quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Zé Geraldo comemora 70 anos na Caixa Cultural Curitiba

O cantor e compositor Zé Geraldo comemora os seus 70 anos, completados em 9 de dezembro, seguindo o “trivial”: shows pelo país afora. “Estou rodando o Brasil com shows comemorativos”, conta o músico. De 15 a 18 de janeiro, ele estará na Caixa Cultural Curitiba para apresentar o show “ZGponto70”, um retrospecto dos 35 anos de estrada musical. “Este é um momento especial de inspiração, de criação, de comemoração”, considera o músico, que chega à cidade acompanhado da banda, formada por Jean Trad (guitarra), Carlito Rodrigues (baixo) e Carneiro Sândalo (bateria).
Com influências que vão de Tião Carreiro a Bob Dylan, o setentão Zé Geraldo, com seu folk brasileiro, é um dos representantes do rock rural, estilo musical com influências do folk e do country americanos, que consagraria nomes como Zé Rodrix, Sá e Guarabyra, Geraldo Azevedo, Xangai e o amigo Renato Teixeira. “É o cara que mais seriamente, de maneira mais concreta, segue a escola do rock rural”, comentou certa vez Zé Rodrix.
O cantor relembra sucessos autorais como “Senhorita”, “Como Diria Dylan” e “Milhos aos Pombos”, repertório retomado em 2009 no projeto “Cidadão: Trinta e Poucos Anos”, que envolveu a produção de CD e DVD. “São músicas que o pessoal sempre pede e que, felizmente, o tempo não corroeu. É minha história e não posso negar”, diz o cantor e compositor nascido em Rodeiro, Minas Gerais.
Zé Geraldo também oferece ao público curitibano uma canja do que estará em seu próximo DVD, que será lançado até o meio deste ano. São as músicas “Roqueiro da Roça”, “Meio Matuto” e “Os Dois Reis Magos”, esta última gravada em novembro passado com o jovem João Carreiro. “Ele é um sertanejo trovador de 32 anos, candidato fortíssimo a ser um dos maiores nomes da música brasileira”, conta. Os vídeos das canções já estão disponíveis no YouTube.

Parcerias de vida - O show também inclui composições de parceiros que marcaram seu repertório, com destaque para “Aprendendo a Viver”, de Renato Teixeira, “Cachorro Urubu”, de Raul Seixas, e o hit “Cidadão”, música de Lúcio Barbosa gravada por ele antes da versão consagradora de Zé Ramalho. “É que nem colega de escola, que com o tempo vai se tornando amigo da vida inteira. Na música, é a mesma coisa. A gente vai caminhando e encontrando os companheiros”, conta ele sobre parceiros de longa data como Geraldo Azevedo, Xangai, Renato Teixeira e Almir Sater.
Há também a “molecada”, ou seja, parceiros de uma nova geração da música brasileira: Landau, Chico Teixeira e a filha Nô Stopa, que integra o Teatro Mágico e a Banda Mirim. “Uma das minhas grandes alegrias foi o fato de uma das minhas filhas seguir mesmo caminho que eu”, diz. 

Acidente de percurso - Após ver o sonho de ser jogador de futebol interrompido por um acidente de automóvel, Zé Geraldo decidiu abraçar a carreira de artista quando, ainda se recuperando dos ferimentos, aprendeu a tocar violão com um amigo. “Minha história começou ali, com esse presente que ele me deu. Eu escrevia, desde garoto, versinhos pra namorada ou pretendentes, mas tocar nunca havia passado pela minha cabeça, apesar de eu já gostar da noite”, lembra.
Nascido em Rodeiro, na Zona da Mata mineira, e criado em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, o cantor e compositor mudou-se, aos 18 anos, para São Paulo para estudar e trabalhar. “São Paulo foi o primeiro grande susto. Eu era um caipira do interior, olhando espantado os arranha-céus, com saudade de casa. Quando minha música deslanchou, a cidade grande teve grande influência. Ali, também participei da vida política do país, outro complemento para minha formação”, conta ele, que tocou por oito anos em bailes da periferia paulistana e participou de inúmeros festivais de música até conseguir seu primeiro contrato com a gravadora CBS, lançando, em 1979, o primeiro disco, Terceiro Mundo.
Um pé no mato, outro no rock - Mas a vida interiorana foi a primeira influência do artista. “Rodeiro é minha raiz, meu primeiro passo, minha sustentação. Depois ganhei mundo. No meio do caminho, encontrei Tião Carreiro, referência forte na minha formação. Em São Paulo, encontrei o rock’n’roll, Bob Dylan, os Beatles, os Rolling Stones. Fui agregando tudo”, conta ele, que está escrevendo os primeiros esboços de um livro chamado Rodeiro.
Ainda pela CBS, lançou “Estradas” (80) e “Zé Geraldo” (81). Canções como “Cidadão”, “Como Diria Dylan” e “Senhorita”, indispensáveis no repertório de seus shows, fazem parte desta primeira safra de gravações, assim como Rio Doce, com a qual Zé Geraldo participou do Festival MPB-Shell de 1980, e Milho aos Pombos, que tornou o artista conhecido em todo o Brasil no mesmo festival, promovido pela Rede Globo, em 1981. Hoje, aos 70 anos, com 16 discos lançados, além de coletâneas e compactos, o cantor sintetiza sua música - é folk? é rock rural? - com o nome de seu primeiro DVD, de 2006: “estou sempre com ‘um pé no mato, um pé no rock’”.

As apresentações de Zé Geraldo acontecem na quinta e sexta-feira às 20h, sábado às 18h e 21h e domingo às 19h. Os ingressos custam R$ 20,00 e R$ 10,00 (meia, conforme legislação e correntistas que pagarem com cartão de débito Caixa). Informações: 2118-5111.

Nenhum comentário:

Postar um comentário