A produção da arte Naïf paranaense
ganha um apanhado de peso. Sete artistas contemporâneos, nascidos ou radicados
no estado, têm sua obra reunida no livro “Naïf no Paraná”, que ganha lançamento
neste domingo (7) no Solar do Rosário (rua Duque de Caxias, 4), às 11h, com
abertura de exposição. A publicação teve Regina Casillo, diretora do Solar do
Rosário, como curadora e Lúcia Casillo Malucelli assina a coordenação geral do
projeto. A tiragem da edição é de mil exemplares e reúne obras de Constância
Nery, Corina Ferraz, Lidia Saczkovski, Mara D. Toledo, Marcelo Schimaneski,
Marisa Vidigal e Regina Mehler, além de textos sobre os criadores. Todos eles
terão obras expostas nesta mostra.
Em comum, os artistas trazem nas
pinceladas a arte Naïf, estilo surgido no fim do século XIX e produzido por
artistas sem formação acadêmica ou com formação acadêmica mas que optaram por
este segmento de arte. Como principal característica, a simplicidade, dando
menor importância à perspectiva, proporção, luz e sombra. O Naïf fez parte de
uma série de mudanças decisivas para o desenvolvimento da arte moderna. O
termo, que significa inocente ou ingênuo em francês, se refere na verdade à
busca de outras formas de fazer e sentir arte.
“Há uma negação a tradição clássica e
figurativa”, explica o professor de História da Arte da Escola de Música e
Belas Artes do Paraná, Fabricio Vaz Nunes, que assina um texto sobre o Naïf no
livro. Ele aponta a importância da prática e a busca de uma expressão pessoal.
“Ser autodidata não significa que o artista não estude, ele estuda através da
prática constante e do aperfeiçoamento”, contou. Aos poucos, premiações
exclusivas e inserções no mundo acadêmico abrem espaço para o Naïf, assim como
o livro busca apresentar um espectro de artistas dedicados a este movimento.
ARTISTAS - "Arte Naïf" reúne
obras selecionadas de sete artistas, três paranaenses e quatro radicados no
estado. Lidia Saczkovski é de Irati, mas morou nove anos no Nordeste, antes de
se instalar em Curitiba. Esta temporada influencia sua obra, bem como sua
origem ucraniana, a religiosidade ortodoxa e o folclore eslavo. Participou da
13ª Bienal de Arte Naïf e Marginal Arte na Sérvia, foi prêmio aquisição do
Ministério da Cultura em Caracas (Venezuela) e teve menção honrosa na 6ª Bienal
Internacional Naïf em Buenos Aires (Argentina).
O ponta-grossense Marcelo Schimaneski
encontrou na pintura uma forma de se expressar, após um acidente que o deixou
paralisado do pescoço para baixo. Suas telas contam com cores vibrantes em
temas como infância e cenas rurais. Em 2008, ficou entre os cinco finalistas da
Bienal Naïf de Piracicaba, em uma competição com mais de mil artistas de todo o
mundo.
Natural de Curitiba, Regina Mehler
iniciou na pintura Naïf em 1999, participando de importantes ateliês da cidade.
Entre exposições coletivas e
individuais, passou por espaços como a Sala do Artista Popular da
Secretaria do Estado e o Clube Curitibano, na capital paranaense, e a Galeria 8
Artes, na cidade do Porto (Portugal). Foi orientada por Constância Nery entre
2005 e 2010, com quem agora divide as páginas do livro.
Constância Nery é natural de Ipiguá, em
São Paulo. Sua primeira exposição foi em 1969, no Museu do Folclore da capital
paulista, antes de se mudar para Curitiba, onde ocupa a cadeira nove da
Academia Paranaense de Poesia. Seu trabalho, permeado por manifestações
folclóricas e populares, a levou para galerias ao redor do mundo, com telas na
França, Portugal e Israel.
Também do estado de São Paulo, Corina
Ferraz trabalhou como ilustradora em editoras, agências de publicidade e
estúdios de arte. Desde 1990 participa de exposições coletivas, sendo a
primeira individual em 1997 no Solar do Rosário. Esteve presente na VII Bienal
de Arte Sacra da Argentina e na "Jesus 2000", em Kansas (EUA). Seu
nome é citado em mais de 15 livros de arte, consagrando sua estética.
Mara D. Toledo nasceu e Passo Fundo
(RS), onde desde a adolescência mostrava habilidade com o meio artístico no
departamento de artes de uma editora. Sua infância e os lugares que conheceu
são recorrentes nas obras, bem como o cotidiano do interior, entre colheitas e
festas populares. A atenção aos detalhes é marca registrada das obras, que a
levaram a participar de mostras nos Estados Unidos, Espanha, Rússia, Malásia,
França e Reino Unido.
O cenário do interior também inspira
Marisa Vidigal, nascida na cidade de Santo Antônio de Calambau, hoje Presidente
Bernardes (MG). Já lecionou cursos na Universidade Federal do Paraná e no
Atelier de Arte Contemporânea de Edilson Viriato. Acumulou prêmios em diversos
estados, com destaque à menção honrosa na IX Mostra de Artes Plásticas da
Câmara Municipal de Curitiba. Foi convidada para participar da seleção da New
CenturyGallery pelo curador do Museu Guggenheim, Francis Dosne.
O LIVRO - Viabilizado pela Lei Rouanet,
com patrocínio das empresas Roca, Blount, Trutzschler, Propex, Impextraco,
Incepa e Igarashi, "Arte Naïf" é editado pelo Solar do Rosário. Com
tiragem de mil exemplares, entra para a lista de mais de trinta livros
publicados pelo espaço artístico e distribuídos para bibliotecas de todo o
país. "Crianças e adultos de todo o Brasil poderão apreciar esses
incríveis artistas do Paraná", comenta Regina Casillo, "e também fora
de nossas fronteiras, uma vez que esse projeto será lançado em Portugal em
setembro de 2015". O livro, com suas variadas temáticas, celebra a cultura
popular, preservando o patrimônio imaterial da arte, afirma Regina: "a
riqueza da diversidade do repertório de cada artista faz com que apreciemos
mais e mais a arte, elemento fundamental na estrutura da sociedade".
A exposição fica em cartaz até 30 de
janeiro de 2015 e pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h30;
sábados e domingos, das 10h às 13h. Mais informações: 3225-6232 ou
www.solardorosario.com.br.
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