sexta-feira, 13 de maio de 2016

Exposição “Intensidades Sensíveis” abre neste sábado, na Diretriz Arte Contemporânea

Neste sábado (14), a galeria Diretriz Arte Contemporânea abre a exposição “Intensidades Sensíveis”, em Curitiba. A mostra reúne obras de Daniel Duda, Juliana Gisi, Lailana Krinski e Samuel Dickow, sob curadoria de Ana Rocha. Para o vernissage, a galerista Zuleika Bisacchi receberá os artistas e convidados com um coquetel especial, das 11h às 14h, no piso L3 do shopping Pátio Batel.
A exposição é inspirada em obras homônimas de Marcel Duchamp e Lygia Pape, chamadas Étant Donné, que servem como referência para um diálogo sobre imagem e linguagem. Daniel Duda atua principalmente com imagens em movimento. O trabalho apresentado na mostra é parte da série Ecos, de 2015, na qual o artista registra água corrente como fluxos de movimento. De Juliana Gisi, a exposição mostra "Incidente Luminoso”, uma série de fotografias que trata de um tema que é, na verdade, a própria fotografia: o registro da luz ou a capacidade de captá-la. As imagens são feitas em longa exposição durante o entardecer, no lusco-fusco.
Já nos trabalhos de Samuel Dickow, a pintura constrói uma equação em que se soma e se multiplica procedimentos. Em seu trabalho “Game Over”, essas relações entre os diferentes procedimentos de construção da imagem se tornam mais evidentes. O trabalho de Lailana Krinski também se constrói em camadas. De acordo com a curadora da mostra, sua pesquisa, apoiada no desenho, não pode ser definida como uma pesquisa específica de linguagem, mas como uma busca de salientar suas relações mais intrínsecas. Para essa exposição, ela traz um desenho de projeto de escultura e instalação feito com pasta de modelar.
Para Ana Rocha, a aproximação dos Étant Donné de Duchamp e Lygia com as obras desses quatro artistas deixa claro que a produção artística contemporânea está em constante busca pela integração das esferas estética, ética e política, muito defendida por Lygia. "Foi na geração de Lygia que os artistas brasileiros penetraram a fundo nas ideias europeias e americanas, sem cerimônia ou sentimento de inferioridade. Isso se reflete na produção nacional até hoje", afirma a curadora.

Sobre os Étant Donné - A obra Étant Donné de Duchamp, feita entre 1946 e 1966, é uma instalação em que o espectador se vê diante de uma porta rústica e é convidado a olhar por uma fenda na porta. O que se vê: parte de um corpo nu deitado sobre a grama, sua mão segurando um lampião. Ao fundo, vê-se uma paisagem e uma cachoeira, que volta e meia brilha. Já o Étant Donné de Lygia Pape (1999), cujo título vem acrescido de um ponto de interrogação, é uma releitura da obra de Duchamp. Neste, a artista inclui o seu rosto numa colagem digital que completa a imagem do corpo visto através da fenda da porta no original.
De acordo com Ana Rocha, Étant Donné é mais que uma imagem. É uma transposição de linguagens. "Elementos escultóricos e pictóricos são usados para criar uma imagem, pois o trabalho apenas se concretiza ao olharmos a instalação pela fenda na porta. Vemos apenas a imagem, o trabalho, e não os elementos de sua construção. Lygia Pape, quando repete esse trabalho personificando a obra com o seu rosto, ressignifica a relação entre o que é dado e o que é visto pelo espectador", explica a curadora. Segundo ela, Lygia opera de forma pós-moderna, pós-estruturalista, construindo relações e estruturas a partir do que já está posto, como se constroem palavras e frases a partir de um alfabeto.
Diante dessas referências, os artistas de Intensidades Sensíveis recolocam, cada um à sua maneira, algumas questões que Marcel Duchamp apontava ao fazer Etant Donné. E, ao mesmo tempo, remetem aos procedimentos de Lygia Pape. "Seus trabalhos formam-se pela sobreposição de procedimentos técnicos e narrativos, pela transposição de linguagens e apropriações", define a curadora.

A exposição “Intensidades Sensíveis” pode ser visitada até dia 14 de julho, de segunda a sábado, das 10h às 22h; domingo, das 14h às 20h, com entrada franca.

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