sexta-feira, 13 de maio de 2016

Limites do sax são testados em shows de vanguarda

A música que ouvimos em casa, no YouTube, no Spotify, tem um grau de segurança perigosamente grande devido à sua repetição”, avisa o pianista uruguaio Santiago Beis, de 25 anos. Beis é um dos aventureiros do projeto “Nova Música Para Saxofone”, que irá reunir 15 músicos bambas de Curitiba em dois shows gratuitos neste fim de semana. A ideia é transcender, escapar das normas musicais estabelecidas e assim ampliar o espaço do saxofone dentro da música erudita brasileira.
Somos um grupo bombardeado por muitas coisas. Free style, jazz, elementos da música atonal. Toda apresentação é diferente”, conta o pianista. Ele participa da faixa “Amar Você é Coisa de Minutos”, improvisação livre do poema de Paulo Leminski interpretado por Mossa Bildner, fundadora do MBIOS - Mossa Bildner International Opera Studio. A cantora nova-iorquina, radicada em Curitiba, tem uma sólida carreira musical e já integrou a Augsburg Opera House, na Alemanha.
Sérgio Monteiro Freire, coordenador artístico da minivanguarda, diz que faltou produção para que o sax fosse incorporado à tradição erudita, ao contrário do que aconteceu com o clarinete e com a flauta, por exemplo. “O sax foi quase rechaçado na música erudita. Ele acabou sendo colonizado por adaptações de outros instrumentos e, com isso, parece que ficou correndo atrás e emulando outras sonoridades. A imagem do saxofone remete à música popular”.
Viabilizado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura da Prefeitura de Curitiba e produzido pela Gramofone, o álbum tem com oito peças, sete delas compostas exclusivamente para o projeto e ainda inéditas. É uma oportunidade rara de apresentar a música contemporânea de câmara para saxofone.
As composições contemplam os quatro principais tipos do instrumento: alto, barítono, soprano e tenor. Há no disco duas faixas para quarteto de saxofones que têm o objetivo de explorar a linguagem de quarteto com timbres diversos: “Luminous” e “O Cabeça de Cuia no Pinheiral”. Em outras peças, o instrumento é acompanhado por piano e piano preparado, percussão, guitarra, voz e efeitos sonoros manipulados ao vivo.

Time - A maior parte dos compositores que escreveram para o projeto transita na cena erudita curitibana e também atua no meio acadêmico. Harry Crowl e Felipe Ribeiro são ligados à Escola de Música e Belas Artes do Paraná e Mauricio Dottori à Universidade Federal do Paraná. Joaquim Ribeiro Freire Neto é professor na Universidade Federal do Piauí e pai de Sérgio Freire, que ao lado de Sílvio Tavares completa a lista de compositores. A direção musical é do também saxofonista Rodrigo Capistrano, pesquisador do repertório brasileiro para saxofone na música de câmara.

As apresentações - com entrada franca - acontecem nesta sexta-feira (13), às 20h, no Centro Paranaense Feminino de Cultura (R. Visconde do Rio Branco, 1.717, Centro) e neste sábado (14) também às 20h, no Teatro Positivo - Pequeno Auditório (R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300, Campo Comprido).

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