A Cinematece de Curitiba exibe neste
sábado (17), às 16h, o filme "Mal dos Trópicos" do diretor tailandês
Apichatpong Weerasethakul. A produção ganhadora do Prêmio do Júri em Cannes em
2004 marca a primeira sessão do Cineclube da Cinemateca em 20015 que será
seguida de um debate sobre a narrativa e o universo poético da obra.
Para manter vivo o interesse pelo
cinema como arte e ampliar o público do espaço, a Fundação Cultural de Curitiba
promove desde abril de 2014 o Cineclube da Cinemateca. Organizado pelo Coletivo
Atalante, um grupo independente que há dois anos desenvolve atividades em
diferentes áreas culturais, a iniciativa tem repercutido positivamente.
O público é composto por pessoas de
diversas áreas, como o advogado Giovanni Comodo, que frequenta cineclubes há um
ano. Sempre acostumado a assistir a filmes sozinho, Giovanni mudou esse hábito
quando descobriu a iniciativa e, desde então, é frequentador assíduo. “A
interação com os outros dá uma caráter diferente às sessões pois compartilhamos
impressões e sentimos a experiência juntos. Isso é enriquecedor, ainda mais
quando se trata de filmes desafiadores”, diz ele.
Cauby Monteiro, um dos organizadores do
Cineclube, afirma a importância dessa revalorização. “Os cineclubes começaram
no século XX na França e sempre tiveram uma função educativa. Cada sessão do
cineclube é uma grande sala de aula, na qual os programadores fazem comentários
sobre os filmes exibidos e retomam seu contexto e meio de expressão, que
reflete questões culturais e sociais”, explica Cauby.
Os filmes exibidos fazem parte de um
ciclo específico, seja do diretor ou temática que o envolve, e são exibidos
quinzenalmente nos sábados, às 15h. Neste ano, as sessões contaram com
clássicos como Boccaccio '70, um romance de 1962 inspirando-se no Decameron e
dirigido por quatro mestres do cinema italiano, além de ciclos que homenagearam
diretores exponenciais, com sessões dos filmes que mais sintetizam suas obras,
como Joseph H. Lewis durante o mês de setembro e Howard Hawks em outubro.
Para Marcos Stankievicz Saboia,
responsável pelo acervo de filmes da Cinemateca de Curitiba há 13 anos, o
cinema de rua causa uma experiência coletiva e permanece com um público cativo.
“A Cinemateca e o Cine Guarani são lugares de troca e produção cultural, pontos
de encontro de cineastas e cinéfilos“, comenta.
O tradicional hábito de frequentar
cinemas de rua perdeu força no decorrer dos anos. Segundo dados divulgados pela
Ancine (Agência Nacional do Cinema), desde 1975 foram fechadas quase mil salas
de cinema no Brasil. Seja pelo caráter comercial adquirido pela arte, que
passou aos shoppings e meios de consumo, ou pela facilidade de assistir filmes
em casa, o público que permanece ocupando as antigas poltronas se verticalizou
e corresponde, na grande maioria, aos que apreciam clássicos, filmes
alternativos e cinema local.
Filmes de Janeiro
"MAL DOS TRÓPICOS", de
Apichatpong Weerasethakul ("Sud Pralad", 2004/Tailândia - 118 min). Classificação:
14 anos. A vida é feliz e o amor é simples para os jovens Keng (Banlop Lomnoi) e
Tong (Sakda Kaewbuadee). Keng é um soldado e Tong trabalha no campo. O tempo
passa, ritmado pelas noites na cidade, pelos jogos de futebol e pelas
agradáveis reuniões na casa da família de Tong. Um dia, quando as vacas da
região começam a ser decapitadas por um animal selvagem, Tong desaparece. A
lenda diz que um homem pode se transformar em animal selvagem. Keng parte então
sozinho para o coração da floresta tropical, onde o mito muitas vezes se torna
realidade.
31/01 – "O SANGUE" (1989), de
Pedro Costa
Além dos ciclos do Cineclube, a
Cinemateca e o Cine Guarani têm promovido semanalmente mostras temáticas e
gratuitas, para todos os gostos do público. A programação completa você
encontra em www.fundacaoculturaldecuritiba.com.br/agenda/cinema.
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