sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O que não pode faltar no Ano Novo

Recebi esse texto - de autoria de Fernando Bonassi - exatamente no dia 28 de dezembro de 2006. Hoje divido com vocês. Feliz Ano Novo!!!!



Vestidos curtos, conversas longas, salto alto, decotes generosos, colos, sorrisos, piscadelas, brindes, penduricalhos, transparências, novidades, elegância, encontros marcados, surpresas malucas, cantadas espirituosas, nudez consentida, calores esquisitos, massagens na coluna e nos pés, cócegas no baixo ventre.

Sutileza, disposição, e-mails melosos, telefonemas sem sentido, café expresso de madrugada, almoços executivos, jantares especialmente preparados, lanchinhos lariquentos ao cair da tarde, sonhar acordado, ser desacordado por um sonho, cultivar o esquecimento, nutrir certas lembranças, desconfiar do acerto, gargalhar dos erros.

Pensar antes de perguntar, ouvir antes de responder, responder para ser ouvido, refrescar o que é seco, ressecar o que é úmido, entender o que é necessário, apartar-se do que é desprezível, espanar o pó das coisas brilhantes, desengordurar a mente, usar as cabeças, trepar com camisinha, ter intimidade, ter dignidade.

Seduzir, ser seduzido, vadiar, sair na chuva, mandar recados, receber notícias, trocar as lentes, lançar olhares, passar perfume, passar a mão na bunda, lamber o suor salgado das peles arrepiadas, observar com cuidado, admirar sem vergonha, desenvolver estilo, serenidade, curiosidade, curvas, elevações, cavernas, vales, rebolado, molejo, traquejo, bocejo, respiração suave, respiração ofegante.

Menos terrorismo e mais humorismo, menos formalidade e mais gozação, menos eleição e mais compromisso, menos diploma e mais formação, menos efeito e mais substância, menos tapas e mais beijos, menos clone e mais originalidade, menos opinião e mais discussão, menos apagão e mais clareza.

Tentar ganhar, deixar perder, apegar-se ao desapego, ponderar o imponderável, fertilizar o estéril, erguer os olhos, baixar a crista. Desocupar-se, enrolar-se, arriscar-se, entregar-se, misturar-se, confundir-se, pegar, morder, beliscar, apertar, brincar, chacoalhar, sentir o gosto do que nos põem amorosamente nas bocas ávidas.

Por fim, como diz o sábio entre os sábios, Henry Miller: se você se sentir como um verme, cave; se você se sentir como um pássaro, voe; mas, viva o que precisar viver!

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