“A música que ouvimos em casa, no
YouTube, no Spotify, tem um grau de segurança perigosamente grande devido à sua
repetição”, avisa o pianista uruguaio Santiago Beis, de 25 anos. Beis é um dos
aventureiros do projeto “Nova Música Para Saxofone”, que irá reunir 15 músicos
bambas de Curitiba em dois shows gratuitos neste fim de semana. A ideia é
transcender, escapar das normas musicais estabelecidas e assim ampliar o espaço
do saxofone dentro da música erudita brasileira.
“Somos um grupo bombardeado por muitas
coisas. Free style, jazz, elementos da música atonal. Toda apresentação é
diferente”, conta o pianista. Ele participa da faixa “Amar Você é Coisa de
Minutos”, improvisação livre do poema de Paulo Leminski interpretado por Mossa
Bildner, fundadora do MBIOS - Mossa Bildner International Opera Studio. A
cantora nova-iorquina, radicada em Curitiba, tem uma sólida carreira musical e
já integrou a Augsburg Opera House, na Alemanha.
Sérgio Monteiro Freire, coordenador
artístico da minivanguarda, diz que faltou produção para que o sax fosse
incorporado à tradição erudita, ao contrário do que aconteceu com o clarinete e
com a flauta, por exemplo. “O sax foi quase rechaçado na música erudita. Ele
acabou sendo colonizado por adaptações de outros instrumentos e, com isso,
parece que ficou correndo atrás e emulando outras sonoridades. A imagem do saxofone
remete à música popular”.
Viabilizado pela Lei Municipal de
Incentivo à Cultura da Prefeitura de Curitiba e produzido pela Gramofone, o
álbum tem com oito peças, sete delas compostas exclusivamente para o projeto e
ainda inéditas. É uma oportunidade rara de apresentar a música contemporânea de
câmara para saxofone.
As composições contemplam os quatro
principais tipos do instrumento: alto, barítono, soprano e tenor. Há no disco
duas faixas para quarteto de saxofones que têm o objetivo de explorar a
linguagem de quarteto com timbres diversos: “Luminous” e “O Cabeça de Cuia no
Pinheiral”. Em outras peças, o instrumento é acompanhado por piano e piano
preparado, percussão, guitarra, voz e efeitos sonoros manipulados ao vivo.
Time - A maior parte dos compositores
que escreveram para o projeto transita na cena erudita curitibana e também atua
no meio acadêmico. Harry Crowl e Felipe Ribeiro são ligados à Escola de Música
e Belas Artes do Paraná e Mauricio Dottori à Universidade Federal do Paraná.
Joaquim Ribeiro Freire Neto é professor na Universidade Federal do Piauí e pai
de Sérgio Freire, que ao lado de Sílvio Tavares completa a lista de
compositores. A direção musical é do também saxofonista Rodrigo Capistrano,
pesquisador do repertório brasileiro para saxofone na música de câmara.
As apresentações - com entrada franca -
acontecem nesta sexta-feira (13), às 20h, no Centro Paranaense Feminino de
Cultura (R. Visconde do Rio Branco, 1.717, Centro) e neste sábado (14) também
às 20h, no Teatro Positivo - Pequeno Auditório (R. Prof. Pedro Viriato Parigot
de Souza, 5.300, Campo Comprido).
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