A obra “Chegada de Zacarias de Góes e
Vasconcelos”, do artista curitibano Arthur José Nísio, voltou ao acervo do
Palácio Iguaçu, após passar por um restauro, que durou cerca de um ano. O
quadro de 6m75 por 4m30, que retrata a chegada do primeiro governador do
Paraná, foi entregue na segunda-feira (5) ao governador Beto Richa, em
cerimônia no jardim de inverno do Palácio, onde a pintura fica exposta.
É a primeira vez que a restauração de
uma obra do acervo do Palácio Iguaçu é feita por iniciativa de uma pessoa
física. A pintura em óleo sobre tela, de 1953, foi meticulosamente restaurada
pela profissional Suely Deschermayer, com patrocínio da empresária Clemilda de
Paula Thomé.
“O retorno da principal obra do acervo
do Palácio Iguaçu é um momento marcante e histórico para a cultura do Estado do
Paraná”, afirmou o governador Beto Richa. “Esse restauro foi possível graças à
generosidade da Clemilda Thomé, que além de empresária de muito sucesso,
demonstra sua responsabilidade social e sua preocupação com o interesse
coletivo, ao dar esse grande presente aos paranaenses”, ressaltou ele.
A empresária falou sobre sua motivação
para a iniciativa. “Quando me apresentaram o projeto, fiquei muito encantada
por poder contribuir com uma obra de Nísio, que foi um dos maiores artistas do
nosso Estado”, contou Clemilda. “Eu sempre digo que é feliz aquele que pode
ajudar a preservar as artes. Para mim, foi uma grande emoção ver o quadro
depois de pronto, e eu quero partilhar dessa emoção com todos os paranaenses”,
afirmou ela.
RESTAURO – O processo de restauração da
obra “Chegada de Zacarias de Góes e Vasconcelos” foi feito no laboratório de
restauro do Museu Oscar Niemeyer (MON), acompanhada por uma comissão de
restauro das obras do Palácio Iguaçu.
A presidente do MON, Juliana Vosnika,
que também faz parte da comissão de restauro, destacou a importância desse
trabalho. “É uma obra emblemática para o Estado e estamos muito satisfeitos por
participar desse processo. Gostaríamos muito que outros empresários e pessoas
da sociedade civil pudessem também apoiar o restauro das demais obras do
Palácio Iguaçu, por isso criamos essa comissão”, disse ela.
Juliana explicou que, além do
laboratório de restauro, o MON conta com uma reserva técnica apropriada para o
armazenamento de obras de arte. O acervo do museu possui mais de 3,4 mil obras.
“É um local referência no armazenamento, se comparado a outros museus no
mundo”, explicou.
A restauradora Suely Deschermayer
explicou quais foram as principais necessidades de restauro da obra. “Como é
uma obra grande, ela precisava do tratamento do suporte, limpeza do verso,
fixação da camada pictórica, que estava craquelada, e reintegração de pequenas
lacunas. Foi um processo técnico completo”, contou.
Suely disse que, após o restauro, é
necessário que obra seja conservada adequadamente. “Precisa de um processo de
conservação preventiva, que depende do clima, da manutenção, da higienização
periódica e que fique exposta num local com temperatura e umidade adequados”,
salientou.
O ARTISTA – Considerado um dos principais
pintores animalistas do Paraná, Arthur José Nísio nasceu em Curitiba em 1904.
Cursou a Escola de Belas Artes do Rio Grande do Sul e frequentou o ateliê do
também pintor Frederico Lange de Morretes, na capital paranaense. Foi aluno de
escultura e modelagem do artista plástico João Turin.
Em 1928 foi para a Alemanha, onde
permaneceu por 18 anos. Estudou na Academia de Belas Artes de Munique com
Ângelo Jank, reconhecido por seu curso de pintura de animais em nível superior.
Nísio deixou a Alemanha em meio aos confrontos da Segunda Guerra Mundial.
Ao retornar a Curitiba, fundou, junto a
outros artistas, a Escola de Música e Belas Artes do Paraná, onde também foi
professor. Arthur Nísio faleceu em Curitiba, em 1974. Além de pintor, foi
também desenhista, gravador e professor. Muitas de suas obras, que retratam a
história e as paisagens do Paraná, compõem o acervo do Palácio Iguaçu.
ACERVO – Um dos símbolos da arquitetura
modernista no Paraná, o Palácio Iguaçu, sede do Poder Executivo estadual,
mantém um acervo com dezenas de obras de artistas como Potty Lazzarotto, Johann
Moritz Rugendas, Miguel Roger e Theodoro de Bona.
Desde o ano passado, quando o palácio
completou 60 anos, são realizadas visitas mediadas ao edifício. As visitas
acontecem aos domingos, das 10h às 16h, com o acompanhamento de guias e
funcionários do Estado. O roteiro dura entre 30 e 40 minutos e não é necessário
fazer agendamento.
PATROCINADORA – A paranaense Clemilda
Thomé, que patrocinou a restauração da obra, é odontóloga e empresária,
diretora do Instituto Latino Americano de Pesquisa e Ensino Odontológico,
centro de referência em pós-graduação em nesta área. É diretora da agência de
publicidade e propaganda Neoo Comunicação e Design, da DSS Administração de
Bens e Participações e do brechó de luxo Ateliê Vintage. Foi uma das fundadoras
da empresa Neodent.
Clemilda recebeu uma homenagem da Assembleia Legislativa do Paraná por sua contribuição a Curitiba em sua área de atuação e pelo trabalho frente ao Instituto TMO/Associação Alírio Pfitter, que apoia o serviço de transplante de medula óssea do Hopital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. Também foi responsável pela restauração de uma casa localizada na Avenida Manoel Ribas, tombada pelo Patrimônio Histórico e Cultural de Curitiba.
Clemilda recebeu uma homenagem da Assembleia Legislativa do Paraná por sua contribuição a Curitiba em sua área de atuação e pelo trabalho frente ao Instituto TMO/Associação Alírio Pfitter, que apoia o serviço de transplante de medula óssea do Hopital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. Também foi responsável pela restauração de uma casa localizada na Avenida Manoel Ribas, tombada pelo Patrimônio Histórico e Cultural de Curitiba.
Nenhum comentário:
Postar um comentário