Percorrendo turnê nacional, o novo
espetáculo da companhia brasileira de teatro, “Projeto Brasil” terá uma
temporada em Curitiba entre este sábado (dia 13) e 6 de março. O trabalho já
foi indicado a diversos prêmios, e será apresentado no Teatro José Maria
Santos, de quinta-feira a domingo, às 20h. Resultado de dois anos de pesquisas,
intenso trabalho e viagens para as cinco regiões do país, a montagem traz um
conjunto de performances criadas a partir da reflexão dos artistas sobre o
país. “Projeto Brasil” tem direção de Marcio Abreu e conta no elenco com os
atores Giovana Soar, Nadja Naira e Rodrigo Bolzan e o músico Felipe Storino.
A estreia nacional ocorreu no Rio de
Janeiro, em outubro, após uma pré-estreia com apenas três sessões em Curitiba,
todas lotadas. Em janeiro deste ano retomou a estrada, com agendas em Brasília
(14 a 17 de janeiro, no CCBB) e Manaus (27 e 28 de janeiro, no Teatro
Amazonas). Depois da temporada na capital paranaense, a companhia levará “Projeto
Brasil” para Porto Alegre, Salvador e São Paulo.
Entre 2013 e 2014, a companhia
brasileira de teatro viajou por capitais das cinco regiões brasileiras,
passando por Salvador, Manaus, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Brasília. Foram
apresentados espetáculos de seu repertório e, numa outra frente, o grupo realizou
seminários, palestras, leituras e vivências com o público e outros artistas. As
andanças não se deram apenas em ambientes artísticos ou culturais, mas também
em outros cantos das cidades visitadas.
Dessas viagens, trocas de informações
com pessoas diversas e, também, das reflexões artísticas que o percurso gerou,
foi montado um mosaico criativo. O resultado está entrelaçado na sequência de
cenas de “Projeto Brasil”. Elas são independentes e em formatos diversos, que
privilegiam ora a fala, ora a música, o corpo, a luz - como define Marcio
Abreu, “discursos”.
“Mas não são discursos unívocos, nem
iguais na forma”, diz o diretor. “O espetáculo traz um conjunto bem heterogêneo
que inclui palavra, performance, música, teatro. É mais sensorial do que
narrativo; convoca, implica, provoca”. Os integrantes da companhia se deixaram
afetar pelos encontros com outros criadores brasileiros e com o público
teatral, pela vivência espontânea, pelos muitos materiais, pensamentos e ações
produzidos nesse trajeto. O primeiro fruto disso tudo é o que vem ao palco. Não
se trata, reitera Abreu, de um retrato documental, mas sim da reverberação
artística da experiência.
Assumindo os riscos de criar uma peça a
partir do olhar para o país num momento como o de hoje, a companhia brasileira
de teatro se dedicou à tarefa com o rigor técnico, o apreço pela pesquisa e a
inquietação que lhe são peculiares. As rotas percorridas, as situações vividas,
histórias e bibliografias lidas, o caminho foi aos poucos sendo construído.
“Desde o começo não queríamos falar
explicitamente sobre o país”, conta o diretor Marcio Abreu. “Com o decorrer do
trabalho, isto se concretizou: falar sem falar expressamente, tratar de outras
coisas para tratar do Brasil. Esta outra dimensão de trabalho é um reflexo
também da impossibilidade de falar sobre o país, num momento onde as coisas
ainda estão acontecendo, numa velocidade muito grande”. A impossibilidade de
dar conta de tudo por meio da palavra também refletiu no formato do espetáculo,
com uma aproximação no rumo de outras formas de expressão como a performance.
São tratados temas como política,
igualdade, consumo exacerbado, economia de mercado, ética, o caráter
descartável de tudo na nossa sociedade, a ânsia por compreender e se comunicar.
Outras questões remetem ao trabalho do grupo, como o papel do ator, do teatro e
da arte. Os figurinos, também em preto, remetem a um “fim de festa”, como
define Marcio.
Um palco diferente - O preto sobre o
preto está em cena, e num sobrepalco redondo se instala uma floresta de
microfones - alguns são utilizados, outros não -, como se estivessem prontos
para um pronunciamento. E a fala acontece, de fato, mas não da forma mais
convencional. É neste cenário que são realizadas as cenas independentes que
compõem o Projeto Brasil. Há momentos de texto propriamente dito, inspirados em
discursos reais, como a ministra da Justiça da França Christiane Taubira ou o
ex-presidente uruguaio Jose Mujica, bem como criações da própria companhia,
além de cenas que buscam outras possibilidades de expressão.
“Projeto Brasil” é indicado para
maiores de 16 anos e tem ingressos custando R$ 20,00 e R$ 10,00 (meia). Mais
informações: 3315-0808 ou www.diskingressos.com.br.
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