quinta-feira, 17 de março de 2016

Nova edição do Cândido discute o uso da primeira ou da terceira pessoa na ficção

A edição de março do jornal Cândido, publicado pela Biblioteca Pública do Paraná, traz uma discussão sobre a predominância de textos em primeira pessoa, seja nas redes sociais, na conversa cotidiana, em expressões artísticas e, principalmente, na literatura.
O Cândido entrevistou escritores brasileiros e estudiosos para saber se, de fato, o texto em primeira pessoa é o mais praticado atualmente na literatura. A professora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Rejane Rocha afirma que, pelo menos por parte da crítica, há um interesse maior em discutir a narrativa em primeira pessoa como sintoma de uma época que valoriza o “real” - daí o apelo de biografias, documentários e reality shows.
Já o professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Gustavo Bernardo não acredita, por exemplo, que há um excesso de textos em primeira pessoa, mas sim atenção exagerada ao fenômeno. “A emergência de muitos textos em primeira pessoa me parece ter outra razão. Configura uma espécie de reação à onipresença dos narradores oniscientes em terceira pessoa, característica do paradigma realista do século XIX”, argumenta Bernardo.
Outro destaque da edição 56 do Cândido é uma entrevista com Matinas Suzuki Jr, jornalista e editor, que tem entre os destaques de seu currículo passagem pela Folha de S.Paulo, pelo programa Roda Viva, da TV Cultura, e, recentemente, pela Companhia das Letras, onde idealizou a coleção “Jornalismo Literário”, que trouxe ao leitor brasileiro algumas das reportagens mais célebres publicadas em jornais e revistas ao longo do século XX.
Entre os inéditos, a edição traz conto de Marcelino Freire, poemas de Ademir Demarchi e Juliana de Meira, fragmento de um romance, ainda sem título, de Leandro Sarmatz, e um trecho de Abaixo do paraíso, romance de André de Leones, previsto para ser lançado ainda neste mês pela editora Rocco.
O Cândido tem tiragem mensal de 10 mil exemplares e é distribuído gratuitamente na Biblioteca Pública do Paraná e em diversos pontos de cultura de Curitiba. O jornal também circula em todas as bibliotecas públicas e escolas de ensino médio do Estado. É enviado, via correio, para assinantes a diversas partes do Brasil. É possível ler a versão online do jornal em www.candido.bpp.pr.gov.br. O site também traz conteúdo exclusivo, como entrevistas, vídeos e inéditos.

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