A atração de outubro do projeto Solo
Música, realizado na Caixa Cultural, tem a marca da experimentação. O angolano-português Victor Gama estará pela
primeira vez em Curitiba para mostrar seu show “Sol(o)”, no qual mostra os
instrumentos musicais quer construiu a
partir de uma variedade de materiais, incluindo madeira e metal. Victor Gama é
compositor, músico, designer de instrumentos musicais inovadores, engenheiro eletrônico
e criou a “Pangeia Instrumentos”, organização sem fins lucrativos através do
qual desenvolve projetos de pesquisa em música. Ele se apresenta em Curitiba nesta
terça-feira (‘3), às 20 horas, onde fará uso de instrumentos peculiares criados
por ele, como Acrux, Dino e Toha.
Victor Gama criou o projeto Pangeia
Instrumentos através de um sistema de escrita no qual introduz uma componente
tridimensional. Ele explora a intersecção entre o virtual e o físico, o digital
e o analógico, e a forma como esta se manifesta como um novo território musical
e sonoro. O músico cria novas músicas para o século 21, misturando tecnologias
atuais de fabricação digital com idéias, materiais e tradições inspiradas pelo
mundo natural. “Ele possui um belo e importante trabalho de criação e
construção de instrumentos, que traz uma semelhança com Walter Smetak e UAKTI,
artistas que o influenciaram. Mas as composições de Gama traduzem suas origens
na África, com uma mescla do eletrônico”, diz Alvaro Collaço, produtor e curador
da Série Solo Música.
Compositor e criador de instrumentos - Bacharel
em engenharia eletrônica e um mestrado em Tecnologia Musical do Sir John Cass
Faculdade de Artes, Arquitetura e Design, em Londres. Victor Gama possui obras
encomendadas por ensembles e instituições de prestígio mundial como a Chicago
Symphony Orchestra, a Kronos Performing Arts Association, o National Museums of
Scotland, o Tenement Museum de Nova Iorque, a Prince Claus Fonds da Holanda ou
a Royal Opera House de Londres.
Entre as obras que escreveu, “Rio
Cunene” para quarteto de cordas e três dos seus instrumentos foi estreada pelo
Kronos Quartet, no Carnegie Hall em Nova Iorque, em março de 2010. Sua peça
mais recente “3 mil RIOS: Vozes da Floresta ", uma ópera multimídia, vai
estrear em Lisboa e Bogotá em maio de 2016, encomendado pela Fundação Calouste
Gulbenkian. com apoio do Teatro Colon, a Amazon Conservation Team e Flora Arts
+ Natura.
Victor Gama se apresentou com Kronos
Quartet, Naná Vasconcelos, William Parker, Guillermo E. Brown, Heitor Alvelos
entre outros artistas. Ele fez turnês na África, América Latina, EUA e Europa e
expôs seus instrumentos na “Gigantic Art Space” em Nova Iorque e em Luanda,
Maputo, Bogotá, Lisboa, Londres e Toronto. Gravou para a PangeiArt e Rephlex
Records de Aphex Twin.. No âmbito da pesquisa, entre alguns projetos desenvolve
está o priojeto Tsikaya, que é o primeiro arquivo digital de música rural de
Angola. Gama tem sido artista residente no MIT e no Centro de Stanford para
Pesquisa Computer em Música e Acústica (CCRMA).
Os instrumentos - O som do Acrux lembra
gamelões, assim como relaciona-se com o som do “piano preparado” de John Cage. È inspirado na constelação do Cruzeiro
do Sul que apenas se pode observar no hemisfério sul. O instrumento possui base
de forma hemisférica, um tampo acústico em vidro e uma luz por dentro que
representa a luminosidade das estrelas, do universo. O sistema ressonante do
Acrux são discos de aço temperado fixos em torno de quarto suportes verticais.
Dino é um instrumento de fricção de uma
corda só.
Toha é espécie de harpa circular com 42
cordas de afinação diatónica e uma coluna de suporte com cerca de metro e meio
de altura, tem uma base em fibra de carbono e um ressoador a meio onde estão
fixadas pontes por onde passam as cordas. É um desenho que se associa ao ninho
de um pássaro tecelão do sul de Angola e geralmente é tocado por dois músicos.
A apresentação de Victor Gama dentro da Série Solo Música tem patrocínio da Caixa Econômica Federal e é uma realização de Alvaro Collaço Produções. Ingressos a R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia) podem ser adquiridos na bilheteria da Caixa Cultural, na Rua Conselheiro Laurindo, 280. Informações pelo fone 2118-5111.
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