Em homenagem aos 70 anos da morte do
escritor Mário de Andrade, o livro “O Turista Aprendiz” será relançado pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pelo Instituto
de Estudos Brasileiros (IEB), da Universidade de São Paulo (USP), na próxima
quinta-feira (12), na biblioteca que leva o nome do escritor, na capital
paulista.
Em “O Turista Aprendiz”, o autor narra
duas viagens pelo Brasil, o que representa o descobrimento de um país pouco
conhecido e de culturas locais pouco disseminadas. “Este é um livro composto
por um conjunto de cartas, crônicas, ensaios, que o Mário de Andrade produziu
ao longo de alguns anos sobre as viagens que ele empreendeu primeiro ao Norte
do país, até a fronteira com Peru e a Bolívia, em 1927, e depois, em 1928, na
viagem a alguns estados do Nordeste: Pernambuco, Rio Grande do Norte, Alagoas e
Bahia”, contou Luiz Philippe Torelly, diretor de Articulação e Fomento do
Iphan.
“Essa é uma obra muito importante do
ponto de vista da preservação do nosso patrimônio cultural. Foi uma das
primeiras obras que ensinou aos brasileiros a olhar para o seu próprio país, a
valorizar a sua cultura, as suas manifestações e a mostrar que, embora
estivéssemos tão distantes, tínhamos traços em comum muito fortes. Esse é o
grande valor de “O Turista Aprendiz””, disse Torelly.
Na primeira viagem, o escritor teve a
companhia da aristocrata do café e mecenas dos modernistas Olívia Guedes
Penteado, de sua sobrinha Margarida Guedes Penteado e da filha de Tarsila do
Amaral, Dulce do Amaral Pinto. Durante três meses, a partir de maio de 1927,
seguiram do Rio de Janeiro a Iquitos, no Peru, navegando pelos rios Amazonas,
Solimões e Madeira.
Na segunda, o escritor partiu sozinho para
o Nordeste, em novembro de 1928, onde permaneceu até fevereiro do ano seguinte.
Lá, foi recebido por Ascenso Ferreira, Jorge de Lima, Cícero Dias e Câmara
Cascudo, entre outros. O contato com a floresta e com o sertão, com as diversas
pessoas e manifestações culturais, incluindo a religiosidade, os folguedos, as
danças, as músicas, tiveram grande impacto em Mário e consolidaram sua visão de
nacionalidade abrangente.
“Até a década de 20, os olhares sobre o
país eram de duas naturezas. Primeiro, um olhar para a Europa, para além-mar,
para os padrões e referências europeias e, segundo, um olhar regional, local. O
país era muito grande e as comunicações eram difíceis, então não havia ainda um
intercâmbio de valores, práticas e experiências culturais entre as diferentes
regiões e estados”, disse Torelly. Segundo ele, as viagens e os escritos de
Mário tiveram o papel de mostrar a cultura e as tradições locais aos
brasileiros de todas as regiões.
A obra, que foi publicada pela primeira
vez em 1976, não era reeditada há 32 anos. A publicação conta com um novo
projeto editorial e dois materiais inéditos. O primeiro é um CD com o acervo
fotográfico de Mário, o outro é um DVD com o curta "A Casa do Mário", de Luiz
Bargmann.
O relançamento da obra será na
Biblioteca Mário de Andrade, Rua da Consolação, 94, nesta quinta-feira (12), às
20h. A entrada é gratuita.
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