zaire.
Além de colocar o livro nas seções de obras adultas nas livrarias, os autores da ação pretendem que a capa da obra tenha um aviso de que seu conteúdo é racista e que um prefácio contextualize historicamente a trama.
Mondondo entrou com a ação juntamente com o Conselho Representativo de Associações Negras (Cran).
Acredita-se que os advogados de defesa da empresa Moulinsart, que detém os direitos de Tintin, e da editora Casterman, que publica a obra, irão alegar o direito à liberdade de expressão como principal argumento para manter a obra como está.

Modificações
Hergé tinha 23 anos quando “Tintin no Congo” foi publicado.
O autor, que morreu em 1983, afirmou, anos depois da publicação do livro, que se deixou levar pelos "preconceitos da sociedade burguesa" e que o espírito da trama era condizente com a visão "paternalista" que o ocidente tinha em relação aos países africanos à época.
Nos anos 1970, “Tintin no Congo” ganhou uma reedição, na qual Hergé fez modificações na história.
Em uma delas, o autor transformou um trecho em que Tintin dá uma aula de história a estudantes africanos, ensinando que o país dos alunos era a Bélgica. Na nova edição, Hergé transformou o cenário em uma aula de matemática.

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