A Cinemateca de Curitiba divide sua
programação desta semana entre duas temáticas sociais – consciência negra e
ativismo feminino. Filmes que debatem o racismo, o preconceito, a história e as
condições dos negros no Brasil fazem parte da mostra Semana da Consciência
Negra, que será apresentada de 24 a 27 de novembro, na sessão das 17h. As
condições das mulheres, os múltiplos enfoques da questão feminina e a história
de alguns ícones do feminismo brasileiro são tema da mostra Ativismo Feminino,
que começa nesta semana e prossegue até 6 de dezembro, com uma extensa lista de
filmes de ficção, documentários e curtas-metragens, na sessão das 19h. As duas
mostras têm entrada gratuita.
A Semana da Consciência Negra exibe
quatro filmes que abordam a questão racial em diferentes momentos da
cinematografia brasileira. Entre eles está “Também somos irmãos”, de José
Carlos Burle, de 1949, considerado o primeiro filme brasileiro a abordar
abertamente a questão do preconceito racial. Serão apresentados também
“Barravento”, de Glauber Rocha, uma das produções do Cinema Novo (1962), e os
mais atuais “A negação do Brasil”, de Zito Araújo, e “Quanto vale ou é por
quilo”, de Sérgio Bianchi.
A mostra Ativismo Feminino revela uma
extensa produção determinada a discutir o papel das mulheres na sociedade
brasileira. Serão exibidos 19 curtas e longas-metragens, com destaque para a
série “Olhares Femininos”, que abre a programação com a proposta de apresentar a
diversidade da condição feminina em seis diferentes olhares de mulheres
cineastas. Outra é a série “Brasileiras”, com narrativas sobre Pagu, Leila
Diniz e Maria Gladys, três musas que escandalizaram a sociedade conservadora de
suas épocas.
Confira a programação:
24 a 27 de novembro, às 17h
SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA
Dia: 24/11 – QUANTO VALE OU É POR
QUILO? (BR, 2005, drama, cor, cor, 104’).
Direção: Sergio Bianchi
Uma analogia entre o antigo comércio de
escravos e a atual exploração da miséria pelo marketing social, que forma uma
solidariedade de fachada. No século XVII um capitão-do-mato captura uma escrava
fugitiva, que está grávida. Após entregá-la ao seu dono e receber sua
recompensa, a escrava aborta o filho que espera. Nos dias atuais uma ONG
implanta o projeto Informática na Periferia em uma comunidade carente. Arminda,
que trabalha no projeto, descobre que os computadores comprados foram
superfaturados e, por causa disto, precisa agora ser eliminada. Candinho, um
jovem desempregado cuja esposa está grávida, torna-se matador de aluguel para
conseguir dinheiro para sobreviver.
Classificação 14 anos.
Dia: 25/11 – A NEGAÇÃO DO BRASIL (BR,
2000, documentário, cor/pb, 91’).
Direção: Zito Araújo
Tabus, preconceitos e estereótipos
raciais são discutidos a partir da história das lutas dos atores negros pelo
reconhecimento de sua importância na história da telenovela, o produto de maior
audiência no horário nobre da TV brasileira. O diretor, baseado em suas
memórias e em pesquisas, analisa as influências das telenovelas nos processos
de identidade étnica dos afro-brasileiros.
Classificação 12 anos.
Dia: 26/11 – BARRAVENTO (BR, 1962,
drama, pb, 80’).
Direção: Glauber Rocha
Numa aldeia de pescadores de xeréu,
cujos antepassados vieram da África como escravos, permanecem antigos cultos
místicos ligados ao candomblé. Firmino (Antônio Pitanga) é um antigo morador,
que foi para Salvador na tentativa de escapar da pobreza. Ao retornar ele sente
atração por Cota (Luíza Maranhão), ao mesmo tempo em que não consegue esquecer
sua antiga paixão, Naína (Lucy Carvalho), que, por sua vez, gosta de Aruã (Aldo
Teixeira). Firmino encomenda um despacho contra Aruã, que não é atingido. O alvo
termina sendo a própria aldeia, que passa a ser impedida de pescar.
Classificação 12 anos.
Dia: 27/11 – TAMBÉM SOMOS IRMÃOS (BR,
1949, drama, pb, 85’).
Direção: José Carlos Burle
Um viúvo cinquentão, que por não ter
filhos adota quatro crianças: duas brancas e duas negras. Na infância tudo
correu bem, mas com o correr do tempo, as coisas foram se modifcando. As
limitações aos negros vão se acentuando e chegam a tal ponto que se transformam
em verdadeiras humilhações.
Considerado o primeiro filme brasileiro
a abordar abertamente a questão do preconceito racial.
Classificação 12 anos.
24 de novembro a 6 de dezembro
MOSTRA ATIVISMO FEMININO
Data: 24/11/15
Nome da atração: OLHARES FEMININOS
(63’)
Descrição: A diversidade da condição
feminina em seis diferentes olhares de mulheres cineastas compõe este programa.
3 minutos de Ana Luiza Azevedo
RS, 1999, Ficção, Colorido, 6 min.
Classificação Indicativa: Livre
Três minutos. O tempo de passar o
bastão e correr 1600 metros. De cozinhar um ovo. O tempo de tomar uma decisão
que pode mudar a sua vida, antes que caia a ficha.
Cartão Vermelho de Laís Bodanzky
SP, 1994, Ficção, Colorido, 14 min.
Classificação Indicativa: 12 anos
Este premiado curta-metragem da jovem
diretora, Laís Bodanzky, revela o mundo de uma adolescente que joga futebol com
os meninos – no momento em que é surpreendida pelos desejos de mulher.
Dalva de Caroline Leone
SP, 2004, Ficção, Colorido, 10 min.
Classificação Indicativa: 10 anos
Visão poética do cotidiano de uma mãe
solteira vivendo na cidade de São Paulo. O sonho contado pela filha transforma
seu dia em objeto de reflexão sobre as possibilidades individuais de
felicidade.
Estória Alegre de Claudia Pucci
SP, 2002, Ficção, Colorido, 9 min.
Classificação Indicativa: Livre
Isso aconteceu há muito tempo. Soube,
depois de anos, da alegria com que Nádia sempre se lembrou das descidas, do som
das rodas no concreto, das palavras ao vento.
Desventuras de um dia ou a vida não é
um comercial de margarina de Adriana Meirelles
SP, 2004, Animação, Colorido, 10 min.
Classificação Indicativa: Livre
Logo cedo, trânsito e preocupações
ocupam os pensamentos de Luíza. Mal começa a trabalhar e já se vê envolvida nas
situações cotidianas que a irritam e entediam. Assim passa o seu dia, tentando
cumprir o fluxo de trabalho e assumindo elementos metafóricos de seus
sentimentos em cada momento. No final do dia volta para casa cansada. Junto ao
namorado, se “restaura” e num beijo final o mundo parece ter outras cores.
Redenção do poder do amor e do sexo.
Messalina de Cristiane Oliveira
RS, 2004, Ficção, Colorido, 14 min.
Classificação Indicativa: 16 anos
Um telefone público insiste em tocar
numa avenida de Porto Alegre. Isabel, uma jovem cega, atende o chamado. Um
convite faz com que ela mergulhe numa fantasia que irá ajudá-la a quebrar os
limites impostos por sua Deficiência
Classificação: 14 anos
Data: 25/11/15
Nome da atração: IRACEMA - UMA TRANSA
AMAZÔNICA (SP, 1975, 95’)
Descrição: Em contraste com a
propaganda oficial da ditadura, uma câmera sensível flagra os problemas que a
rodovia Transamazônica traria para a região: desmatamento, queimadas, trabalho
escravo, prostituição infantil. Alternando documentário e ficção, o filme narra
a história da jovem Iracema e do motorista Tião Brasil Grande, emblemática da
realidade brasileira.
Direção: Jorge Bodanzky e Orlando Senna
Classificação: 16 anos
Data: 26/11/15
Nome da atração: BRASILEIRAS (89’)
Descrição: Pagu, Leila Diniz e Maria
Gladys: três musas que, para além do talento, assumiram atitudes controversas
que escandalizaram a sociedade conservadora de suas épocas. Nos três filmes que
integram este programa está ausente a estrutura narrativa e burocrática que se
espera de biografias. As vidas dessas mulheres são narradas da forma como
imaginamos suas personalidades – com inquietude, desafio, ambição e
inconformismo.
Leila para sempre Diniz (foto)
Mariza Leão e Sérgio Rezende, RJ, 1976
Classificação Indicativa: 14 anos
Duração: 9 minutos
A partir de trechos de filmes dos quais
participou como atriz profissional, depoimentos de amigos e imagens em Super-8
de um filme sobre ela, o documentário revela flagrantes da intimidade de Leila
Diniz. A atriz, que teve sua carreira tragicamente interrompida por um desastre
de avião, exerceu grande influência nas gerações dos anos 1960 a 1970, por sua
espontaneidade, irreverência e inquietação criativa.
Eh Pagu, Eh! Ivo Branco, SP, 1982
Classificação Indicativa: 14 anos
Duração: 15 minutos
O filme acompanha a trajetória da vida
e obra de Patrícia Galvão, a Pagu. Mulher do escritor Oswald de Andrade,
participa com ele do Movimento Antropofágico, milita no Partido Comunista e
mantém uma vida de ativismo até sua morte em Santos, em 1962, já afastada da
política e ligada à cena teatral.
Vida Paula Gaitán, RJ, 2008
Classificação Indicativa: 14 anos
Duração: 65 minutos
Vida é um filme sobre a atriz
brasileira Maria Gladys. Vida é luz e sombra, é um filme de celebração, uma
homenagens à potência de estar viva, uma reflexão sobre o que é ser uma atriz
brasileira e a possibilidade de se doar com paixão e criatividade. A construção
da ação poética do ator como um grito de liberdade que ilumina. “Sinto já
coragem, sangue e seiva/ Para vida nova, novo jogo…” (Friedrich Nietzche)
Classificação Indicativa: 14 anos
Data: 27/11/15
Nome da atração: O CÁRCERE E A RUA (RS,
2004, 80’)
Gênero: Documentário
Descrição: Cláudia é a presidiária mais
antiga e respeitada da Peninteciária Madre Pelletier. A que dá ordens e
protege. Protege, por exemplo, a jovem Daniela, que corre risco de vida por ser
acusada de matar o próprio filho. Mas Claúdia, assim como outra companheira de
presídio, Betânia, deve deixar a penitenciária em breve. Daniela terá de se
defender sozinha. Cláudia sai em busca do filho. Betânia sente a tentação de
deixar de lado as regras do regime semiaberto para viver a liberdade em
companhia de um novo amor.
Direção: Liliana Sulzbach
Classificação: 12 anos
Data: 28/11/15
Nome da atração: CARMEN MIRANDA:
BANANAS IS MY BUSINESS (RJ, 1994, 92’)
Descrição: O filme conta a
extraordinária história da estrela brasileira que conquistou a imaginação e o
coração do mundo. Carmen Miranda, nascida em Portugal e criada no Brasil, foi
uma artista de imenso talento. Já famosa na América do Sul, em 1939 ela é
descoberta por Lee Shubert que a leva para os Estados Unidos, onde ela se torna
“The Brazilian Bombshell”. Carmen Miranda permanece como a mais famosa
brasileira a conquistar as telas do cinema. No entanto, para os
norte-americanos era mais conhecida como uma figura caricata que carregava um
enorme cacho de bananas na cabeça. O filme tenta resgatá-la dessa trama,
devolvendo-lhe o que há de mais fundamental: sua identidade.
Direção: Helena Solberg
Elenco: Cynthia Adler, Eric Barreto,
Letícia Monte
Classificação: Livre
Data: 29/11/15
Nome da atração: ANTONIA (SP, 2006,
90’)
Descrição: Na periferia de São Paulo, quatro
jovens negras batalham pelo sonho de viver de sua música. Amigas desde a
infância, elas deixam os backing vocals de um conjunto de rap de homens para
montar seu próprio grupo, Antonia. Descobertas pelo empresário Marcelo
Diamante, começam a cantar Rap, MPB, Pop e Soul em bares e festas de classe
média. Porém, quando o sonho de uma nova vida parece tomar corpo, a realidade
de um cotidiano marcado pela pobreza, pela violência e pelo machismo ameaça o
grupo.
Direção: Tata Amaral
Elenco: Negra Li, Cindy Mendes, Leilah
Moreno e Quelynah
Classificação: 12 anos
Data: 01/12/15
Nome da atração: STELINHA (RJ, 1990,
113’)
Descrição: Stelinha já foi rainha da
MPB e ídolo do rádio. Hoje, decadente e solitária, circula pelas noites do Rio
em busca de alguma emoção, indo sempre além do último copo. Eurico é um
roqueiro em ascenção. O encontro dos dois numa madrugada de Copacabana provoca
em Enrico compaixão e fascínio por Stelinha, ídolo de sua infância. Assim,
Eurico decide ajudá-la a voltar a cantar.
Direção: Miguel Faria Jr
Elenco: Esther Góes, Marcos Palmeira,
André Barros, Lília Cabral, Pedro Cardoso
Classificação: 14 anos
Data: 02/12/15
Nome da atração: HELENA MEIRELLES – A
DAMA DA VIOLA (RJ, 2006, 72’)
Gênero: Documentário
Descrição: Documentário sobre a vida da
violeira Helena Meirelles, eleita uma das melhores instrumentistas do mundo
pela revista Guitar Player.
Direção: Francisco de Paula
Classificação: Livre
Data: 03/12/15
Nome da atração: SINHÁ MOÇA (SP, 1953,
108’)
Descrição: Na pequena cidade de
Araruna, no fim do século 19, as contínuas fugas de escravos deixam os grandes
senhores alarmados, em especial o Coronel Ferreira, grande fazendeiro e
latifundiário. Sinhá Moça, sua linda filha, regressa de São Paulo dominada pelos
ideais abolicionistas e se rebela contra o pai, causando a revolta da família
ao ajudar secretamente os escravos. Mas a jovem tem o apoio de Rodolfo Fontes,
advogado recém-formado e filho de um renomado médico local, que também apoia
com entusiasmo a abolição da escravatura.
Direção: Tom Payne
Elenco: Eliane Lage, Anselmo Duarte,
Ruth de Souza, Abílio Pereira de Almeida, Renato Consorte, Eugênio Kusnet
Classificação: 12 anos
Data: 04/12/15
Nome da atração: A CASA DE ALICE (SP,
2007, 92’)
Descrição: Em um bairro popular da
cidade de São Paulo, Alice, uma quarentona, trabalha como manicure. Ela tenta
dar a volta por cima e leva a vida como pode, com altos e baixos e a família
que oi destino lhe deu.
Direção: Chico Teixeira
Elenco: Carla Ribas, Vinícius Zinn,
Ricardo Vilaça, Felipe Massuia, Berta Zemel, Zécarlos Machado
Classificação: 14 anos
Data: 05/12/15
Nome da atração: A HORA DA ESTRELA (SP,
1985, 96’)
Descrição: Macabéa, uma jovem órfa, só
no mundo, aos 19 anos. Analfabeta, ingênua e virgem, vem do nordeste tentar a
vida em São Paulo. O filme mostra a história do encontro patético deste ser
humano com as artimanhas da cidade grande. Macabéa é tão desastrada que o tempo
todo ela dói por dentro. Não sabe, como os outros, que esta dor tem de ser dissimulada
por baixo das máscaras sociais. Toma aspirinas para ver se passa. Veste então
as máscaras, mas não lhe caem bem.
Direção: Suzana Amaral
Elenco: Marcélia Cartaxo, José Dumont,
Tamara Taxman, Umberto Magnani, Dirce Militello, Fernanda Montenegro
Classificação: 14 anos
Data: 06/12/15
Nome da atração: CORISCO E DADA (CE,
1996, 96’)
Descrição: O Capitão Corisco,
cognominado de Diabo Loiro, reputado pela sua crueldade, sua valentia e sua
beleza, rapta Dadá, quando esta tinha 12 anos de idade, condenando-a à difícil
vida do cangaço. A partir daí, a vida do cangaceiro transforma-se por completo.
Ele é um condenado de Deus cujo destino é lavar com sangue os pecados do mundo.
Dadá, que a princípio o odiava, vê o companheirismo, entre lutas e
dificuldades, transformar-se em amor. É o amor de Dadá que humaniza Corisco e
determina sua nova história. A história de um amor impossível, uma visão
trágica e fascinante do homem e do sertão.
Direção: Rosemberg Cariry
Elenco: Chico Díaz, Dira Paes, Virgínia
Cavendish
Classificação: 14 anos
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