sábado, 8 de dezembro de 2012

Biografia de Dolores Duran mostra uma mulher à frente de seu tempo

Dolores Duran (1930-1959), a cantora e compositora que legou à música popular brasileira sucessos como “A Noite do Meu Bem”, “Por Causa de Você” e “Estrada do Sol”, entre outras canções, foi uma mulher muito à frente de seu tempo. Mesmo tendo cursado apenas o então curso primário, a carioca Adiléia Silva da Rocha - o verdadeiro nome da cantora - era bem informada, culta, politizada e autodidata em idiomas.
A vida curta e intensa da estrela que morreu de um enfarte aos 29 anos, no auge da carreira, está contada no livro “Dolores Duran: A Noite e as Canções de Uma Mulher” (Editora Record, 560 págs, R$ 49,90). Fascinante, que o jornalista e pesquisador musical Rodrigo Faour acaba de lançar. A biografia, além de esmiuçar as desventuras amorosas, o comportamento boêmio e os problemas pessoais da cantora, traça também um painel do Rio de Janeiro e do Brasil na década de 1950.
Foram mais de 70 entrevistados, entre os que conviveram com a artista, admiradores e nomes da música que contribuíram para imortalizar a obra de Dolores que, apesar de reduzida, teve cerca de 850 regravações até hoje. “Mergulhei fundo para conseguir entrevistar o máximo de pessoas possíveis e recorrer a todo tipo de fonte disponível dos que haviam privado com ela, mas já não estavam mais entre nós”, disse Faour.
Produtor, entre 2009 e 2010, de uma caixa de oito CDs com as músicas compostas ou apenas interpretadas por Dolores Duran, Faour, de 40 anos, teve nesse trabalho a inspiração para escrever a biografia. “Antes, eu achava a Dolores basicamente uma grande compositora e letrista, que tinha também algumas boas gravações como cantora. Desde que comecei a colher os depoimentos para a caixa de CDs, isso mudou”, ressaltou.
Autora de canções e letras em que o amor é cantado muitas vezes de forma triste e melancólica, Dolores Duran foi uma mulher divertida, irônica e namoradeira, que vivia intensamente a noite carioca. Segundo Faour, ela sabia que tinha um problema congênito no coração e pressentia que sua vida não seria longa.
 Além desse insight, há um componente do acaso que fez dela uma pessoa absolutamente genial e precoce. A única personalidade que pode ser comparada a ela por esses quesitos é Noel Rosa, que morreu aos 26 anos”, disse Faour, que como escritor já publicou as biografias de Cauby Peixoto e Claudette Soares, um livro sobre a Revista do Rádio e a História Sexual da MPB, trabalho pioneiro sobre a evolução do comportamento sexual nas letras da canção da brasileira.

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