O Museu Oscar Niemeyer (MON) recebe, a
partir desta terça-feira (31), às 19 horas, a exposição "Arte Cibernética –
Coleção Itaú Cultural", que representa o conceito de arte cibernética desta
coleção - considerada uma das pioneiras na América Latina. Com organização do
Núcleo de Inovação e Artes Visuais do instituto, ao todo, serão exibidas nove
obras extraídas desta coleção iniciada em 1997. A mostra segue até o dia 31 de
maio de 2015.
“A parceria entre o MON e o Itaú
Cultural proporciona a Curitiba, reconhecida como cidade inovadora e criativa,
a oportunidade ímpar de interagir com esta expressão artística contemporânea,
que resultante da desafiadora relação entre arte e novas mídias e tecnologias”
declara Juliana Vosnika, diretora-presidente do MON.
“Levar uma parte desta coleção a uma
renomada instituição brasileira, como o MON, estreita ainda mais a relação de
parceria que mantemos há alguns anos e reforça a nossa vocação de ampliar cada
vez mais o acesso do público a todos os tipos de arte”, diz Eduardo Saron,
diretor do Itaú Cultural. “A relação entre tecnologia, cultura e arte é um dos
grandes objetos de interesse do instituto, e é um tema que procuramos colocar
para incentivar o público a refletir sobre ele”.
No MON, o público interage com "OP_ERA:
Sonic Dimension" (2005), de Rejane Cantoni e Daniela Kutschat; "Life Writer" (2005), de Christa Sommerer e Laurent Mignonneau; "PixFlow #2" (2007), do
coletivo belga LAb[au]; "Les Pissenlits" (2006), de Edmond Couchot e Michel Bret; "Reflexão #3" (foto, 2005), de Raquel Kogan; "Descendo a Escada" (2002), de Regina
Silveira; "Fala" (2011), de Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti; "Text Rain" (1999), de Camille Utterback e Romy Achituv; e "Ultra-Nature" (2008), de Miguel
Chevalier.
"Arte e tecnologia é o termo usado
para descrever a arte relacionada com tecnologias surgidas a partir da segunda
metade do século XX", define Marcos Cuzziol, gerente do núcleo de Inovação
do instituto. "Já o conceito de arte cibernética exige a interação
constante entre observador e obra, ou mesmo entre partes diferentes da própria
obra, para que o trabalho aconteça. Ambos, observador e obra, são interatores”,
completa.
Os visitantes vão experimentar
sensações proporcionadas pelos trabalhos exibidos em uma relação de interação
como, por exemplo, as cordas que vibram com frequências de luz e de som e
variam de acordo com a posição relativa e o modo de interação do observador em "OP_ERA: Sonic Dimension", das artistas Daniela Kutschat e Rejane Cantoni. Em "Life Writer", de Christa Sommerer e Laurent Mignonneau, o espectador datilografa
um texto nas teclas de uma antiga máquina de escrever e as letras se transformam
em criaturas artificiais que parecem flutuar na tela do papel.
O trabalho "PixFlow #2", do coletivo
belga LAb[au], provoca uma interação mútua que se desenrola no campo vetorial
em que partículas fluem conforme a evolução da densidade e resulta em
comportamentos imprevisíveis das mesmas. Já a obra "Les Pissenlits", de Edmond
Couchot e Michel Bret, depende da força e duração do sopro do espectador para
determinar os movimentos das sementes de um dente-de-leão, que realizam
trajetórias complexas e diferentes. Esta obra teve uma primeira versão
realizada pelos artistas em 1988, o que a tornou um clássico e influenciou
artistas do mundo inteiro. A edição pertencente à coleção Itaú Cultural e em
exibição é de 2006, desenvolvida em conformidade com a original.
Em "Reflexão #3", de Raquel Kogan, o
visitante regula a rapidez do movimento de centenas de números projetados sobre
a parede de uma sala escura, refletidos sobre um espelho d'água rente ao chão.
Criando um efeito inusitado, eles nunca se repetem e criam a sensação de subir
de um espelho a outro. Percepção semelhante é experimentada em Descendo a
Escada, de Regina Silveira, que utiliza a projeção sincronizada de três
aparelhos sobre um espaço formado pelo chão e o ângulo de duas paredes gerando
um continuum virtual dinâmico.
A interação se encontra, ainda, em "Text
Rain", de Camille Utterback e Romy Achituv. Nesta instalação, a projeção do
corpo dos participantes em uma parede é animada com uma chuva de letras que,
por sua vez, respondem a movimentos corporais. Como em um game, se um
participante acumular letras o bastante sobre a projeção de seus braços
estendidos ou da silhueta de qualquer outro objeto, poderá ver uma palavra
inteira ou até mesmo uma frase sendo formada, com letras em queda aleatoriamente.
Os visitantes se surpreenderão também
com o jardim virtual gigante "Ultra-Nature", de Miguel Chevalier. Projetado em
paredes de, em média, nove metros de comprimento, seis tipos diferentes de
plantas digitais luminosas são influenciadas a crescerem por dois sensores de
movimento. A vegetação deriva de flores amarelas brilhantes, com hastes
turquesa, até cactos sombreados nas cores vermelho e violeta. Assim, o estímulo
dos observadores faz com que as plantas se inclinem para os lados, criando
cenas que vão da ornamentação barroca a um tipo de balé orgânico.
Finalmente, em "Fala", da dupla Rejane
Cantoni e Leonardo Crescenti, o público se depara com uma máquina movida pela
voz desenhada para estabelecer comunicação e sincronização automáticas entre humanos
e máquinas, e entre máquinas e máquinas, movido por uma espécie de coro do
microfone de 40 aparelhos celulares. O resultado é um efeito audiovisual com um
significado semântico similar ao som captado, ou seja, o visitante fala e
pequenas telas exibem uma palavra idêntica ou semelhante ao da palavra
escutada, possibilitando algo como um diálogo.
Antes de chegar a Curitiba, por meio da
parceria entre o MON e o Itaú Cultural, Arte Cibernética – Coleção Itaú
Cultural passou por outras cinco capitais brasileiras – Belo Horizonte (MG),
São Paulo (SP), Porto Alegre (RS), João Pessoa (PB) e Recife (PE).
Encontro Arte Cibernética - Além da
exposição, o Itaú Cultural promove o Encontro Arte Cibernética para debater
questões como inovação, atuação institucional, cena artística, produção de arte
tecnologia e o cenário da arte contemporânea. Participam da conversa o gerente
do núcleo de Inovação do Itaú Cultural, Marcos Cuzziol, e autores de obras em
exposição: Rejane Cantoni, Leonardo Crescenti e Raquel Kogan. O encontro é
aberto para o público, dia 1º de abril, às 19h, no Miniauditório do MON. Não é
necessária inscrição para as 80 vagas disponíveis, a entrada será por ordem de
chegada.
A exposição Arte Cibernética – Coleção Itaú Cultural pode ser visitada até dia 31 de maio de 2015, de terça-feira a domingo, das 10h às 18h. Os ingressos custam R$ 6,00 e R$ 3,00 (meia-entrada). Mais informações: 3350-4400.
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