terça-feira, 1 de outubro de 2019

Peça que discute a violência contra a mulher tem temporada no Miniguaira


Nesta quinta-feira (3) estreia a peça “Sete”, com direção de Thadeu Peronne. O texto de Dione Carlos é inspirado na história real da advogada líbia Eman al-Obeidi que invade um hotel e denuncia ter sido estuprada por quinze soldados, durante dois dias seguidos. A peça fica em cartaz até dia 20 de outubro, de quarta a domingo, no Miniguaíra.
“Sete” reverbera a violência cometida contra mulheres em todo planeta: pode ser contra as ancestrais indígenas e negras, ambas escravizadas nas mãos dos colonizadores ou as mulheres judias em campos de concentração ou, ainda, as meninas mantidas em cativeiro pelo tráfico no Rio de Janeiro, passando pelos barracões de estupro na Bósnia, estupros coletivos no Congo, na Índia, no Brasil...
O estupro. A morte. As injustiças. A Vida. A incapacidade de comunicação. A ausência de oxigênio. Os exércitos. As balas dos canhões, as metralhadoras... E um universo paralelo, renascimento, morte... ‘Sete’ fala de tudo isso. É uma denúncia poética que traz para o palco a energia da mulher, um jogo de vozes e harmonias musicais, uma fricção de cores, de sentimentos”, define o diretor Thadeu Peronne.

CONJUNÇÃO CÓSMICA - Peronne também gosta de pensar “Sete” como “uma conjunção cósmica com a psiquê humana. ‘Sete’ pulsa no universo como um pedido de justiça. Um texto providencial nos dias de hoje. É para catapultar emoções num universo realista não muito distante do que estamos vivendo hoje. Para nos fazer renascer e ir para frente nesse mundo em que se vive no limiar do humano”.
Além das apresentações, estão previstas palestras sobre os temas que permeiam a peça como violência, opressão e cultura do estupro.
No palco, os atores Ana Paula Taques, Erica Colognezi, Geisa Costa, Gideão Ferreira e Leonardo Goulart. Basicamente, não há personagens, mas vozes/figuras. Também não há linearidade dramática. Há paisagens. Em alguns momentos o que se pode definir por “cosmovisão anímica” ganha o palco. É possível conceber a voz e a alma de objetos inanimados como uma faca ou uma banheira. “Sete” possibilita, ainda, uma aproximação com a antiguidade clássica. Assim como em “Antígona”, de Sófocles, os códigos da sociedade são desafiados.Para os egípcios, Sethe era o Deus do caos e da guerra, presentes no imaginário de “Sete”. A peça é permeada pela espiritualidade.
A dramaturga Dione Carlos lembra que “o diretor Thadeu Peronne está há sete anos batalhando para montar a peça e agora consegue. Sete anos para montar ‘Sete’, isso deve significar algo, talvez saibamos um dia...Eu acredito realmente que o texto escolhe as pessoas e ele deve ter sido escolhido por esse texto que é o despertar de Lilith, é Iansã tomando parte do fogo de Xangô para si... É o momento de virada das mulheres, em que passamos da paralisia causada pela dor e a ignorância, ao movimento que o renascimento e o conhecimento trazem”.

O DIRETOR - Thadeu Peronne é ator, produtor e diretor teatral.  Em quase 30 anos de profissão já foi premiado duas vezes como melhor ator do Paraná com o prêmio Gralha Azul. Fez parte do CPT, Centro de Pesquisa Teatral de Antunes Filho, em São Paulo. Influenciado por seus estudos, por um período de um ano, com dramaturgos franceses, montou Imprecações do filósofo Michel Deutsch. Lotou plateias em São Paulo e Curitiba na direção, ao lado de Mazé Portugal, de “Cold Meat Party”. Plateias lotadas também ao ser dirigido por Laércio Ruffa em “Os Bobos de Shakespeare”, que permaneceu três anos em cartaz. Os últimos espetáculos dirigidos por ele, “AmorexiA” e “As Aves de Aristófanes”, foram sucesso de público e crítica em Curitiba.

A DRAMATURGA - Dione Carlos é dramaturga formada pela SP Escola de Teatro. Cursou Jornalismo na Universidade Metodista de São Paulo. Atua como dramaturga em parceria com companhias de teatro. É orientadora artística do Núcleo de Dramaturgia da Escola Livre de Santo André e dramaturga convidada do projeto espetáculo da Fábrica de Cultura da Brasilândia. Possui quinze textos encenados, publicações em revistas, sites e coletâneas de dramaturgia. Lançou seu primeiro livro em 2017: “Dramaturgias do Front”. No início da carreira fez parte da Companhia Teatro Promíscuo, onde atuou em “Admirável Mundo Novo”.

FICHA TÉCNICA
Texto: Dione Carlos
Direção: Thadeu Peronne
Elenco: Ana Paula Taques, Erica Colognezi, Geisa Costa, Gideão Ferreira e Leonardo Goulart
Iluminação: Rodrigo Ziolkowski
Música original: Harry Crawl
Criação de cenário, figurino e adereços: Paulinho Maia
Preparação corporal: Carmela Ferraz
Projeção mapeada e vídeos: Alan Raffo
Fotos: David D’Visant
Ilustração original: Rony Bellinho
Design Gráfico: Rafael Jubainski
Produção Executiva: Mazé PortugalProdução: Thadeu Peronne Produções Artísticas.
 
PALESTRAS NO MINIGUAIRA

Tema: Violência, opressão e cultura do estupro com a atriz Ludmila Nascarella e a advogada Xênia Mello | Data: 8 de Outubro, às 20h.
Tema: Psiquê da mulher atual em tempos de cultura do estupro com a professora e psicoterapeuta Rosângela Cardoso e a psicóloga Semíramis VedovattoData: 15 de Outubro, às 20h

Indicada para maiores de 14 anos, a peça “Sete” tem encenações às quartas, quintas e sextas, às 20h; sábados, às 18 e 20h; e domingos, às 17h e 19h. Os ingressos custam R$ 15,00 e R$ 7,50 (meia) e podem ser adquiridos na bilheteria do teatro ou pelo site www.ticketfacil.com.br.

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