O Museu Municipal de Arte – MuMa, no
Portão Cultural, inaugurou a exposição “Domicio Para Sempre”, composta por 31
obras, entre pinturas e gravuras, do artista plástico Domicio Pedroso. A
exposição é uma homenagem ao artista que faleceu em julho do ano passado. Por
sugestão do prefeito Gustavo Fruet, a sala do MuMA onde serão expostas as obras
recebeu o nome do artista.
Os trabalhos, à exceção de uma obra do
acervo da Fundação Cultural de Curitiba, pertencem todos à família. Após a
exposição, duas obras serão doadas ao município. A mostra tem curadoria da
viúva Leyla Pedroso, das filhas Lenora e Daniela, e de Rodrigo Ferreira Marques.
Contribuição - Domicio Pedroso fez
parte de uma geração de artistas de grande relevância na história das artes
plásticas do Paraná. Aluno de Guido Viaro, participou ativamente dos movimentos
artísticos da década de 1950. O amigo e artista Fernando Velloso afirma que
Domicio deixou um legado inestimável para as artes paranaenses. “A produção de
seus anos de maturidade artística e pessoal e sua postura discreta e reservada
como pessoa são um atestado irrefutável de alguém que, ao fim da vida, estava
seguro de ter feito sua contribuição à sociedade e à arte”, disse.
Segundo Velloso, o interesse principal
de Domicio, no seu trabalho, oscila constantemente entre a forma e o grafismo,
e a pintura propriamente dita, repleta de refinamentos e nuances de cor. “Refinou
a sua linguagem tendo como rumo único a estética, não tendo em momento algum
qualquer preocupação ideológica oculta que possa eventualmente sugerir sua
temática”, afirma.
É o que diz também o crítico de arte,
Fernando Bini, confirmando que as paisagens urbanas, mesmo as das periferias
das cidades, têm uma preocupação plástica. “Seus efeitos são puramente
estéticos com relação ao seu objeto. Foi um mestre na construção do espaço
quando reduzia a profundidade através da densidade cromática, lembrando que
pintura é cor. Transformava o real em pintura, eliminava o drama, com
consciência do caminho da pintura em direção à abstração, mas sem jamais ser um
pintor abstrato no sentido estrito do tema”, explica Bini.
Sobre o artista - Domício Pedroso
(Curitiba, 1930 - 2014) iniciou seus estudos no ateliê de Guido Viaro por volta
de 1948 e recebeu o seu primeiro prêmio, uma Menção Honrosa, no II Salão da
Primavera do Clube Concórdia, em 1949. No ano de 1953 se formou na Escola de
Belas Artes do Paraná. Fez sua primeira exposição individual em 1958, na
Biblioteca Pública do Paraná, e no ano seguinte viajou para Paris, com o
objetivo de aprofundar os seus estudos e ver de perto a revolução provocada
pelos movimentos de vanguarda na arte europeia. Lá desenvolveu seus estudos no
campo da comunicação visual e estagiou na Radiodifusion Television Française e no
Centro de Informações da Unesco, obtendo o diploma da École Normale Supérieure
de Saint Cloud, como especialista em técnicas audiovisuais.
Retorna ao Brasil em 1962 e no ano
seguinte é convidado para organizar o Centro Audiovisual da Secretaria da
Educação e Cultura do Estado do Paraná, ocupando o cargo de diretor. Em 1974,
vence o concurso de cartaz para o Teatro Guaíra em Curitiba. A partir dessa
experiência e com os conhecimentos adquiridos no Centre Audio-Visuel de Saint
Cloud, em Paris, Domício passou a desenvolver um trabalho paralelo ao da
pintura, em órgãos públicos e em vários museus, projetando espaços
museológicos, promovendo e organizando exposições de arte. No início da década
de 1980 começa a coordenar a Fundação Nacional de Arte – Funarte, para a região
Sul do país, e permanece no cargo até 1990.
Atuante na história da arte do Paraná,
o renomado artista participou ativamente dos movimentos artísticos da década de
50, unindo-se aos artistas que lutavam contra os tradicionais modelos
acadêmicos que eram impostos aos salões de arte. E foi desta inquietação dos
jovens em busca de novos rumos para a arte paranaense que surgiu o Centro de
Gravura do Paraná. Quando o estado deu os primeiros passos em direção à
modernidade, Domício não se manteve alheio a essa tendência e nesse período, as
suas favelas já mostravam cores fortes e contrastantes, formas mais
simplificadas e o espaço definido por proximidade e afastamento dos elementos,
sem se preocupar com perspectiva.
Até o fim de sua carreira, o artista
continuou participando de inúmeras exposições coletivas em galerias e museus.
Sua última mostra individual aconteceu no lançamento do livro “Domicio
Pedroso”, em 2009, na Galeria de iArte Solar do Rosário.
A mostra “Domicio Para Sempre” pode ser
visitada até dia 14 de junho, de terça-feira a domingo, das 10h às 19h, com entrada
franca.
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