O cantor e compositor Zé Geraldo
comemora os seus 70 anos, completados em 9 de dezembro, seguindo o “trivial”:
shows pelo país afora. “Estou rodando o Brasil com shows comemorativos”, conta
o músico. De 15 a 18 de janeiro, ele estará na Caixa Cultural Curitiba para
apresentar o show “ZGponto70”, um retrospecto dos 35 anos de estrada musical.
“Este é um momento especial de inspiração, de criação, de comemoração”,
considera o músico, que chega à cidade acompanhado da banda, formada por Jean
Trad (guitarra), Carlito Rodrigues (baixo) e Carneiro Sândalo (bateria).
Com influências que vão de Tião
Carreiro a Bob Dylan, o setentão Zé Geraldo, com seu folk brasileiro, é um dos
representantes do rock rural, estilo musical com influências do folk e do
country americanos, que consagraria nomes como Zé Rodrix, Sá e Guarabyra,
Geraldo Azevedo, Xangai e o amigo Renato Teixeira. “É o cara que mais
seriamente, de maneira mais concreta, segue a escola do rock rural”, comentou
certa vez Zé Rodrix.
O cantor relembra sucessos autorais
como “Senhorita”, “Como Diria Dylan” e “Milhos aos Pombos”, repertório retomado
em 2009 no projeto “Cidadão: Trinta e Poucos Anos”, que envolveu a produção de
CD e DVD. “São músicas que o pessoal sempre pede e que, felizmente, o tempo não
corroeu. É minha história e não posso negar”, diz o cantor e compositor nascido
em Rodeiro, Minas Gerais.
Zé Geraldo também oferece ao público
curitibano uma canja do que estará em seu próximo DVD, que será lançado até o
meio deste ano. São as músicas “Roqueiro da Roça”, “Meio Matuto” e “Os Dois
Reis Magos”, esta última gravada em novembro passado com o jovem João Carreiro.
“Ele é um sertanejo trovador de 32 anos, candidato fortíssimo a ser um dos
maiores nomes da música brasileira”, conta. Os vídeos das canções já estão
disponíveis no YouTube.
Parcerias de vida - O show também
inclui composições de parceiros que marcaram seu repertório, com destaque para “Aprendendo
a Viver”, de Renato Teixeira, “Cachorro Urubu”, de Raul Seixas, e o hit “Cidadão”,
música de Lúcio Barbosa gravada por ele antes da versão consagradora de Zé
Ramalho. “É que nem colega de escola, que com o tempo vai se tornando amigo da
vida inteira. Na música, é a mesma coisa. A gente vai caminhando e encontrando
os companheiros”, conta ele sobre parceiros de longa data como Geraldo Azevedo,
Xangai, Renato Teixeira e Almir Sater.
Há também a “molecada”, ou seja,
parceiros de uma nova geração da música brasileira: Landau, Chico Teixeira e a
filha Nô Stopa, que integra o Teatro Mágico e a Banda Mirim. “Uma das minhas
grandes alegrias foi o fato de uma das minhas filhas seguir mesmo caminho que
eu”, diz.
Acidente de percurso - Após ver o sonho
de ser jogador de futebol interrompido por um acidente de automóvel, Zé Geraldo
decidiu abraçar a carreira de artista quando, ainda se recuperando dos
ferimentos, aprendeu a tocar violão com um amigo. “Minha história começou ali,
com esse presente que ele me deu. Eu escrevia, desde garoto, versinhos pra namorada
ou pretendentes, mas tocar nunca havia passado pela minha cabeça, apesar de eu
já gostar da noite”, lembra.
Nascido em Rodeiro, na Zona da Mata
mineira, e criado em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, o cantor e
compositor mudou-se, aos 18 anos, para São Paulo para estudar e trabalhar. “São
Paulo foi o primeiro grande susto. Eu era um caipira do interior, olhando
espantado os arranha-céus, com saudade de casa. Quando minha música deslanchou,
a cidade grande teve grande influência. Ali, também participei da vida política
do país, outro complemento para minha formação”, conta ele, que tocou por oito
anos em bailes da periferia paulistana e participou de inúmeros festivais de
música até conseguir seu primeiro contrato com a gravadora CBS, lançando, em
1979, o primeiro disco, Terceiro Mundo.
Um pé no mato, outro no rock - Mas a
vida interiorana foi a primeira influência do artista. “Rodeiro é minha raiz,
meu primeiro passo, minha sustentação. Depois ganhei mundo. No meio do caminho,
encontrei Tião Carreiro, referência forte na minha formação. Em São Paulo,
encontrei o rock’n’roll, Bob Dylan, os Beatles, os Rolling Stones. Fui
agregando tudo”, conta ele, que está escrevendo os primeiros esboços de um
livro chamado Rodeiro.
Ainda pela CBS, lançou “Estradas” (80)
e “Zé Geraldo” (81). Canções como “Cidadão”, “Como Diria Dylan” e “Senhorita”,
indispensáveis no repertório de seus shows, fazem parte desta primeira safra de
gravações, assim como Rio Doce, com a qual Zé Geraldo participou do Festival
MPB-Shell de 1980, e Milho aos Pombos, que tornou o artista conhecido em todo o
Brasil no mesmo festival, promovido pela Rede Globo, em 1981. Hoje, aos 70
anos, com 16 discos lançados, além de coletâneas e compactos, o cantor
sintetiza sua música - é folk? é rock rural? - com o nome de seu primeiro DVD,
de 2006: “estou sempre com ‘um pé no mato, um pé no rock’”.
As apresentações de Zé Geraldo acontecem
na quinta e sexta-feira às 20h, sábado às 18h e 21h e domingo às 19h. Os
ingressos custam R$ 20,00 e R$ 10,00 (meia, conforme legislação e correntistas
que pagarem com cartão de débito Caixa). Informações: 2118-5111.
Nenhum comentário:
Postar um comentário