terça-feira, 14 de maio de 2019

Croquis urbanos: o jovem professor que ensina arquitetos a traçarem a cidade


Com apenas 20 anos, foi a experiência de vida e o trabalho que fez o estudante de Arquitetura e Urbanismo Guilherme Cesar Novak, aluno da PUC-PR, a lecionar - antes mesmo de se formar - desenhos urbanos para arquitetos e outros colegas que desejam olhar a cidade com mais detalhes. Foi com essa premissa que ele formatou a oficina de Croquis Urbanos, um dos cursos da Academia Alfredo Andersen, dentro do Museu Casa Alfredo Andersen (MCAA).
"O curso é basicamente desenho de perspectiva. Trabalhamos com perspectiva cônica com técnica em grafite, aquarela ou mista", explica o jovem professor. "A intenção que eu tenho é fazer com que eles [alunos] percebam a cidade de um jeito diferente, que a enxerguem como pessoas que desenham e desenvolvam uma linguagem própria, não só a técnica. O ateliê de desenho é uma experiência diferente de sala de aula, é mais descontraído. A gente fala de arte, política, arquitetura. O desenho por si só não é o suficiente. A troca de experiências que é a parte mais legal".
O fato de se interessar mais pelas pessoas e achar que a cidade é uma consequência delas vem antes do estudo da arquitetura e da admiração por Paulo Mendes da Rocha, um dos ícones desta área: aos 15 anos, Guilherme foi trabalhar como servente de pedreiro e aprendeu muito sobre arquitetura, mesmo que o seu trabalho na época consistisse apenas em pegar tijolos, empilhar e levar para a próxima laje. "No primeiro ano da faculdade tem algumas matérias de tecnologia de construção e essa experiência me serviu muito. Mas o mais bacana foi o contato com as pessoas. Isso é fundamental".
Curitibano do Alto Boqueirão, Guilherme ajudou os pais desde pequeno: além de servente de pedreiro, também foi atendente em uma farmácia, no Sítio Cercado. Estar em uma região mais periférica, diz ele, fez com que sua percepção sobre o meio urbano fosse diferente do que ele observa no centro da cidade. "Na periferia, a cidade é mais informal, funciona de maneira espontânea. As pessoas te dão bom dia na rua, não tem nada daquela coisa de curitibano fechado", frisa.
O desenho veio um pouco mais tarde, quando Guilherme começou a flertar com a ideia de cursar Arquitetura e estudou no Ateliê Casa Artes Visuais para entrar na faculdade. "Eu consegui uma bolsa e com 17 anos passei no vestibular. Foi aí que comecei a ter mais contato com o desenho", fala.
Hoje no 7º período da graduação, Guilherme deve partir para um intercâmbio em outubro na Yokohama National University, no Japão. "Dar as aulas me possibilitou pagar o passaporte e outros gastos que eu não poderia pagar. E eu vou bem em outubro, mês do meu aniversário", conta.

O curso de Croquis Urbanos acontece às segundas-feiras, das 18h30 às 21h45 e necessita de um investimento de R$ 100,00.  Mais informações: 3222-8262.

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