A contribuição da cultura negra para a
formação do Brasil é inegável e fundamental. Na literatura não é diferente. No
mês em que se comemora o dia da Consciência Negra (20 de novembro), o jornal
Cândido, publicado pela Biblioteca Pública do Paraná, resgata o percurso de
escritores afrodescendentes em nossa história literária.
Dos fundamentais e clássicos Machado de
Assis e Lima Barreto, passando por nomes menos conhecidos, como Luiz Gama, até
chegar a poetas e prosadores contemporâneos, como o curitibano Célio Jamaica, a
edição mostra como e sobre o que esses autores escreveram.
Assuntos como preconceito, militância e
política racial são levantados a partir de matérias e ensaios. A equipe do
jornal ouviu críticos, autores e pesquisadores, que comentam diversos aspectos
da literatura feita por afro-brasileiros.
“A literatura espelha o preconceito
social e torna a questão ainda mais visível”, observa Regina Dalcastagnè,
professora da Universidade de Brasília (UnB) que coordenou pesquisa envolvendo
700 romances brasileiros, cujo resultado apontou que 96% dos autores são
brancos.
Em ensaio inédito, Eduardo de Assis
Duarte, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), analisa o
percurso dos nomes mais relevantes da literatura afro-brasileira, conhecidos ou
não dos leitores do país.
Autor de mais de 20 livros, Nei Lopes
lançou neste ano seu mais recente romance. Em entrevista ao Cândido, o escritor
fala sobre Rio Negro, 50, ambientado no Rio de Janeiro, então capital federal,
na década de 1950, “período de liberação e efervescência cultural que também
marca a retomada, no Brasil, de um movimento de reconhecimento da contribuição
do negro à vida cultural brasileira”, conforme explica Lopes.
Já o ensaio assinado pelo professor
Claudecir de O. Rocha resgata a história da poeta negra curitibana Laura
Santos. Influenciada pela estética parnaso-simbolista, principalmente por Olavo
Bilac, ela criou uma poética diferenciada e moderna, com traços biográficos,
por meio dos quais elucidava a realização dos seus anseios, ao mesmo tempo em
que expressava um desejo de transcendência.
A 52ª edição do Cândido ainda traz
outros conteúdos, como poemas de Xico Chaves, Laura Santos e Gil Jesse, além de
traduções de Jair Ferreira dos Santos e Alessandro Rolim Moura para poemas do
argentino Máximo Simpson e dos gregos Mosco e Bíon, respectivamente. E a
professora da Universidade Federal do Paraná Sandra M. Stroparo mostra seu
acervo de livros na série sobre bibliotecas particulares.
Serviço - O Cândido tem tiragem mensal
de 10 mil exemplares e é distribuído gratuitamente na Biblioteca Pública do
Paraná e em diversos pontos de cultura de Curitiba. O jornal também circula em
todas as bibliotecas públicas e escolas de ensino médio do Estado. É enviado,
via correio, para assinantes em diversas partes do Brasil. É possível ler a
versão online do jornal em www.candido.bpp.pr.gov.br. O site também traz
conteúdo exclusivo, como entrevistas, vídeos e inéditos.
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