quinta-feira, 18 de abril de 2019

Premiado espetáculo “Cão Sem Plumas” da Cia Deborah Colker chega neste sábado a Curitiba

Um dos mais impactantes espetáculos brasileiros, “Cão Sem Plumas”, da Companhia de Dança Carioca Deborah Colker, premiado com “Oscar” mundial da dança, o prêmio russo “Benoin de la Danse”, chega a Curitiba, neste sábado (20), às 21 horas, no Teatro Guaíra. A apresentação, que é baseada no poema homônimo de João Cabral de Melo Neto (1920-1999), traz dois elementos culturais ao palco: balé e filme, unidos dando voz ao poema de forma árdua, atual e universal, pois aborda a pobreza da população ribeirinha nordestina, o descaso das elites, a vida no mangue, de “força invencível e anônima”.  Este é o primeiro espetáculo da renomada Cia. Deborah Colker com temática explicitamente brasileira no currículo. Os ingressos estão sendo vendidos pelo Disk Ingressos. A Cia. conta com o patrocínio da Petrobras desde 1995.
O espetáculo é sobre coisas inconcebíveis, que não deveriam ser permitidas. É contra a ignorância humana, a destruição da natureza, sendo o “Cão Sem Plumas” a representação dos rios nordestinos e das pessoas que vivem em seu entorno.
Os elementos da dança, com os corpos dos 13 bailarinos, se dialogam com o cinema, nas cenas de um filme projetado no fundo do palco, realizado por Deborah e pelo pernambucano Cláudio Assis – diretor de longas-metragens como Amarelo Manga, Febre do Rato e Big Jato. As imagens foram registradas em novembro de 2016, quando coreógrafa, cineasta e toda a companhia viajaram durante 24 dias do limite entre sertão e agreste até Recife.
A jornada também foi documentada pelo fotógrafo Cafi, nascido em Pernambuco. Na trilha sonora original estão mais dois pernambucanos: Jorge Dü Peixe, da banda Nação Zumbi e um dos expoentes do movimento mangue beat, e Lirinha (ex-cantor do Cordel do Fogo Encantado, poeta e ator), além do carioca Berna Ceppas, que acompanha Deborah desde o trabalho de estreia, Vulcão (1994). Outros antigos parceiros estão em cenografia e direção de arte (Gringo Cardia) e na iluminação (Jorginho de Carvalho). Os figurinos são de Claudia Kopke. A direção executiva é de João Elias, fundador da companhia.
Os bailarinos se cobrem de lama, alusão às paisagens que o poema descreve, e seus passos evocam os caranguejos. O animal que vive no mangue está nas ideias do geógrafo Josué de Castro (1908-1973), autor de Geografia da fome e Homens e caranguejos, e do cantor e compositor Chico Science (1966-1997), principal nome do mangue beat. O movimento mesclava regional e universal, tradição e tecnologia. Como Deborah faz.
Para construir um bicho-homem, conceito que é base de toda a coreografia, a artista não se baseou apenas em manifestações, que são fortes em Pernambuco, como maracatu e coco. Também se valeu de samba, jongo, kuduro e outras danças populares. “Minha história é uma história de misturas”, afirma ela.
Tendo a Petrobras como mantenedora desde 1995, seu grupo se firmou como fenômeno pop em Velox (1995), Rota (1997) e Casa (1999). Os espetáculos Nó (2005), Cruel (2008), Tatyana (2011) e Belle (2014) trataram de temas existenciais, como os afetos. Em Cão Sem Plumas, Deborah reúne aspectos de toda a sua carreira.
Cabem a elegância do clássico, a lama das raízes e o olhar contemporâneo. O nome disso é João Cabral”, diz ela.

COMPANHIA DE DANÇA DEBORAH COLKER - Reconhecida internacionalmente, Deborah recebeu em 2001 o Laurence Olivier Award na categoria Oustanding Achievement in Dance (realização mais notável em dança no mundo).
A coreógrafa brasileira Deborah Colker foi a primeira mulher a escrever e dirigir um show do Cirque du Soleil, quando criou o espetáculo Ovo, em 2009. Em 2016, foi a diretora de movimento da cerimônia de abertura das Olimpíadas do Rio de Janeiro.
João Cabral vivia em Barcelona, como diplomata, quando leu numa revista que a expectativa de vida no Recife era menor do que na Índia. A notícia foi o impulso para fazer O cão sem plumas. Publicou em 1953 O rio ou Relação da viagem que faz o Capibaribe de sua nascente à cidade do Recife e, três anos depois, sua obra mais conhecida, Morte e vida Severina. Sua poesia, das mais importantes do Brasil, é marcada pelo rigor e pela rejeição a sentimentalismos.

Livre para todas as idades, a apresentação da Cia. Deborah Colker tem ingressos que variam de R$ 43,50 (meia) a R$ 126,00 (inteira) de acordo com o setor do teatro. A taxa administrativa de R$ 6,00 está incluída no valor. Mais informações: 3315-0808 ou www.diskingressos.com.br.

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