sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Companhia brasileira de teatro traz a Curitiba o “Projeto Brasil”

Percorrendo turnê nacional, o novo espetáculo da companhia brasileira de teatro, “Projeto Brasil” terá uma temporada em Curitiba entre este sábado (dia 13) e 6 de março. O trabalho já foi indicado a diversos prêmios, e será apresentado no Teatro José Maria Santos, de quinta-feira a domingo, às 20h. Resultado de dois anos de pesquisas, intenso trabalho e viagens para as cinco regiões do país, a montagem traz um conjunto de performances criadas a partir da reflexão dos artistas sobre o país. “Projeto Brasil” tem direção de Marcio Abreu e conta no elenco com os atores Giovana Soar, Nadja Naira e Rodrigo Bolzan e o músico Felipe Storino.
A estreia nacional ocorreu no Rio de Janeiro, em outubro, após uma pré-estreia com apenas três sessões em Curitiba, todas lotadas. Em janeiro deste ano retomou a estrada, com agendas em Brasília (14 a 17 de janeiro, no CCBB) e Manaus (27 e 28 de janeiro, no Teatro Amazonas). Depois da temporada na capital paranaense, a companhia levará “Projeto Brasil” para Porto Alegre, Salvador e São Paulo.
Entre 2013 e 2014, a companhia brasileira de teatro viajou por capitais das cinco regiões brasileiras, passando por Salvador, Manaus, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Brasília. Foram apresentados espetáculos de seu repertório e, numa outra frente, o grupo realizou seminários, palestras, leituras e vivências com o público e outros artistas. As andanças não se deram apenas em ambientes artísticos ou culturais, mas também em outros cantos das cidades visitadas.
Dessas viagens, trocas de informações com pessoas diversas e, também, das reflexões artísticas que o percurso gerou, foi montado um mosaico criativo. O resultado está entrelaçado na sequência de cenas de “Projeto Brasil”. Elas são independentes e em formatos diversos, que privilegiam ora a fala, ora a música, o corpo, a luz - como define Marcio Abreu, “discursos”.
Mas não são discursos unívocos, nem iguais na forma”, diz o diretor. “O espetáculo traz um conjunto bem heterogêneo que inclui palavra, performance, música, teatro. É mais sensorial do que narrativo; convoca, implica, provoca”. Os integrantes da companhia se deixaram afetar pelos encontros com outros criadores brasileiros e com o público teatral, pela vivência espontânea, pelos muitos materiais, pensamentos e ações produzidos nesse trajeto. O primeiro fruto disso tudo é o que vem ao palco. Não se trata, reitera Abreu, de um retrato documental, mas sim da reverberação artística da experiência.
Assumindo os riscos de criar uma peça a partir do olhar para o país num momento como o de hoje, a companhia brasileira de teatro se dedicou à tarefa com o rigor técnico, o apreço pela pesquisa e a inquietação que lhe são peculiares. As rotas percorridas, as situações vividas, histórias e bibliografias lidas, o caminho foi aos poucos sendo construído.
Desde o começo não queríamos falar explicitamente sobre o país”, conta o diretor Marcio Abreu. “Com o decorrer do trabalho, isto se concretizou: falar sem falar expressamente, tratar de outras coisas para tratar do Brasil. Esta outra dimensão de trabalho é um reflexo também da impossibilidade de falar sobre o país, num momento onde as coisas ainda estão acontecendo, numa velocidade muito grande”. A impossibilidade de dar conta de tudo por meio da palavra também refletiu no formato do espetáculo, com uma aproximação no rumo de outras formas de expressão como a performance.
São tratados temas como política, igualdade, consumo exacerbado, economia de mercado, ética, o caráter descartável de tudo na nossa sociedade, a ânsia por compreender e se comunicar. Outras questões remetem ao trabalho do grupo, como o papel do ator, do teatro e da arte. Os figurinos, também em preto, remetem a um “fim de festa”, como define Marcio.

Um palco diferente - O preto sobre o preto está em cena, e num sobrepalco redondo se instala uma floresta de microfones - alguns são utilizados, outros não -, como se estivessem prontos para um pronunciamento. E a fala acontece, de fato, mas não da forma mais convencional. É neste cenário que são realizadas as cenas independentes que compõem o Projeto Brasil. Há momentos de texto propriamente dito, inspirados em discursos reais, como a ministra da Justiça da França Christiane Taubira ou o ex-presidente uruguaio Jose Mujica, bem como criações da própria companhia, além de cenas que buscam outras possibilidades de expressão.

“Projeto Brasil” é indicado para maiores de 16 anos e tem ingressos custando R$ 20,00 e R$ 10,00 (meia). Mais informações: 3315-0808 ou www.diskingressos.com.br.

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